Rogério Ceni pendura luvas e chuteiras com festa no Morumbi
Em jogo festivo, goleiro-artilheiro de 42 anos se despedirá do único clube que defendeu, em evento que reunirá outros ídolos e deve receber 60.000 torcedores
A torcida do São Paulo viverá um momento especial nesta sexta-feira. Aos 42 anos, o ídolo Rogério Ceni oficializará sua aposentadoria em um jogo festivo com ex-companheiros no Morumbi. São esperados cerca de 60.000 torcedores para o adeus ao atleta que mais vezes vestiu a camisa do clube: 1.237 jogos como profissional, a partir de 1993. O evento reunirá as equipes campeãs do mundo pelo São Paulo e terá início às 20h (de Brasília) com shows e homenagens – a bola começa a rolar uma hora depois.
O dono da festa jogará no time de 2005, que venceu o Liverpool em Yokohama, na maior atuação da carreira do goleiro artilheiro. Do outro lado, estará um combinado entre as equipes de 1992 e 1993, com craques como Zetti, Raí, Cafu e Muller, entre outros. Cada time será comandado por uma dupla de treinadores. Para a geração do começo da década de 1990, estarão no banco de reservas o filho de Telê Santana, Renê, acompanhado pelo então auxiliar da época, Muricy Ramalho. A formação de 2005 terá no comando Paulo Autuori e o auxiliar Milton Cruz.
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Rogério Ceni é um dos atletas mais importantes da história do São Paulo. Além das grandes defesas que fez ao longo de 1.237 jogos (978 usando a braçadeira de capitão), o goleiro que revolucionou a posição por sua qualidade para jogar com os pés ainda marcou 131 gols – 61 de falta, 69 de pênaltis e um com a bola em jogo. Paranaense de Pato Branco, Rogério chegou ao Morumbi em 1990, aos 17 anos, vindo do modesto Sinop, do Mato Grasso.
Desde então, o sucessor de Zetti conquistou 18 títulos oficiais, entre os quais se destacam as Libertadores e o Mundial de 2005, o tricampeonato do Brasileirão (2006 a 2008) e a Copa Sul-americana de 2012. O goleiro atuou oficialmente pela última vez no dia 28 de outubro, em derrota por 3 a 1 para o Santos, pela Copa do Brasil, quando rompeu o ligamento tíbio-fibular do pé direito.
Os atletas confirmados para a partida:
Time de 1992/1993: Zetti, Vitor, Adilson, Ronaldão, Pintado, Ronaldo Luiz, Muller, Toninho Cerezo, Luís Carlos Goiano, Raí, Cafu, Marcos Bonequini, Válber, Dinho, Elivélton, André Luiz, Juninho Paulista, Jura, Doriva, Guilherme, Valdeir e Gilmar. Técnicos: Muricy Ramalho e Renê Santana
Time de 2005: Rogério Ceni, Fabão, Lugano, Junior, Mineiro, Aloísio, Amoroso, Grafite, Alex Bruno, Renan, Thiago Ribeiro, Richarlyson, Souza, Bosco, Flávio Roberto, Edcarlos, Josué, Christian e Flávio Donizete Técnicos: Paulo Autuori e Milton Cruz
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O primeiro gol
A primeira passagem do técnico Muricy Ramalho no comando do São Paulo foi definitiva para Ceni. O goleiro são-paulino já treinava cobranças de falta havia anos, mas nunca tivera o respaldo e incentivo devidos. Em 1997, com a saída do titular Zetti, Rogério virou o goleiro do time principal e logo no Campeonato Paulista daquele ano, no dia 15 de fevereiro, contra o União São João de Araras, usou seu grande artifício pelo qual ficaria conhecido na carreira. Falta perto da área. Rogério cobrou forte com um chute de média altura no canto oposto da barreira, anotando seu primeiro gol com a camisa tricolor.
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2000: nasce um ídolo
Quatro anos foram o tempo suficiente para Rogério Ceni se firmar como ídolo da torcida do São Paulo, desde a definitiva titularidade em 1997. Após ser campeão paulista em 1998 em cima do rival Corinthians, Rogério faria seu nome em outro clássico sendo o protagonista no jogo de volta da final do Campeonato Paulista de 2000, contra o Santos, no Morumbi. O goleiro marcou seu 18º gol na carreira, em uma belíssima cobrança de falta, no empate de 2 a 2 que garantiu ao São Paulo o título do estadual daquele ano.
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Yokohama: a consagração total
Como se já não bastasse a atuação impecável do arqueiro na campanha da Libertadores, Rogério definitivamente coroou seu maior momento da carreira no final do ano, no Mundial de Clubes em Yokohama, no Japão. No primeiro jogo, contra o Al-Ittihad, Ceni fez um gol de pênalti na vitória por 3 a 2 – foi o 21º do ano, o que lhe garantiu a artilharia do São Paulo na temporada. A hora havia chegado. O temido time do Liverpool, do técnico Rafa Benítez, era o grande favorito para levar o Mundial para a Inglaterra. A vitória parecia impossível e o “Mito” entrou em ação. Rogério se agigantou como nunca debaixo das traves, fazendo defesas milagrosas. Uma delas em uma cobrança de falta no ângulo do meia Steven Gerrard, considerada a melhor defesa de sua carreira. O São Paulo saiu do Japão com o seu terceiro título do Mundial, fechando o melhor ano da história do clube e de Rogério Ceni com a camisa tricolor.
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Recorde no Mineirão
O recorde de maior goleiro-artilheiro da história do futebol aconteceu no dia 20 de agosto de 2006 em uma partida dramática contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro, em pleno Mineirão. No primeiro tempo, o placar já marcava 2 a 0 para os donos da casa e aos 37 minutos veio a chance de o Cruzeiro ampliar com um pênalti. O meia Wagner foi para a cobrança, mas Rogério Ceni pulou no canto certo e defendeu a penalidade. Minutos depois, falta perto da meia lua da grande área cruzeirense. Rogério foi para a bola e marcou o gol que tanto esperava: 63º da carreira, ultrapassando o goleiro paraguaio Chilavert. A partida ainda foi empatada mais uma vez pelos pés do goleiro são-paulino em uma cobrança de pênalti diante de Fábio, goleiro que mais tomou gols de Ceni – ao todo foram sete.
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O centésimo gol
Se já era especial pela incrível marca de 100 gols na carreira, o feito de Ceni teve um sabor a mais por ocorrer em um clássico contra o maior rival, o Corinthians. O jogo, na Arena Barueri, era válido pelo Campeonato Paulista de 2011. Ceni teve sua chance aos 8 minutos do segundo tempo em uma falta de média distância no canto esquerdo da entrada da área. O camisa 01 do São Paulo chutou com perfeição no ângulo esquerdo de Júlio César e decretou o centésimo gol de sua carreira na vitória por 2 a 1 sobre o rival.
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Última atuação de gala
Apesar de muitos apontarem a atuação de Rogério Ceni no Mundial de 2005 como a melhor de sua carreira, a partida contra a Universidad Católica, do Chile, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2013 talvez seja a última que o goleiro são-paulino foi extremamente decisivo debaixo das traves, defendendo bolas difíceis e evitando uma goleada dos chilenos. Após a vitória do São Paulo por 4 a 3, que deu a classificação às quartas de final da competição, Ceni foi exaltado pela mídia chilena.
(da redação)