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Retrospectiva 2023: as voltas por cima e as derrocadas do ano

Se John Kennedy, Sassá, Deyverson e outros desfrutaram de redenções na temporada, Gabigol, Neymar e Scarpa tiveram um 2023 para ser esquecido

(Conteúdo publicado na PLACAR de dezembro, Melhores e Piores de 2023, já disponível nas bancas e em nossa loja no Mercado Livre)

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VOLTAS POR CIMA

JOHN KENNEDY
A redenção improvável do garoto ex-problema

John Kennedy comemora o gol do Fluminense na final da Libertadores/CARL DE SOUZA / AFP)
John Kennedy comemora o gol do Fluminense na final da Libertadores/CARL DE SOUZA / AFP)

John Kennedy foi protagonista da redenção mais impactante e improvável de 2023. Emprestado no início do ano à Ferroviária após colecionar polêmicas de comportamento, o outrora garoto-problema de Xerém encerrou o ano rebatizado de Menino Rei. A alcunha traduz o tamanho do feito: o atacante de 21 anos escreveu em 4 de novembro a página mais aguardada dos 121 anos de história do Fluminense – o gol do título da Libertadores sobre o Boca Juniors, no Maracanã. JK voltou mais maduro e letal da curta passagem por Araraquara.Recebeu apoio do técnico Fernando Diniz e do diretor Paulo Angioni, além de veteranos como Felipe Melo e Marcelo, e virou um talismã na conquista da América. Na campanha inesquecível, o camisa 9 marcou em todas as fases de mata-mata. Depois de quase rumar para a MLS (ou acabar simplesmente dispensado pelo Flu), ganhou uma merecida renovação até o fim de 2026. “Esse menino é um grande vencedor. O futebol perde a rodo talentos como esse no Brasil”, resumiu Diniz. Que bom que ele tenha conseguido driblar a lógica.

EDUARDO SASHA
Preterido em Belo Horizonte, protagonista em Bragança

Eduardo Sasha, destaque do Red Bull Bragantino - Alexandre Battibugli/PLACAR
Eduardo Sasha, destaque do Red Bull Bragantino – Alexandre Battibugli/PLACAR

Aos 31 anos, Eduardo Sasha chegou sem maiores holofotes ao Red Bull Bragantino no fim de março. O atacante revelado pelo Internacional vinha sendo pouco aproveitado no Atlético Mineiro, onde ergueu taças apenas como coadjuvante. Parecia em curva descendente na carreira, mas rapidamente ele provou seu valor. No interior paulista, assumiu papel de liderança e correspondeu. Foram 16 gols e seis assistências em 41 jogos, superando o ano de 2019 pelo Santos, quando marcou 14 gols em 49 partidas. O Massa Bruta chegou a sonhar com o título, muito por causa de seu camisa 9. “Os números confirmam que foi o melhor ano da minha carreira”, afirmou em entrevista à edição de novembro de PLACAR.

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DEYVERSON
No Cuiabá, a reajustada versão do artilheiro maluco

Aos 32 anos, atacante vive seu melhor momento na carreira com a camisa do Cuiabá - Alexandre Battibugli/Placar
Aos 32 anos, atacante disse viver seu melhor momento na carreira com a camisa do Cuiabá – Alexandre Battibugli/Placar

Deyverson pesava 89 kg – 8 acima dos 81 de hoje – e acumulava incontáveis olhares desconfiados quando chegou ao Cuiabá no fim do ano passado. Muitos duvidavam até que ele pudesse seguir no clube em 2023, ainda mais jogando bem. O extrovertido atacante não só conseguiu, como foi além. Abandonou as polêmicas, mudou a conduta em campo e virou a chave de vez com a melhor temporada da vida: 17 gols, duas assistências e muita influência na surpreendente campanha da equipe mato-grossense na Série A do Brasileirão. “Menino maluquinho eu já fui, já fui… agora é menino certinho”, contou à PLACAR de outubro. Antes alvo número 1 dos críticos, ele terminou cobiçado no mercado. O Cuiabá assegura: só libera sua maior estrela pela multa rescisória de 20 milhões de reais.

SASSÁ
Um goleador renascido na Série C do Brasileirão

Hat-trick: Sassá comemorou o título, o acesso e a artilharia com a camisa da Onça-Pintada - Leo Piva/CBF
Hat-trick: Sassá comemorou o título, o acesso e a artilharia com a camisa da Onça-Pintada – Leo Piva/CBF

Sassá parecia fadado a um adeus precoce no futebol. Reprovado nos exames médicos do Avaí em 2022 e de passagem relâmpago pelo CSA no mesmo ano, caiu em si que precisaria mudar. Começou o ano de 2023 no Athletic, surpresa do Campeonato Mineiro, mas se reencontrou de vez no emergente Amazonas, que disputou a Série C do Brasileirão. Diz ter cortado bebidas alcoólicas e noitadas e investido na contratação de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, nutricionista, nutrólogo e preparador físico. O resultado apareceu: 18 gols em 23 jogos, a melhor média entre todos os jogadores das quatro divisões nacionais na campanha que terminou com o surpreendente título do novato clube. “Hoje tenho outra cabeça. Estou equilibrado e com uma vida nova”, disse à PLACAR.

DINIZISMO
Vistoso e agora também vencedor

Diniz conquistou o quarto e mais importante título da carreira - Alexandre Battibugli/Placar
Diniz conquistou o quarto e mais importante título da carreira – Alexandre Battibugli/Placar

“Não é isso que vai modificar a minha vida. Não estou à mercê da bola que vai entrar e da que não vai entrar.” Fernando Diniz sempre foi categórico: títulos não moldam sua filosofia de trabalho e as relações humanas construídas são seus verdadeiros troféus. O discurso é bonito, mas na prática os resultados se impõem, ainda mais no Brasil. Em 2023, no entanto, o técnico pôs fim à fama de jogar como nunca e perder como sempre. O dinizismo venceu, enfim – primeiro o Campeonato Carioca, com uma virada por 4 a 1 sobre o Flamengo, e depois a cereja do bolo, a glória da Libertadores diante do Maracanã lotado. As conquistas provam que o dinizismo não é apenas vistoso. Na seleção, porém, ele ainda não conseguiu mostrar nem o jogo bonito nem resultados.

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LADEIRA ABAIXO

NEYMAR

O popstar foi notícia pelos mais variados motivos – menos bola

Neymar vira alvo de torcedores após empate do Brasil contra a Venezuela e é atingido por pipoca - Andre Borges/EFE
Neymar foi alvo de torcedores após empate do Brasil contra a Venezuela e é atingido por pipoca – Andre Borges/EFE

Os críticos de Neymar tiveram trabalho em 2023. O craque brasileiro viveu o pior ano de sua carreira e perdeu protagonismo internacional, tanto pelas graves lesões quanto pelas polêmicas fora de campo. Jogou míseras 17 partidas oficiais. Em fevereiro, sofreu uma lesão no tornozelo e precisou de cirurgia para reparar o ligamento. Ato contínuo, torcedores do PSG protestaram em frente à sua casa exigindo sua saída. Sem clima nem propostas melhores da Europa, deu um passo antes inimaginável: mudou-se para a Arábia Saudita para defender o Al-Hilal. Pela seleção, bateu o recorde d gols de Pelé , mas acompanhou a má fase do escrete e foi chamado de pipoqueiro, com direito a um saco de pipocas arremessado por um torcedor em Cuiabá. No jogo seguinte, sofreu nova lesão, a mais grave de sua trajetória (ligamento cruzado anterior e menisco), e só deve voltar após a Copa América de 2024. Fora de campo, Neymar foi manchete pelo namoro e término com a modelo Bianca Biancardi, supostas traições e o nascimento da filha Mavie. Em dezembro, fechará o ano no comando do evento Ney em Alto Mar, seu cruzeiro oficial.

GABIGOL
Ídolo rubro-negro abusou dos gols perdidos e virou banco

Flamengo, de Gabigol, tenta se reerguer na temporada - Mauro Pimentel/AFP
Gabigol tem futuro incerto no Flamengo – Mauro Pimentel/AFP

Foi estranho ver tantas vezes o herói das conquistas das Libertadores de 2019 e 2022 cabisbaixo, à beira do campo. Seja por falhas individuais, seja pela desorganização do Flamengo, o fato é que o atacante Gabriel Barbosa viveu uma derrocada com a camisa 10. Sem conseguir ser decisivo como outrora, e por vezes aparentando certo comodismo, acabou escanteado pelos três técnicos que passaram pelo Rubro-Negro: Vítor Pereira, Sampaoli e Tite. Fez 20 gols no ano, um número razoável, bem abaixo dos 35 de seu colega Pedro. Gabigol foi vaiado no Maracanã, discutiu com o dirigente Marcos Braz, culpou a imprensa pelos problemas de vestiário e foi alvo de protestos até mesmo em sua festa de aniversário. O futuro do príncipe da Gávea é incerto.

RONALDO
Administração nada fenomenal

Valladolid de Ronaldo foi rebaixado na Espanha
Ronaldo teve dores de cabeça com Cruzeiro e Valladolid

O retorno do Cruzeiro à elite teve Ronaldo como grande estrela nos bastidores. A expectativa era grande, mas logo o sócio majoritário do clube mineiro se viu no olho do furacão e criticado por grande parte da torcida. Até mudanças na mascote foram motivo de protestos, sob os gritos de “Ronaldo, gordão, devolve o Raposão”. A campanha frustrante no Estadual resultou na saída do técnico Pezzolano, mais tarde rebaixado com o Real Valladolid – o clube de Ronaldo na Espanha, cuja gestão também foi alvo de críticas. Após nova demissão, desta vez de Pepa, o Cruzeiro despencou na tabela, brigou contra o rebaixamento até o fim e as visitas do ex-craque ao Mineirão passaram a ser constantemente acompanhadas de vaias.

GUSTAVO SCARPA
Uma sequência de golpes

Gustavo Scarpa fracassou na Europa - Divulgação / Olympiacos
Gustavo Scarpa fracassou na Europa – Divulgação / Olympiacos

Não parece, mas faz só um ano que Gustavo Scarpa foi eleito o craque do Brasileirão. À época, o canhoto do Palmeiras participou de 20 gols na campanha e foi curtir o tão almejado sonho de jogar na Europa. Sonho que rapidamente virou frustração: Scarpa não brilhou pelo Nottingham Forest, perdeu espaço na Inglaterra e foi emprestado ao Olympiacos, da Grécia, onde apenas compõe elenco. Para piorar, foi vítima de um golpe com criptomoedas e culpou o ex-colega Willian pelo prejuízo milionário. Só entrou em campo 21 vezes e agora negocia uma volta ao Brasil.

RICHARLISON
Um pombo sem asas, do céu ao inferno

 

Richarlison começou o ano em alta após ser um dos melhores jogadores do Brasil na Copa do Mundo disputada no Catar. No entanto, o carismático Pombo, como é apelidado pelas crianças, queimou seus créditos rapidamente. Reserva no Tottenham, entrando vez ou outra apenas na parte final das partidas, marcou três gols (!!!) ao longo de 2023. A má fase se estendeu à seleção brasileira, pois passou em branco em todos os compromissos, quase sempre desperdiçando oportunidades claras. No meio do ano, jogou mais pressão sobre si mesmo ao dizer que “a camisa 9 já é minha, não tem o que ficar escolhendo. Aqui na

Em má fase e com convocação criticada, Richarlison pode perder espaço na seleção - Paolo Aguilar/EFE
Em má fase, Richarlison perdeu espaço na seleção – Paolo Aguilar/EF

seleção todo mundo sabe que eu sou o homem-gol”. Não foi nada disso. Ele até ensaiou uma redenção no clube londrino, mas logo voltou ao banco de reservas. Em seguida, passou por uma cirurgia no púbis que o manteve afastado por mais um tempo. Em 2024, Richarlison terá trabalho para recuperar seu espaço e a camisa 9 canarinho.

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