Dentro de exatamente um mês, Anderson Silva estará em sua suíte no hotel MGM Grand, em Las Vegas, nos últimos instantes de concentração para uma das lutas mais importantes da sua vida: a revanche contra o americano Chris Weidman, que tirou do brasileiro o cinturão dos médios em julho, ao nocauteá-lo no segundo round. O Spider tentará provar mais uma vez que ainda é um dos melhores atletas de MMA da história – e que é capaz de recuperar o título de campeão do torneio. Na tentativa de se preparar melhor para essa missão, Anderson e seus treinadores decidiram que o ex-campeão dos médios precisava fazer algo que se tornou incomum para ele nos últimos anos: “sumir” dos meios de comunicação, reduzindo drasticamente as aparições em programas de TV, entrevistas e campanhas publicitárias. E foi isso que aconteceu. Em meio à contagem regressiva para o confronto, as últimas vezes em que o Spider apareceu em público foram para prestigiar amigos próximos. Novas fotos e vídeos do ex-campeão, só em seus perfis nas redes sociais.
Repetindo o que já vinha fazendo em suas últimas lutas, Anderson Silva iniciou seu treinamento no Rio de Janeiro, para facilitar o cumprimento de seus últimos compromissos com patrocinadores. A equipe do atleta recusou vários pedidos para ele participar de programas de televisão e foi criteriosa ao escolher com quem ele falaria durante os exercícios. Tudo foi pensado para que o ex-campeão passasse a maior parte do tempo dentro da academia e focado na dieta para perder peso – ele chega a “enxugar” dezesseis quilos para seus desafios. Em um dos últimos compromissos no Brasil, Anderson Silva aproveitou para fazer uma visita surpresa a um amigo que estava inaugurando um restaurante em São Paulo, mas ficou menos de dez minutos por ali – tudo para não precisar conceder entrevistas (e também para não sofrer com o cheiro da comida em meio à rigorosa dieta). Já no dia seguinte, embarcou para Los Angeles com seus treinadores para fazer a parte final do treino em sua academia, a Muay Thai College, mais perto da sua família.
A nova fase de Anderson Silva é bem diferente de como ele vivia um ano atrás. Em novembro de 2012, ele era um dos mais aclamados lutadores de MMA do planeta e adorado por Dana White, presidente do UFC, por ter se oferecido para subir de categoria e salvar um evento no Rio de Janeiro lutando contra o americano Stephan Bonnar (venceu no primeiro round). O status de “maior de todos os tempos” era reforçado em reportagens publicadas pela imprensa especializada em vários países e tinha a chancela dos executivos do UFC. Para provar a gratidão ao então campeão dos médios, Dana White e os irmãos Fertitta o presentearam com um supercarro: um Bentley Continental GT, avaliado em 930 000 reais no Brasil. O maior problema do UFC na época era encontrar um adversário para Anderson, pois ele já tinha surrado os principais atletas de sua categoria. Um jovem de 28 anos estava invicto com nove vitórias e pedia uma chance contra o campeão. Mas o até então desconhecido Weidman cansou de ouvir que precisava derrotar um adversário mais relevante para conseguir essa luta. Pouco mais de seis meses depois, Weidman cumpriu o prometido, chocou o mundo e tornou-se o novo campeão dos médios.