Sérvia, derrotada aos 45 do segundo tempo, precisará da vitória sobre a seleção brasileira para tentar a vaga
A seleção brasileira já se deu ao luxo de poupar jogadores no terceiro jogo da primeira fase. Em 1990, o técnico Sebastião Lazaroni escalou Romário, recém-recuperado de uma fratura, contra a Escócia — quando percebeu que o Baixinho não tinha condições de estar naquela Copa. Em 2002, Luiz Felipe Scolari poupou titulares na goleada sobre a Costa Rica. Em 2006, até o goleiro reserva, Rogério Ceni, teve a oportunidade de entrar em campo contra o Japão. Finalmente, em 2010, Dunga poupou Kaká e Robinho no insosso empate com Portugal. Agora, Tite não poderá fazer o mesmo. A vitória da Suíça sobre a Sérvia, por 2 a 1, não deixou um cenário confortável para o Brasil.
Com três pontos no Grupo E e saldo de gols zerado, a Sérvia só se classifica vencendo o Brasil, que tem quatro e saldo positivo, assim como a Suíça. Portanto, não haverá jogo de ataque contra defesa, como foi contra a Costa Rica. E os sérvios têm ferramentas para ameaçar a zaga brasileira, sobretudo o talento do meia Tadic, que com sua perna esquerda persegue a cabeça do centroavante Mitrovic — foi assim que saiu o gol sobre os helvéticos, aos cinco minutos do primeiro tempo.
Certamente o técnico Tite acompanhou com atenção a partida para anotar novos elementos, além daqueles apresentados pelos analistas de desempenho do Sport Recife — antes do sorteio dos grupos, os estafes dos clubes brasileiros estudaram todas as seleções que estão na Copa. Deve ter visto, principalmente, que a Sérvia não conseguiu repetir seu bom desempenho no segundo tempo, repetindo a queda de rendimento contra a Costa Rica.
Foi na segunda metade do jogo que a Suíça buscou a reação, iniciada aos sete minutos em belo chute de fora da área de Xhaka. Filho de pais nascidos em Kosovo, região que fica dentro do território sérvio e não tem sua independência reconhecida por eles, o volante deu o primeiro recado nesse clima político que pairava em Kaliningrado. O meia Shaqiri, que acertara a trave aos doze, ignorou as orientações da Fifa (contra manifestações) ao explodir aos 45. Depois da arrancada e do toque sutil para o gol, tirou a camisa e fez o gesto de um pássaro com as mãos: uma referência à águia símbolo da Albânia. A grande maioria da população kosovar tem origem albanesa. Um cartão amarelo do qual o atacante, nascido em Kosovo, não se arrepende.
Mais uma carga no humor dos sérvios, um ônus herdado pelo Brasil, que talvez precise de calculadora em sua terceira partida.
O Grupo E do Mundial se definirá na quarta-feira, 27 de junho, às 15h. Simultaneamente, o Brasil encara a Sérvia e a Suíça enfrenta a Costa Rica. As equipes já saberão quais serão primeiro e segundo colocados do Grupo F, da Alemanha…
Shaqiri foi eleito merecidamente o melhor jogador da partida. Discreto na estreia contra o Brasil, dessa vez assumiu o papel de protagonista que se espera dele.
O sérvio Tadic, que além da assistência quase fez um golaço aos 46 do primeiro tempo, sumiu depois do intervalo. Mesmo assim, não deixa de ser preocupação para Tite.
Sérvia 1 x 2 Suíça
Local: estádio de Kaliningrado. Árbitro: Felix Brych (ALE). Público: 33.167. Gols: Mitrovic, aos 5 do primeiro tempo; Xhaka, aos 7, Shaqiri, aos 45 do segundo tempo.
Sérvia: Stojkovic; Ivanovic, Milenkovic, Tosic e Kolarov; Matic e Milivojevic (Radonjic); Tadic, Milinkovic-Savic (Kostic) e Ljajic; Mitrovic. Técnico: Mladen Krstajic.
Suíça: Sommer; Lichtsteiner, Schär, Akanji e Ricardo Rodríguez; Behrami e Xhaka; Shaqiri, Dzemaili (Embolo) e Zuber (Drmic); Seferovic (Gavranovic). Técnico: Vladimir Petkovic.