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Racismo no basquete americano indigna país e repercute na Casa Branca

Presidente do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, afirmou que não queria que namorada levasse negros aos jogos de seu time

O racismo no futebol é um problema que, às vésperas da Copa do Mundo, começa a ser discutido com maior seriedade. Mas a reação causada por episódios como a discriminação contra Tinga, jogador do time Cruzeiro, em Lima, no Peru, durante jogo da Libertadores, e a recente situação com Neymar, que foi alvo de ofensas racistas em Barcelona, empalidece diante da tempestade que se formou nos Estados Unidos, país onde os esportistas são figuras públicas tão importantes quanto astros de cinema. As declarações racistas do dono do time de basquete Los Angeles Clippers, Donald Sterling, que afirmou não querer negros nos jogos de seu time, se tornaram fato político em menos de dois dias e fizeram com que o presidente Barack Obama se manifestasse.

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Durante entrevista coletiva concedida juntamente com o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, na ocasião de sua visita ao país asiático, Obama foi questionado por jornalistas sobre as declarações de Sterling – e fez questão de deixar seu posicionamento claro.”Quando pessoas ignorantes querem mostrar sua ignorância, na realidade não há nada a dizer, a não ser deixá-los falar”, declarou o presidente americano neste domingo. “Constantemente temos de estar atentos para as atitudes racistas que nos dividem, ao invés de aceitar nossa diversidade como uma força”, afirmou.

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No último sábado, o site TMZ revelou a conversa de Donald Sterling com sua ex-namorada, V. Stiviano, em que o dirigente a recriminava por ter tirado uma foto com o ex-astro da NBA Magic Johnson. “Me incomoda muito você querer aparecer ao lado de pessoas negras. Por que você faz isso? Você pode dormir (com negros), pode fazer o que quiser. A única coisa que peço a você é que não divulgue isso. E não os traga aos meus jogos”, disse ele. Ainda de acordo com o TMZ, a gravação tem mais de uma hora de duração e foi feita por V. Stiviano com o consentimento de Sterling, na época em que ainda estavam juntos. Os advogados de Stiviano negaram ao site que ela tenha vazado o áudio para a imprensa.

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O técnico do Clippers, Doc Rivers, que também é negro, admitiu que os jogadores chegaram a se reunir e cogitaram boicotar o jogo contra o Golden State Warriors, marcado ainda para este domingo, mas desistiram. “A melhor resposta que podemos dar como homens, não como homens negros, mas como homens, é ficarmos juntos e mostrar quão forte somos como grupo. Não escapar. Não desistir. É fácil protestar. O protesto estará em nosso jogo.” A forma de protesto escolhida pelos jogadores foi treinar com as camisas viradas ao avesso, sem estampar o escudo do time.

O empresário, que é dono do Clippers desde 1981, tem um histórico de problemas relacionados a racismo e já foi obrigado a pagar multas por não querer negociar seus imóveis com negros ou hispânicos. Após a divulgação da conversa telefônica, Baron Davis, ex-jogador do Los Angeles Clippers, disse que a discriminação racial por parte de Sterling acontece há bastante tempo. Davis chegou a processar Sterling por discriminação, mas a Justiça americana não havia encontrado evidências suficientes para decidir pela condenação.

Magic Johnson, que foi citado pelo dirigente porque justamente aparecia em fotos com sua namorada, também se manifestou em sua conta no Twitter lamentando a postura de Donald Sterling. “Nunca mais irei a um jogo dos Clippers enquanto ele foi o proprietário do time”. Johnon, que é considerado o maior jogador da história do Los Angeles Lakers, rival do Clippers, ainda lamentou por Chris Paul e pelo técnico Doc Rivers – negros que prestam os seus serviços para o time de Sterling. (Clique para continuar lendo a notícia).

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LA Clippers owner Donald Sterling’s comments about African Americans are a black eye for the NBA.

– Earvin Magic Johnson (@MagicJohnson) April 26, 2014

I feel sorry for my friends Coach Doc Rivers and Chris Paul that they have to work for a man that feels that way about African Americans.

– Earvin Magic Johnson (@MagicJohnson) April 26, 2014

Astro do Miami Heat, LeBron James foi mais incisivo ao comentar as declarações de Sterling. Ele pediu que o comissário da NBA, Adam Silver, tomasse medidas “agressivas” para punir o dirigente e ressaltou: “Não há lugar para Donald Sterling em nossa liga”. Já o jogador do Clippers DeAndre Jordan postou uma imagem de protesto em sua conta no Instagram: um quadro negro.

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