Suárez exclusivo a PLACAR: ‘Neymar teria sido Bola de Ouro no Barcelona’
Com Messi, novo astro do Grêmio conta ter aconselhado Neymar a não ir para o PSG e acredita que o ex-companheiro ainda jogará a Copa de 2026
PORTO ALEGRE – Messi, Suárez e Neymar formaram no Barcelona um dos ataques mais letais e badalados de toda a história do futebol. Foram só três temporadas juntos, entre 2014 e 2017, tempo suficiente para o trio MSN conquistar com marcas de respeito: seis títulos – um deles o da Liga dos Campeões de 2015 – e 364 gols marcados no período (153 de Messi, 121 de Suárez e 90 de Neymar, segundo dados do site OGol). Ficou, porém, a sensação de um legado interrompido precocemente com a ida do brasileiro para o Paris Saint-Germain em transação recorde de 222 milhões de euros (824 milhões de reais pela cotação da época), a maior envolvendo um jogador de futebol na história.
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Principal atração da PLACAR de março, já disponível em nossas plataformas digitais em dispositivos iOS e também Android, e a partir da próxima semana nas bancas e casas dos assinantes, Luisito, a nova estrela do Grêmio e do futebol brasileiro, falou sobre como ele e Messi tentaram aconselhar o antigo companheiro a permanecer:
“Eu não gostava muito de falar sobre isso, mas chega um momento que era já uma bola grande, então fomos conversar com Neymar e dissemos: ‘Ney, se quer ganhar tudo fique aqui conosco’”, disse o jogador.
“Ele escutava a nós e dizia ‘sim, sim, eu quero ficar’. E, depois, tem todo o entorno que as vezes é difícil de controlar. Nós, como amigos, aconselhamos que ficasse, mas é uma decisão dele, de sua família. Dizíamos: ‘Neymar, na Inglaterra é melhor. O [Manchester] City, que aí o futebol vai ser melhor. Mas na França?’, “completou em outro trecho da entrevista.
Suárez ainda foi categórico em dizer que Neymar teria sido o melhor do mundo caso tivesse permanecido na Catalunha: “É comprometedora [a declaração], mas eu assumo a responsabilidade. Se Neymar tivesse ficado no Barcelona teria ganhando uma Bola de Ouro, com certeza. Minha visão é que se tivesse ficado teria ganhado, sim”.
Ele disse também acreditar que o brasileiro estará na próxima Copa do Mundo de 2026, sugerindo um plano semelhante ao feito pela Argentina com Messi no Catar, apesar do aceno de uma possível despedida pelo próprio jogador, em 2021, no documentário Neymar Jr & The Lines of Kings, da plataforma de streaming DAZN, quando falou que não sabia se “teria mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol”. Confira parte da entrevista:
Depois de um momento tão difícil em sua vida [a suspensão após morder o zagueiro Chiellini] chegou o melhor momento: o Barcelona com o trio MSN. Por que deu tão certo? Por que houve tanta química? Foi imediato? E imaginava isso mesmo com estilos de vida tão diferentes?
Eu acredito que há muitos fatores. Primeiro, quando há um interesse do Barcelona, do entorno do Barcelona, penso: tem Neymar e Messi, onde vou jogar? Sim, mas a equipe necessita de um 9. E Neymar e Messi neste caso vieram, olharam… eu falei com eles que viria para ganhar, triunfar e conseguir coisas importantes. Não chegava para disputar com Neymar sobre quem vai bater os pênaltis, também não vou disputar com Messi para que me deixe bater faltas. No Liverpool, Gerrard batia os pênaltis. Eu estava ganhando como Chuteira de Ouro naquele ano [prêmio dado ao maior goleador da Europa], mas quem batia era o Gerrard. Eu respeitava a todos e eles viram que eu viria para ajudá-los a ganhar. Me recordo que na minha primeira partida me criticavam no Uruguai porque eu era um número 9, artilheiro de tudo, mas quando chegava na área procurava por Neymar, Messi, Xavi ou quem quer que seja. Me diziam: ‘mas, Luiz, você sempre finalizava, chutava…’, sim, verdade, mas depois em outras situações, Neymar, Messi me viam e davam a bola em mim. Não havia inveja nenhuma e de nenhum dos três. Nenhuma. E, fora de campo, quando nos juntávamos para tomar mate – Neymar não tomava mate -, mas quando Messi e eu estávamos tomando e ele vinha para se sentar falávamos sobre todo o tipo de coisas. Tínhamos uma vida diferente fora? Sim, uma vida diferente, mas quando nos juntávamos Neymar nos convidava para os seus aniversários, ou vinha para a nossa casa. Na nossa casa, ele sabia como era a nossa vida. Nós só não sabíamos como era a dele, então se víamos que estava fazendo algo errado dizíamos. Neymar era um jovem que gostava de escutar os mais experientes. E, depois, quando eu estava lutando pela Chuteira de Ouro da Europa de 2016 com Cristiano Ronaldo, eles me ajudaram a ganhar. Me deixavam bater os pênaltis, me davam passes para que fizesse mais gols… e eu sempre vou ser grato por isso porque é uma demonstração. Para nós, Messi era o melhor do mundo e, para mim, Neymar o segundo melhor, mas eles me ajudaram a ganhar a Chuteira de Ouro. Sempre vou estar grato. É uma prova a mais de que três estrelas juntas podem jogar na mesma equipe com o objetivo de ganhar para a equipe, não individualmente. E isso creio que foi o que nos fez melhores e bons companheiros.
Por mais que tivesse um cenário tão otimista, de que havia espaço para Suárez, Messi e Neymar, não dava para imaginar que funcionaria tão bem. Então por que tinha que acabar? Como foi a conversa com a saída do Neymar? Pediram para ficar?
Sim [pedimos para ficar]. Primeiro, doeu muito para nós como amigos e companheiros [de equipe] de Neymar porque na pré-temporada, nos Estados Unidos, quando sentamos para conversar sobre isso ele nos dizia: ‘não, não’. E eu não gostava muito de falar sobre isso, mas chega um momento que era já uma bola grande, então fomos falar com Neymar e dissemos: ‘Ney, se quer ganhar tudo fique aqui conosco’. Estávamos mal porque havíamos perdido, mas isso vai mudar, vão vir jogadores novos que estamos necessitando. Ele escutava a nós e dizia ‘sim, sim, eu quero ficar’. E, depois, tem todo o entorno que as vezes é difícil de controlar. Nós, como amigos, aconselhamos que ficasse, mas é uma decisão dele, de sua família. Dizíamos: ‘Neymar, na Inglaterra é melhor. O [Manchester] City, que aí o futebol vai ser melhor. Mas na França?’. Depois entendemos que o futebol francês havia crescido muito, também, mas no momento dizíamos que o melhor era que ficasse conosco e quando ele tomou a decisão nos derrubou porque para nós era muito importante e seria difícil repor um jogador como ele. Dentro de campo, tinha a bola atrás de mim, com Neymar ou Messi, eu precisava correr e sabia que a bola viria, nos conhecíamos de memória. Ou se Neymar vinha em velocidade eu sabia que fazer esse movimento para dar espaço e fazer um-dois, a parede. Nos conhecíamos de memória e, por isso, que foi uma perda muito grande.
O Neymar é uma figura muito controversa, mesmo no Brasil e entre jogadores. Percebemos isso em eleições como a Bola de Ouro em que acabou ficando mais abaixo até do que deveria. Por que você acha que isso acontece?
Eu penso que é má sorte nas lesões. Ele, também, gosta de assumir as responsabilidades, os erros. Mas as vezes, por mais que um queira assumir essa responsabilidade, quem ganha é a equipe. E se a equipe não te ajudar em tudo? Porque Neymar pode fazer um bom enganche, pode atacar, pode fazer um gol, pode fazer uma assistência, mas defender não pode. E aí as vezes que erra um gol podem passar muitas coisas no futebol. Eu acredito que lhe faltou sorte por conta das lesões e isso o fez parar sempre que estava subindo. Quando estava crescendo, tinha uma lesão. E depois, na seleção, não ganhou ele queria e o que se esperava dele. O jogador de futebol tem que estar preparado mentalmente para as críticas sempre. Eu sempre digo: quanto mais me criticam, melhor rendo. Eu gosto mais, mas há jogadores que não. Há jogadores que as críticas os afetam e os elogios, falar bem, os enfraquecem. Eu digo que enfraquecem porque o quando você olha para todos os lados, “melhor jogador”, “quantos gols fez…” Daí você (gesto de estar inflado) e depois (cai). Por isso eu não me importo com nada neste sentido. O jogador de futebol tem que estar preparado para isso.
Neymar poderia ter sido o melhor do mundo?
Eu creio que sim.
Se ele tivesse ficado no Barcelona?
É comprometedor, mas eu assumo a responsabilidade. Se Neymar tivesse ficado no Barcelona teria ganhando uma Bola de Ouro, com certeza. Minha visão é que se tivesse ficado teria ganhado, sim.
Neymar disse há um ano da Copa estar mentalmente esgotado e que essa Copa, do Catar, seria a última dele. Falando com ele, foi mesmo a última? Ele terá 34 anos na próxima, menos do que você tinha em 2022.
Eu creio que vai chegar à próxima. Eu acredito que, sim. Não falei com ele, mas recomendo que aproveite ao máximo e tente, tente… tentar não perde nada. Veja Messi com 35 anos tentou e conseguiu o que queria. O Brasil, se quer ser campeão mundial na próxima [edição], tem que fazer o que fez a Argentina com o Messi: colocar dez jogadores que corram e trabalhem para Neymar. Foi o que fez a Argentina. A diferença, a técnica, a mentalidade já têm os craques e Messi é um craque, é o melhor do mundo, e ganhou com a diferença de detalhes dele. São coisas que tem jogadores únicos, e Neymar tem isso também. Se o Brasil o rodeia com dez jogadores que corram e trabalhem, porque o Neymar terá 34 anos, pode fazer perfeitamente. Isso é algo que o Brasil pode fazer, pode colocar todos os jogadores para trabalharem para Neymar se querem que o Brasil e Neymar consigam uma Copa do Mundo. É difícil? Sim, é difícil, mas tem que trabalhar a partir de agora.