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PSG, time alemão da Red Bull e Neymar: um encontro repleto de amor e ódio

Rejeitados pelos torcedores mais tradicionalistas, semifinalistas da Champions buscam inédita vaga na decisão em Lisboa

Jovens, ricos, detestados por muitos (especialmente pelos mais tradicionalistas) e adorados por outros tantos em razão de seu bom futebol. Guardadas as devidas proporções, a descrição vale tanto para o badalado Paris Saint-Germain quanto para o surpreendente RB Leipzig, seu adversário na semifinal da Liga dos Campeões nesta terça-feira 18, e também para a grande atração da partida, Neymar. O jogo começa a partir das 16h (de Brasília), no estádio da Luz, em Lisboa, com transmissão do canal TNT, do Facebook do Esporte Interativo e do aplicativo EI Plus.

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Se houvesse a possibilidade de PSG e RB Leipzig serem eliminados, esta certamente seria a escolha da maioria dos torcedores europeus. O clube alemão é de longe o mais detestado de seu país desde 2009, quando a Red Bull comprou o SSV Markranstädt, time da quinta divisão, para transformá-lo. O projeto inicial era levar o time à Bundesliga em até dez anos, mas conseguiram o feito em apenas sete, já disputando o título da primeira divisão contra o poderoso Bayern de Munique em seu ano de estreia, em 2017. Em sua segunda Champions, já está entre os quatro melhores.

O modelo é semelhante ao que a famosa empresa austríaca de bebidas energéticas realiza na Austria, nos Estados Unidos e também no Brasil – em 2020, o Bragantino retornou à elite do Brasileirão rebatizado e turbinado por altos investimentos. A situação em Leipzig, cidade que pertence à antiga Alemanha Oriental, tem um agravante: representou um drible na lei local, o que justifica a rejeição dos vizinhos.

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Para evitar que investidores e magnatas estrangeiros assumam seus clubes (como no caso do PSG), o futebol alemão proíbe que seus clubes possuam um sócio majoritário. Há exceções, como clubes tradicionais que já eram sustentados por grandes marcas havia mais de duas décadas, como o Bayer Leverkusen e o Wolfsburg. O Leipzig, em teoria, tem a Red Bull apenas como um patrocinador; na prática, porém, é a empresa quem manda, já que seus poucos sócios são todos ligados a ela.

Até mesmo o nome do time é uma afronta às normas. Na verdade, o RB não significa Red Bull, mas Rasen Ballsport (esporte com bola sobre o gramado, em alemão), já que é proibido que uma marca rebatize um clube. Os touros vermelhos, porém, fazem parte do uniforme e até do escudo do time. Ao longo dos últimos anos, diversos estádios do país foram palco de protestos contra o caçula impertinente. 

“Vocês estão destruindo o jogo”, “Não ao RB” e até um nada amistoso “abatam os touros” foram algumas das mensagens avistadas nas arquibancadas. Na Alemanha, onde os clubes de futebol são agente culturais intimamente ligados às suas comunidades, o crescimento do RB Leipzig representa a vitória da “artificialidade” e do  “hipercapitalismo”. A equipe dirigida pelo jovem técnico Julian Nagelsman, no entanto, vem ganhando admiradores por todo o planeta pela maneira corajosa de jogar futebol e por ser um dos azarões na competição.

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Na Alemanha, o Red Bull Leipzig é constantemente criticado por torcedores rivais
Torcdores do Augsburg levam faixas e bandeiras de protesto ao RB Leipzig Stefan Puchner/Getty Images

A história recente do Paris Saint-Germain tem certa semelhança, guardadas as proporções. O clube que recentemente completou 50 anos de vida nunca esteve entre os mais tradicionais da França, mas mudou de patamar quando foi comprado por um grupo de investimento do Catar, em 2011. Após o vice em 2012, o PSG emplacou sete títulos da Ligue 1 em oito temporadas, e hoje é o segundo maior campeão nacional, com nove títulos – um a menos que o Saint-Étienne.

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O investimento do magnata Nasser Al-Khelaifi em contratações milionárias, como Zlatan Ibrahimovic e Neymar, despertou o ódio das equipes anteriormente dominantes, especialmente dos rivais Lyon e, sobretudo, Olympique de Marselha – o último se orgulha em ser, até hoje, o único clube francês a conquistar a Liga dos Campeõe, em 1993.

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Neymar, inclusive, merece um capítulo à parte nas relações de amor e ódio no confronto entre PSG e Leipzig. Desde que surgiu no Santos, o craque brasileiro atrai sentimentos controversos, seja por sua qualidade e ousadia ou por seu (mau) comportamento dentro e fora de campo.

O camisa 10 chegou à França como estrela e sempre manteve ótimo nível de atuação; depois, foi acusado de desrespeito ao PSG e recebeu vaias e duras ofensas; nesta temporada, após ter seu desejado retorno ao Barça frustrado, virou o jogo com franceses e também brasileiros. Desde a semana passada, vem recebendo enorme campanha de apoio nas redes sociais e vem retribuindo o carinho dos fãs. De moicano caprichado, Neymar quer o título tanto quanto os torcedores do PSG.

Neymar e Mbappé marcaram na vitória sobre o Monaco
Neymar e Mbappé: a dupla mais infernal da Europa Jeroen Meuwsen/Getty Images

Apesar do sucesso da Red Bull no Leipzig, o Paris Saint-Germain é franco favorito para a partida desta terça, pois os modelos de negócio dos dois clubes são diferentes. O time alemão investe na formação de  jogadores, enquanto o PSG não mede esforços para contratar a maior quantidade de craques que puder, com o objetivo obsessivo de vencer a Champions.

Segundo dados do site Transfermarkt, o elenco todo do RB Leipzig custou pouco mais de 177 milhões de euros, menos que as contratações de Kylian Mbappé (180 mi) e Neymar (222 mi). O time germânico ainda perdeu seu principal artilheiro, o atacante Timo Werner, que acelerou sua ida para o Chelsea.

O Paris Saint-Germain nunca esteve tão perto de levantar a taça da Champions League, assim como Neymar jamais teve tão pouca concorrência para vencer o prêmio de melhor do mundo – afinal, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo foram eliminados precocemente da competição. Seu principal concorrente está do outro lado da chave: o atacante Robert Lewandowski, do Bayern de Munique, que encara o Lyon na outra semifinal, na quarta-feira, 19.

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