Na Bahia, seu estado natal, lateral-direito analisou sua trajetória na seleção brasileira e voltou a criticar atmosfera no Morumbi
Daniel Alves, o capitão e líder da seleção brasileira na Copa América, foi só sorrisos em sua chegada ao estado natal, a Bahia, onde o Brasil enfrenta a Venezuela, na terça-feira, 18, na Arena Fonte Nova. Em meio a brincadeiras, o “filho da terra” demonstrou confiança em encerrar o jejum de 12 anos sem o título continental e analisou sua trajetória de 13 anos na equipe nacional. E voltou a fazer críticas ao silêncio e as vaias que o time recebeu na estreia, no Morumbi.
Tabela completa de jogos da Copa América 2019
Daniel foi questionado sobre em qual patamar se coloca na história da seleção brasileira, em comparação a Carlos Alberto Torres, Cafu, Leandro e Jorginho, entre outros. “Sinceramente, enquanto eu estiver jogando, isso não é uma preocupação. São referências que foram importantes para mim e eu sou um profissional que procura acumular números para que depois os historiadores me coloquem onde quiserem, mas não muda muito para mim. Desde lá atrás, eu só queria orgulhar meus pais e essa conquista, a maior de todas, eu já tenho.”
Em seguida, disse que vê seu estilo semelhante ao dos últimos laterais campeões do mundo pelo Brasil. “Não gosto muito de comparações, mas acredito que eu tenha a raça do Cafu e a qualidade do Jorginho”, afirmou o jogador de 36 anos, que tem um título de Copa América e dois de Copa das Confederações pela seleção.
Único representante do grupo que já venceu a Copa América, em 2007, Alves acredita que chegou o momento de encerrar o jejum. “É um desafio, ainda mais por estar jogando em casa. Tentamos nos reinventar como atletas, os conceitos que temos. Continuamos a ser uma das maiores seleções do continente. As Eliminatórias dizem isso, mas a Copa América não diz. Então, precisamos encontrar esse equilíbrio.”
O jogador do PSG disse que ainda não projeta estar na Copa do Mundo do Catar, em 2022, quando terá 39 anos. “É um objetivo, mas não me permito olhar tão na frente, porque aí esqueceria do agora. Não posso me distrair nem com futuro, nem com passado.”
O atleta nascido em Juazeiro (BA) brincou sobre o número de familiares e amigos que irão à Fonte Nova vê-lo. “Só comprei 50 ingressos, preciso de mais 50… Sempre que venho aqui é muito prazeroso. (…) Sou nordestino e deixo bem claro em todo lugar que passo. Posso ter rodado o mundo, mas o lugar que eu mais amo é o meu Nordeste. “
E voltou a comentar sobre a atmosfera na estreia, onde, segundo ele, o time “não se sentiu em casa”. Segundo ele, o preço dos ingressos (o tíquete médio da abertura custou quase 500 reais) e a arquitetura do Morumbi contribuíram para o distanciamento da seleção.
“Sou do povo, sempre vou prezar pelo povo. Mas são coisas que fogem das nossas mãos, não controlamos os preços dos ingressos. Não sou dono da verdade, só falei minha sensação, que não é em São Paulo, é mais no Morumbi, porque na Arena (Corinthians) é diferente. Pode ser pela distância da arquibancada para o campo, não sei”, disse o atleta, que é são-paulino.
“Amigos que estavam no jogo também sentiram essa sensação. As pessoas têm que entender que estamos aqui para representar a nação, não estamos de brincadeira. Encaramos com muita seriedade. Mesmo se você não gosta de certo jogador, é a hora de união, que haja uma conexão”, completou.
Segundo Daniel Alves, o “clubismo” também atrapalha. “Futebol, aqui, é religião. As pessoas são doutrinadas a seguir o seu clube. Elas levam o sentimento na hora do jogo da seleção, e temos que respeitar. É difícil de compreender, porque não estamos representando clube nesse momento. Não dá para mudar a cabeça das pessoas, mas pedimos compreensão. Juntos, somos mais fortes.”