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Torcidas organizadas driblam a polícia: até agora, só há três presos pela tragédia

Mesmo com a fartura de imagens da pancadaria na Arena Joinvile, policiais têm dificuldade de chegar aos responsáveis pela briga no último jogo do Brasileirão

É comum a polícia se valer de câmeras de segurança para obter pistas de autores de crimes. Uma imagem vale muito, quando a investigação começa no escuro. No caso da selvageria na Arena Joinville, na última rodada do Campeonato Brasileiro 2013, havia várias à disposição: a partida entre Atlético-PR e Vasco foi filmada em alta resolução, pela Rede Globo, e transmitida ao vivo, em vários ângulos, para todo o país. Além do vídeo, dezenas de fotógrafos estavam espalhados pelo gramado. Mas, todo esse material, que flagrou em detalhes os rostos dos brigões que, disfarçados de torcedores, promoveram um duelo nas arquibancadas e deixaram quatro feridos em estado grave, parece não ter ajudado muito. Tudo o que se tem, até o momento, é uma “troca de informações” sem muita precisão entre as polícias de Santa Catarina, do Paraná e do Rio de Janeiro, e só foram presos os três criminosos infiltrados na torcida do Vasco da Gama.

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A maior parte das identificações dos envolvidos partiu da imprensa. O site de VEJA obteve, com auxílio de integrantes e ex-integrantes de torcidas organizadas, a confirmação de que os chefes da Força Jovem do Vasco comandaram a pancadaria em Joinville. Vários deles ainda comemoraram, no Facebook, seu “desempenho” na briga.

Estão presos em Joinville Leone Mendes da Silva, Jonathan Fernandes dos Santos e Arthur Barcelos Lima Ferreira. Estão identificados, mas soltos Philipe Sampaio, Naíba, Marcelo Souza, Bruno Fet, Sadraque Gomes e Victor Vital. A reportagem do site de VEJA solicitou à Polícia Civil do Rio informações sobre a situação desses torcedores. As investigações, no entanto, correm em sigilo.

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O Núcleo de Apoio a Grandes Eventos (Nage) da Polícia Civil do Rio de Janeiro enviou documentos para a polícia de Joinville, responsável pelas investigações da briga entre torcedores durante a última rodada do Campeonato Brasileiro, no domingo. Entre o material enviado estão as identificações de torcedores envolvidos no confronto que terminou com quatro feridos e três presos.

“Temos um acervo de dados sobre torcedores de organizadas aqui do Rio. Tenho falado com o delegado que está a cargo das investigações no Sul e já enviei tudo o que temos. Nos colocamos também à disposição para eventuais diligências que precisem ser feitas aqui no Rio, já que parte dos que estavam envolvidos no tumulto são daqui”, afirmou o delegado da Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) e responsável pelo Nage, Alexandre Braga, que se recusou a revelar detalhes sobre as informações disponibilizadas.

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Nesta terça-feira, o delegado Regional de Joinville, Dirceu Silveira Júnior, instaurou inquérito para apurar a participação dos torcedores que não foram presos em flagrante. Dirceu tem recebido informações das polícias do Rio e de Curitiba, mas se recusa a revelar números de brigões identificados. “Ouvimos mais de 20 pessoas, entre vítimas, torcedores e testemunhas. Nossa inteligência está analisando as imagens de vídeo e fotografias para identificar a atuação de cada um dos envolvidos e fazer as identificações”, disse ao site de VEJA.

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Questionado se a prisão de apenas três pessoas durante a briga que envolveu pelo menos 50, o delegado disse que não. Perdida a oportunidade de prender os brigões dentro ou na saída do estádio, a polícia agora pede ajuda da população. Criou um e-mail para receber denúncias sobre os brigões ([email protected]).

Segundo Dirceu, os procedimentos de prisão em flagrante dos três vascaínos presos em flagrante – Jonathan, Leone e Arthur – foram enviados para a 1º Câmara da Comarca de Joinville. Os três continuam presos.

Organizadas – Nesta terça-feira, a torcida organizada Os Fanáticos, do Atlético-PR, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público se comprometendo a ficar longe dos estádios por seis meses. O acordo, no entanto, não afastará os torcedores brigões dos estádios brasileiros. Segundo o promotor Maximiliano Deliberador, do Ministério Público do Paraná, o acordo proíbe a entrada de torcedores com camisas, bandeiras, faixas e instrumentos musicais com identificação da torcida, mas não impede que membros da organizada se reúnam nos estádios.

“No Brasil, não é feita a identificação dos torcedores nos estádios. Não se apresenta identificação. Então, é impossível proibir a entrada de determinado torcedor. Seria uma medida inócua proibir a entrada de torcedores específicos. Na prática, a assinatura do TAC tem como objetivo desestimular a reunião dos integrantes da torcida organizada ‘Os Fanáticos’, mas não impedirá que eles frequentem os estádios, combinem pontos de encontro ou cantem as músicas das torcidas”, admite Maximiliano.

No Rio, o Ministério Público entrará com uma Ação Civil Pública pedindo o afastamento da Força Jovem do Vasco dos estádios por três anos. A ação, assinada pelo promotor de Justiça Paulo Sally, pedirá que a torcida organizada seja proibida de cadastrar novos associados e de vender camisas e faixas ou qualquer material promocional por três anos. O promotor pediu a pena máxima prevista no estatuto do torcedor porque a organizada já descumpriu dois Termos de Ajustamento de Conduta.

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