Tite: ‘Não vou a Brasília, nem ganhando nem perdendo’
Treinador da seleção brasileira expôs decepção com políticos e falou sobre temas controversos, como a inclusão de transexuais em ligas femininas
Caso a seleção brasileira vença a Copa do Mundo de 2018, o técnico Tite não manterá a tradição de visitar, junto aos atletas, o presidente da República em Brasília. Da sede da CBF, na Barra na Tijuca, o treinador gaúcho de 57 anos garantiu: “Eu, Adenor, não vou na ida nem na volta. Nem ganhando, nem perdendo.” Segundo ele, o esporte não deve ser prioridade de nenhum governante.
“Tenho esses cuidados. Até porque é muito mais importante politicamente nós termos um bom comando, porque isso vai gerar uma educação melhor para o país, saúde melhor, segurança maior. Entre a política limpa e o esporte, a prioridade é a política, para a gente ter um Brasil melhor. Se tiver, vai ter um esporte, um futebol melhor.”
Tite não declarará apoio a nenhum candidato. “Não publicamente, mas internamente, as pessoas próximas a mim, vão saber as pessoas que eu gosto. Mas essa eu já externo: eu não sei às vezes escolher qual que é o melhor, mas eu posso ver quem tem ficha suja. E esses de ficha suja, pra mim, estão todos fora.”
Tite disse ainda que votaria em um candidato ligado ao esporte, como o treinador de vôlei Bernardinho, “se for ficha limpa, esse é o pré-requisito básico”. E voltou a falar dos problemas sociais ao comentar sobre a vida no Rio. “É boa, mas é difícil acostumar com o calor. E tem a violência. Preocupa, chateia.”
Tite falou sobre outro tema delicado: a inclusão de atletas transexuais em ligas femininas, como aconteceu recentemente no vôlei brasileiro com Tifanny Abreu. Segundo o técnico, existe uma disparidade biológica.
“Não é uma questão de preconceito, é uma questão biológica. Foi uma menina do vôlei que respondeu e eu tenho exatamente a mesma opinião. Tu desenvolves níveis de força, testosterona e o escambau, tem uma força maior que o garoto tem em relação à mulher, à velocidade. Aí, daqui a pouco tu modificas e levas uma vantagem biológica em relação ao processo de maturidade. O quanto isso é justo? Não me parece justo. E não é uma questão de preconceito, é uma questão biológica.