Quem é Antonio ‘El Turco’ Mohamed, novo treinador do Atlético-MG
Técnico argentino encontrou Galo em 2013, fez história no futebol mexicano e tem passagem sem sucesso pela Europa
O Atlético Mineiro anunciou na tarde desta quinta-feira, 13, seu treinador para a temporada 2022. Dentre as diversas opções no radar desde a saída do ídolo Cuca, o argentino Antonio ‘El Turco’ Mohamed foi quem chegou a um acerto. Com larga experiência no futebol mexicano, o profissional de 51 anos está sem clube, o que facilita a negociação com o Galo, atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil.
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Ex-atacante de relevantes equipes, como Boca Juniors e Independiente, de seu país, e do Monterrey, do México, Mohamed encerrou a carreira de atleta em 2003. Apelidado de ‘El Turco’ por sua ascendência sírio-libanesa, Antonio decidiu ser treinador logo depois da aposentadoria. À beira do campo, não teve sucesso imediato.
Ao longo de sua carreira, conquistou grande influência com bons trabalhos no Independiente, Tijuana e Monterrey. Chegou a trabalhar no futebol espanhol, no Celta de Vigo. ‘El Turco’ tem no currículo um título da Copa Sul-americana, três ‘Apertura’ e uma ‘Clausura’ do Campeonato Mexicano e uma Copa Mexicana.
Dolorosa perda
Uma tragédia abateu a vida de Mohamed em 2006. O técnico decidiu realizar o sonho de seu filho, Farid, de 9 anos, e levou o garoto apaixonado por futebol e pela seleção argentina para assistir à Copa do Mundo, na Alemanha. Contudo, após uma partida, quando se dirigiam ao Aeroporto de Frankfurt, o carro onde estavam foi atingido por outro em alta velocidade. O filho de Antonio sofreu ferimentos graves e chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu e morreu.
Mohamed, então, prometeu conquistar um título nacional pelo Monterrey, do México, time do coração de seu filho. A história emocionante foi detalhada na publicação abaixo, feita por Artur, um torcedor atleticano, no Twitter, antes da oficialização de sua contratação:
» A emocionante história de Antônio “Turco” Mohamed, técnico que fez história no futebol mexicano e é cotado para assumir o Atlético Mineiro.
Segue o fio… 🧵 pic.twitter.com/D70oW2BcfL
— Artur ¹³ (@ArturmGALO) January 12, 2022
Bem-humorado, sempre com um caráter positivo, Mohamed nunca negou o peso do trauma, mas conseguiu seguir adiante e dar uma guinada em sua carreira. Em 2010, sob comando do Independiente, da Argentina, venceu a Copa Sul-americana, sobre o Goiás. Na sequência, mais um bom trabalho: o título “apertura” do Campeonato Mexicano pelo Tijuana.
Os caminhos se cruzam com o Galo
Desse modo, pelo título nacional no Tijuana, Turco se classificou para a Libertadores de 2013, competição na qual dividiu grupo com o Corinthians, eliminou o Palmeiras e encontrou o próprio Atlético Mineiro, participando indiretamente de um capítulo histórico do clube brasileiro. Nas quartas de final do torneio, após um empate por 2 a 2 no México, o Tijuana veio ao Brasil para tentar eliminar a equipe que contava com Ronaldinho Gaúcho.
Em um confronto tenso, no Independência, qualquer vitória levaria o time mexicano à semifinal, enquanto o 1 a 1 servia para o Atlético. Nos acréscimos, um pênalti para o Tijuana fez o estádio se calar em tensão e a equipe comandada por ‘El Turco’ ter nos pés de Duvier Riascos a chance da classificação inédita. Porém, com o pé esquerdo, o goleiro Victor (São Victor após o ocorrido) salvou o Galo e garantiu o alvinegro na semifinal da Libertadores, rumo ao título conquistado posteriormente.
⚫⚪ Um fim de jogo histórico: a noite em que São Victor parou o #Tijuana para levar o @Atletico à semifinal da CONMEBOL #Libertadores.
🏆 O Galo acabou campeão da Copa 2013 e está de volta para tentar o bi.
📹 Relembre a defesa e os minutos mágicos no Horto! pic.twitter.com/Yhg0jLDEPY
— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) February 28, 2021
O que ele pensa de futebol?
No início da negociação entre o Atlético Mineiro e o treinador, um currículo de apresentação foi enviado ao clube. Publicado por ge.globo, o material explica conceitos de jogo que Antonio busca adotar em suas equipes, além de conter o retrospecto nos últimos trabalhos.
Segundo o próprio turco, suas ideias de futebol passam pelos seguintes pontos:
- O jogador está acima do sistema;
- Se adaptar aos jogadores;
- Ser sempre protagonista;
- Treinar com base no próximo jogo;
- Dar ao jogador as ferramentas necessárias;
- Treinar os movimentos predefinidos do jogo;
- Construir o ataque saindo de trás, com triangulações e mobilidade no ataque;
- Sem a bola, ser intenso, com pressão imediata;
- Dá para ser campeão com diferentes formas táticas;
- Mostrar personalidade, concentração, determinação e confiança.
O documento também conta com os esquemas táticos mais utilizados por Mohamed, o 1-5-3-2, 1-4-3-3 e 1-4-1-3-2. Sempre que cita formações, ‘El Turco’ faz questão de começar com o 1, dando relevância ao goleiro como parte da construção.
Conseguimos o arquivo de portfólio/currículo que foi enviado pelo staff do “Turco” ao Rodrigo Caetano, no dia 6/1. Tem detalhes táticos, números, informações, conceitos, frases de efeito… São 27 páginas. Todas elas estão no link: https://t.co/92NNEkG5jE. Com @brunocassucci. pic.twitter.com/J4O07dYQyM
— Guilherme Frossard (@guifrossard) January 13, 2022
Números
O currículo disponibilizado para a diretoria atleticana também traz números de jogos, vitórias e aproveitamento do treinador em seus trabalhos mais longos.
Em 2007, após subir para a primeira divisão argentina com o Huracán, seu time do coração, foi contratado pelo Colón. Na equipe de Santa Fé, fez 97 jogos, com 36 vitórias, 32 empates e 29 derrotas. Com o mexicano Tijuana, clube no qual venceu título e fez boas campanhas, teve 54% de aproveitamento, com 30 vitórias, 27 empates e 16 derrotas.
Sob comando do tradicional América do México, venceu 20 dos 40 jogos que disputou, retrospecto inferior ao que conquistou no Monterrey, em sua primeira passagem como treinador. Pelo clube do coração de seu filho, fez 166 partidas, com 88 vitórias, 37 empates e 41 derrotas. Pelo Celta, da Espanha, um retrospecto abaixo, três confrontos vencidos em 13 jogados.
Em seu último trabalho, a segunda passagem pelo Monterrey, teve um aproveitamento de 55%. Foram 48 jogos, 21 vitórias, 17 empates e 10 derrotas. O bastante para conquistar importantes títulos e chegar ao terceiro lugar do Mundial de Clubes.