Sem regalias: Marin varre cela na ‘Abu Ghraib do Brooklyn’
Aos 85 anos, ex-presidente da CBF está a quase dois meses detido no Centro de Detenção Metropolitana, em Nova York
José Maria Marin segue cumprindo pena no Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos. Em dezembro, o ex-presidente da CBF foi condenado por seis crimes por uma corte de Nova York e, desde então, aguarda sua sentença na cadeia, onde vive como um presidiário comum, sem qualquer regalia.
Os advogados de Marin repassaram, durante durante visita à penitenciária na última segunda-feira, a estratégia da defesa e o atualizaram sobre o processo. Segundo relatos, ele está impactado pelas condições da carceragem, mas lúcido e com saúde, aos 85 anos.
O presídio à beira da Upper Bay ficou conhecido entre parentes dos presos como a “Abu Ghraib do Brooklyn”, uma referência aos locais de tortura do exército americano no Iraque. Há cerca de 10 anos, investigações revelaram o abuso de policiais contra presos.
No ano passado, três prisioneiras denunciaram abusos sexuais por parte dos policiais da prisão. Em janeiro, um deles foi condenado por cometer quatro estupros dentro do local que hoje conta com 1.800 prisioneiros – 3% de mulheres. Em 2016, uma juíza federal afirmou que não enviaria mais detentas para a prisão onde está José Maria Marin. Seu argumento: o local parece ser de “um país de terceiro mundo”.
Rotina na prisão
Advogados de outros condenados da mesma ala de José Maria Marin dizem que as regras da prisão são claras. Há uma chamada às 6 horas da manhã. O café é servido uma hora depois. Cabe ao preso fazer a sua própria cama. Marin é obrigado a varrer a sua cela, tirar o lixo e garantir que ela esteja limpa. Seu armário precisa estar arrumado, sob pena de punição, como qualquer outro.
Com o número de registro #86356053, ele pode usar apenas as roupas da prisão e, se quiser comprar outros itens em uma pequena loja, tem a chance de ter acesso a malhas brancas ou cinzas.
Sem um pátio ao ar livre, José Maria Marin toma sol no teto da prisão. Ele e os demais presos. As ligações telefônicas são reguladas e a internet, proibida. No início de abril, Marin saberá a sua pena. Seus advogados informam que não comentarão a sua situação até o encerramento do processo.
A Justiça dos EUA o acusa de ter recebido 6,5 milhões de dólares (aproximadamente 20,8 milhões de reais, na cotação atual) em propinas, desde que assumiu o cargo de presidente da CBF em 2012. Na decisão de dezembro, o jurado considerou Marin culpado em seis crimes, em fraudes referentes à organização da Copa Libertadores, Copa do Brasil e Copa América. Sua sentença pode chegar a 120 anos de prisão.