Retrospectiva 2023: a sogra de VP e outras lorotas que marcaram o ano
Lista também tem a polêmica volta de Tite, o sonho catari de Róger Guedes, além dos retornos de Felipão e Autuori
(Conteúdo publicado na PLACAR de dezembro, Melhores e Piores de 2023, já disponível nas bancas e em nossa loja no Mercado Livre)
A SOGRA DO VP
Persona non grata no Rio e em São Paulo
Vítor Pereira deixou o Brasil levando na bagagem o rancor das duas maiores torcidas do país. A saída do Corinthians foi para lá de conturbada e teve uma protagonista inesperada: a sogra. Até então amado pelos torcedores alvinegros, VP anunciou sua partida por razões familiares. “Não vou para clube nenhum, para lugar nenhum. Vou para casa, tenho que ajudar a equilibrar um pouco o processo da doença da minha sogra”, alegou, semanas antes de acertar com o Flamengo. A “traição” rendeu uma série de memes e até fantasias de Carnaval, e a ambição de conquistar títulos pelo clube no Rio logo se transformou em pesadelo. Derrotado pelo Palmeiras na Supercopa, pelo Al-Hilal na semifinal do Mundial e pelo Fluminense no Estadual, VP foi demitido depois de apenas 18 jogos. Enfim de volta a Portugal, tentou se explicar. “Por gostar muito das pessoas, não quis apontar que, sinceramente, não via um projeto ganhador [no Corinthians], essencialmente o problema era falta de dinheiro. Enquanto estava lá, eu era irmão, depois que saí, virei um delinquente…”
ANO SABÁTICO DO TITE
Mentiroso? Para o ex-técnico da seleção, houve “ajuste de datas”
Pouco antes da Copa do Mundo do Catar, quando sonhava com o hexa e um convite do futebol europeu, o técnico da seleção fez a seguinte promessa: “Toda equipe brasileira que pensar no Tite como técnico (em 2023), esquece, ele não vai treinar. Pode escrever onde vocês quiserem, me chamem de mentiroso e sem palavra, mas não vai ter”. Como se sabe, nenhum grande clube estrangeiro apostou no técnico gaúcho após a frustração no Mundial e o ano sabático acabou sendo encurtado. Tite até negou uma série de propostas de seu amado Corinthians, mas não resistiu à ofensiva do clube de maior capacidade financeira do país. Ao vestir o manto rubro-negro em outubro, Tite disse que sempre sonhou em treinar uma equipe carioca e se defendeu da promessa que ele próprio criou. “Prefiro colocar como um ajuste de datas. O projeto é para 2024, mas havia a necessidade de começar agora.”
A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
Felipão e Autuori desistiram de parar
Dois dos mais experientes treinadores do país voltaram atrás na decisão de pendurar as pranchetas em 2023 – para ira dos familiares e alegria dos torcedores mineiros. O caso mais emblemático foi o de Luiz Felipe Scolari, de 75 anos. Sete meses depois de anunciar o fim de uma gloriosa carreira para assumir o cargo de diretor do Athletico Paranaense, Felipão chocou Curitiba ao aceitar o inesperado convite do Atlético-Mineiro. O início ruim em Belo Horizonte reacendeu o debate sobre o veteraníssimo estar “superado”. Mas, pela enésima vez, o gaúcho calou os críticos e terminou seu 41º ano como treinador profissional em alta, com a melhor campanha do returno do Brasileirão. Paulo Autuori, de 67, então dirigente do Cruzeiro, seguiu roteiro semelhante ao topar o convite emergencial para tirar a Raposa da zona de rebaixamento – e o final foi feliz para a torcida celeste.
O SONHO CATARI DE RÓGER GUEDES
Al-Rayyan desde criancinha…
O ano de desilusões para os corintianos incluiu mais um adeus com justificativa, digamos, controversa. Camisa 10 do time, Róger Guedes anunciou sua saída em agosto, dias depois de bater o recorde de gols na Neo Química Arena (31), com destino ao Al-Rayyan, do Catar. O Timão faturou uma quantia considerável – 5 milhões de euros (26,3 milhões de reais na cotação da época) pelos 40% de direitos econômicos do atacante. Ou seja, a negociação em si foi absolutamente normal. O que causou espanto mesmo foi o discurso de Guedes. “Estou muito feliz, era um sonho que eu tinha de jogar lá, o Corinthians já sabia.” O Al-Rayyan não conquista o título catari desde 2016 e fechou o ano como terceiro colocado da liga local.
A NOVELA ANCELOTTI
Afinal, o italiano vem?
Ainda no início de 2022, o técnico Tite avisou que não permaneceria na seleção brasileira após a Copa do Mundo do Catar, qualquer que fosse o resultado. A CBF, portanto, teve cerca de um ano para estudar e definir quem seria seu sucessor. Já estamos chegando a 2024, porém, e ainda não há definição. Ramón Menezes foi o primeiro interino e teve desempenho desastroso. Fernando Diniz assumiu em outro contexto, cercado de empolgação, mas ainda com status de tampão. O presidente Ednaldo Rodrigues bate o pé que está tudo acertado com Carlo Ancelotti, do Real Madrid, para junho de 2024. “A proposta de jogo [do Diniz] é parecida com a do treinador que assumirá a partir da Copa América, o Ancelotti. Tem quase o mesmo tipo de trabalho”, disse, em uma comparação completamente descolada da realidade. O veterano italiano, por sua vez, jamais admitiu qualquer acerto, enquanto a CBF reafirma que, por manter contrato com o gigante espanhol, Ancelotti é obrigado a desconversar. O início ruim de Diniz (três derrotas em seis jogos nas Eliminatórias) aumentou a pressão por um desfecho definitivo. Seja quem for o eleito, a única certeza hoje é que terá muito trabalho pela frente.
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