Vôlei: Giba admite que Brasil entregou jogo em 2010
Ele ainda criticou o técnico Bernardinho por não acompanhá-lo na hora de dar explicações sobre a derrota. Na época, Bernardinho confessou a “marmelada” à revista ALFA
O ex-jogador da seleção brasileira de vôlei Giba falou nesta segunda-feira sobre a marcante derrota da equipe diante da Bulgária no Mundial de 2010. Ele admitiu que a seleção entregou aquela partida, pois uma derrota colocaria o Brasil em um caminho mais fácil na competição realizada na Itália. “Vamos parar de demagogia, se entregou ou não. Todo mundo viu. Mas briguem com o regulamento, não briguem com a gente”, disse o ex-atleta de 38 anos, ao jornal Folha de S.Paulo. Tricampeão mundial e campeão olímpico, Giba disse que dará mais detalhes sobre a “marmelada” em sua autobiografia, Giba Neles, que será lançada em outubro.
Não é a primeira vez que um dos integrantes da seleção admite a derrota intencional. Ainda em 2010, no fim do ano, Bernardinho contou à revista ALFA, da Editora Abril, que também pública VEJA, que ficou com vergonha pelo episódio. “Conversei sobre isso apenas com poucos amigos. Meu constrangimento é grande. Fiquei dois dias sem falar com meu pai, de vergonha. Mas ele me apoiou.” O treinador também afirmou que escalou a equipe sem levantador por necessidade, mas se mostrou arrependido. “Eu queria pedir desculpas às pessoas. Não me orgulho do que fiz, vai contra tudo aquilo que eu sempre preguei, os princípios em que acredito”, disse Bernardinho à ALFA.
Giba contou ter ficado chateado com o técnico, que não o acompanhou na entrevista coletiva após a partida, em Ancona, na Itália. “Tive de desmentir tudo. Não achei legal da parte do Bernardo. Como ele não vai à coletiva no meio do furacão? Falei isso para ele e ele ficou incomodado”. Ele ainda brincou que “teve vontade de dar um soco em Mário Jr.”, líbero da equipe que, após o jogo, confessou que a seleção tinha “entregado”.
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A partida aconteceu em 2 de outubro de 2010. O Brasil estava classificado à terceira fase do Mundial por antecipação e ainda tinha a partida contra a Bulgária por jogar. Caso vencesse, a seleção brasileira terminaria em primeiro, e enfrentaria Cuba e Espanha, em tese seleções mais fortes, na fase seguinte. E se perdesse, cairia em uma chave mais simples, com Alemanha e Espanha. Além disso, se terminasse em primeiro, o Brasil teria de viajar 500 quilômetros e jogar já no dia seguinte. Esse arranjo se repetia em todos os grupos, menos no da anfitriã Itália. O regulamento, obviamente, beneficiava os donos da casa.
O técnico Bernardinho já não poderia contar com o levantador Marlon, que sofria de infecção, e decidiu poupar o único levantador disponível para a partida, seu filho Bruninho. A Bulgária também não estava interessada em vencer pelos mesmos motivos e escalou apenas um titular. O Brasil, então, jogou sem levantador e, com uma atuação terrível, perdeu o “jogo da vergonha” (como foi tratado pela imprensa italiana) por 3 sets a 0, com parciais de 25/18, 25/20 e 25/20. A torcida italiana presente vaiou o time brasileiro e se virou de costas para a quadra em alguns momentos. Na sequência, porém, o Brasil venceu Alemanha, Espanha, Cuba e Itália e conquistou o tricampeonato mundial.
No retorno ao Brasil, com o troféu em mãos, o capitão Giba negou que a equipe tivesse entrado para perder. “É triste você fazer tanto pelo país e ver essa palhaçada. Nunca pensamos em marmelada. Apenas poupamos jogadores. Não sei porque falam de derrota para a Bulgária se somos tricampeões”, desabafou. Ele seguiu culpando as regras pela derrota do time. “O regulamento fez com que acontecesse isso e a culpa não é nossa. O Bruninho precisava descansar, o Mundial era uma batalha a cada jogo e fizemos o que era certo para a gente. A gente tinha esse direito de poupá-lo”, disse, em 2010.
(Da redação)