Tal pai, tal filha: a paixão por caminhões que permeia gerações
Desde criança, Mare Muchau tinha certeza: queria ser caminhoneira como o pai. Conheça a história da família de São José dos Pinhais apaixonada pela estrada
A bordo de um Atego 2430, modelo semipesado da Mercedes-Benz, a Expedição Vozes do Futebol cruzou o Brasil em busca de histórias sobre a paixão nacional. Foram percorridos mais de 10 205 quilômetros de asfalto, estradas de terra e inúmeras paisagens: da cidade ao sertão, das praias às florestas tropicais.
No caminho, a Expedição encontrou muitos relatos que mostram como o futebol está presente na vida dos brasileiros e, tão importante quanto relatar essa conexão com o esporte, foi testemunhar, ao longo de mais de um mês, a vida nas nossas estradas.
Segundo o Departamento Nacional de Transportes Terrestres, são quase 2 milhões de quilômetros de rodovias no Brasil, fazendo deste o nosso principal modal de transporte das produções agrícola e industrial. Caminhões e caminhoneiros são peças fundamentais nesse processo: eles são os personagens das histórias de vida viajando de um ponto a outro do país.
Essas crônicas serão contadas em uma série de dez episódios sobre as pessoas que movimentam as estradas – e, como não poderia deixar de ser, sua relação com o futebol.
Tudo em família
A primeira parada da Expedição Vozes do Futebol foi na zona rural de São José dos Pinhais, no Paraná. Entre uma cuia e outra de chimarrão, Mare, caminhoneira articulada e cheia de histórias, contou sua saga no mundo dos caminhões.
Tudo começou quando, ainda criança, seus olhos brilhavam de alegria e saudade ao ver o pai, seu Aleixo, se mandar Brasil afora a bordo de antigos Mercedes-Benz. A menina começou a clamar ao pai que a ensinasse.
Prudente, seu Aleixo pedia calma, não era a hora. “Vai estudar, filha.” Mare estudou, mas não demorou para dar seu jeito e aprender a mover aquelas máquinas gigantes. “Eu reparava muito no jeito que o pai pisava na embreagem, trocava a marcha, virava o volante”, conta Mare. Seu Aleixo precisou esfregar os olhos quando viu a filha engatar a primeira e sair com o caminhão.
Fato é que Mare foi pra estrada. Seguiu os passos do pai – e da família toda. Avô, tios, primos, marido, cunhados e sogro são caminhoneiros. A relação pai e filha é suave como uma estrada sem buracos. “O pai é minha inspiração. Sempre foi meu melhor amigo”, diz. Mas tem uma coisa que separa os dois. Um problema para o qual, eles admitem, não há solução. Clique no vídeo e descubra a única questão que faz Mare e seu Aleixo discordarem.