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UFC: Junior Cigano diz que é ‘hora de buscar novos ares’

Depois de perder duas disputas de cinturão para o americano Cain Velasquez, brasileiro deve realizar maior parte dos treinos nos Estados Unidos ou Rússia

“Estou muito viciado em sempre tentar o nocaute. Preciso lembrar que estou lutando MMA. Já tinha falado que precisava deixar o boxe um pouco de lado, mas acabei cometendo o mesmo erro. Preciso evoluir como lutador para usar meu wrestling, meu jiu-jitsu”

Depois de perder o cinturão para o americano Cain Velasquez, em dezembro de 2012, o brasileiro Junior Cigano ouviu de vários amigos que precisava mudar seus treinos, que são baseados na Bahia, para São Paulo, Rio de Janeiro ou até para fora do Brasil. Nascido em Caçador, Santa Catarina, mas apaixonado por Salvador, ele preferiu continuar os exercícios na Bahia. Depois de mais uma derrota para Velasquez, no mês passado, Cigano parece ter decidido aceitar os conselhos: ele já vê com bons olhos a ideia de treinar em outro país a partir de 2014. Além dos convites de academias brasileiras fora da Bahia, ele recebeu boas propostas para tentar evoluir tecnicamente em países como Estados Unidos e Rússia. Consciente de que precisa melhorar em outros estilos de luta além do boxe, que já é sua principal qualidade, Cigano deve passar mais tempo longe de casa para “sair da zona de conforto” e conseguir melhorar seu repertório para as lutas. “Vou treinar fora da Bahia sempre que tiver oportunidade. A ideia é ficar onde sentir que estou evoluindo mais”, disse, em entrevista ao site de VEJA. Recuperado fisicamente da última derrota, mas ainda sem autorização médica para voltar a treinar, correr ou fazer musculação, Junior Cigano já reviu sua terceira luta contra Cain Velasquez várias vezes e avaliou os pontos em que deveria ter agido de outra forma. A principal lamentação do brasileiro, mais uma vez, foi investir demais nas trocações de boxe e esquecer de aplicar as técnicas de wrestling e jiu-jitsu que tanto treinou em sua preparação. O brasileiro lembra que até teve a oportunidade de buscar a finalização no primeiro round, mas caiu no jogo do americano, que deu espaço para ele se levantar e voltar o combate para a grade. “O Velasquez estudou muito a nossa primeira luta, que eu ganhei, e criou um antídoto para não me deixar vencer de novo”, explica o ex-campeão.

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Você já assistiu à terceira luta contra o Cain Velasquez? Várias vezes, até para saber o que realmente aconteceu no combate. Estudei quais foram os meus erros e acertos. Se bem que acertei pouca coisa… Prestei bastante atenção na estratégia dele, que tornou a luta muito complicada para mim.

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É a segunda vez que você é derrotado por ele e depois conclui que cometeu equívocos no combate. O que deu errado? Estou muito viciado em sempre tentar o nocaute. Preciso lembrar que estou lutando MMA. Já tinha falado que precisava deixar o boxe um pouco de lado, mas acabei cometendo o mesmo erro. Preciso evoluir como lutador para usar meu wrestling, meu jiu-jitsu e todas as outras técnicas.

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Na última derrota você falou que precisava melhorar na luta de chão. Os treinos específicos não foram suficientes? Preciso me concentrar melhor na estratégia traçada pela minha equipe. Esse é um ponto positivo do Velasquez: ele consegue seguir tudo direitinho. Eu estava consciente que precisava treinar mais wrestling e jiu-jitsu, mas voltei para o meu natural, que é a trocação. Estou na fase de transição para adaptar minhas técnicas de boxe para o MMA e conseguir explorar mais a luta no chão.

Qual o diferencial que vez o Velasquez vencer a luta? A estratégia bem executada, com esse jeito de lutar agarrado. Muitas vezes ele estava até indo melhor que eu na trocação, mas escutava seus treinadores pedindo para desistir do boxe e me abafar na grade. O Velasquez é diferente dos outros lutadores, não tenho o que dizer sobre ele. Tem um gás excelente para um peso-pesado, parece que nunca vai cansar, e tem ficado cada vez mais completo.

Então você acha que a estratégia foi a grande vantagem dele? Ele aprendeu a lutar contra mim, sabe se impor no octógono. Parece que ele tem uma estratégia pronta para não me deixar lutar, me cansar e vencer. Ele estudou muito a primeira luta, em que eu ganhei no primeiro round, e criou um antidoto para não me deixar vencer. Está de parabéns por ter aprendido tanto e ter conseguido voltar mais forte. É o cara a ser vencido entre os pesados.

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Onde você mais evoluiu entre a segunda e terceira luta contra o Velasquez? Acredito que passei a entender melhor como vai ser o desenrolar do combate, mas ainda não é o suficiente para aplicar tudo que eu tinha treinado nos meses anteriores. Na última luta, em alguns momentos eu preferi ficar na grade para não cansar tanto e tentar acertar joelhadas e cotoveladas. Mas em outras ocasiões, quando estávamos no chão, por exemplo, ele deu oportunidade para voltar à luta em pé e eu aceitei, quando deveria ter explorado mais meu jiu-jitsu.

Alguns lutadores e até o Dana White falaram que a luta deveria ser paralisada antes do fim, para poupá-lo. Você concorda? Estava aguentando todos os golpes, tanto é que pouco antes de terminar a luta eu estava quase conseguindo uma finalização. Opiniões desse tipo me deixam chateado como profissional, pois algumas pessoas não entendem o que acontece dentro do octógono. Sou um lutador e vou sempre buscar a vitória, mesmo se estiver sofrendo momentos ruins no caminho. Pessoas como Dana White ou Chael Sonnen talvez desistissem, mas eu não pensei nisso. Eu conheço os meus limites, teria pedido para parar a luta se não aguentasse mais.

Você tem planos para treinar longe da Bahia? Sempre fiz um pouco disso, treinando nos Estados Unidos ou Rio de Janeiro. É parte dos meus planos buscar novos ares, novas experiências. Já conversei com várias pessoas e tenho muitas propostas boas para treinar fora do Brasil, em Miami ou até na Rússia, por exemplo. Sempre que puder vou treinar na Bahia, mas a ideia é seguir para onde sentir que estou evoluindo mais.

Já tem ideia de qual será esse lugar? Ainda estou estudando as propostas, que foram várias. Essa ideia de passar um tempo longe da Bahia está mais concreta agora do que nas outras vezes. Acredito que no início do ano já tenha algo decidido. A única coisa que tenho certeza é que continuarei com o Luiz Dórea, treinador de boxe, e minha equipe. Não pretendo tirar ninguém do time, apenas agregar.

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