Presidente da Federação Paulista confirma final da Copinha no novo Pacaembu
Em obras desde 2021, estádio que tradicionalmente é palco das decisões ainda está em obras; decisões anteriores aconteceram no Allianz Parque e Canindé
O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, confirmou que a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2024 será no novo Pacaembu. Em declarações no evento de apresentação do torneio, o dirigente confirmou que a decisão da Copinha voltará ao estádio, que passa por obras após privatização.
“Vinte e cinco de janeiro de 2024, horário a ser definido, Estádio Municipal Paulo Machado Carvalho, no Pacaembu”, anunciou Reinaldo Carneiro Bastos durante a cerimônia. Desde a década de 1970, o torneio mais prestogioso de futebol junior do país é tradicionalmente encerrado no aniversário da capital paulista, no Pacaembu.
Nos últimos dois anos, porém, a final da Copinha foi disputada no Allianz Parque e no Canindé, tendo em vista uma grande restauração no Pacaembu, que teve início em junho de 2021. Atrasos na reforma fizeram com que a disponibilidade do estádio para 2024 ficasse em xeque, já que a previsão inicial era de que ele ficasse pronto ainda em 2023.
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— Copinha (@Copinha) November 22, 2023
Ainda assim, Reinaldo garantiu que a última partida do maior campeonato de base do Brasil será no estádio. Ele admitiu que o local ainda não está com as obras 100% finalizadas, mas atribuiu a responsabilidade à concessionaria que está gerindo o Pacaembu.
“Não há nenhum indício da concessionária de que isso não vá ser concluído. Estou deixando bem claro que é o estádio, o local, o gramado, os vestiários. Não está pronto o complexo inteiro, todos os camarotes. Mas o Pacaembu estará pronto no dia 25 de janeiro”, concluiu.
A última vez que dois times decidiram o título no Pacaembu foi em 2020, quando o Internacional bateu o Grêmio nos pênaltis. O torneio não aconteceu em 2021 por conta da Covid-19.
Grama sintética, shows mais: como será o novo Pacaembu
As reformas na tradicional casa do futebol paulista são tocadas pela concessionária Allegra Pacaembu, que venceu em 2019 a licitação para gerir o complexo municipal pelos próximos 35 anos, com a promessa de modernizar o campo que, antes, caminhava a passos largos rumo ao ostracismo. No ano passado, PLACAR visitou as obras e conversou com gestores sobre o planejamento.
Foram anos de uma decadência lenta, com fatores como o baixo investimento público e o crescente interesse dos clubes em jogarem em arenas próprias, que contribuíram para que a situação do Pacaembu chegasse ao descaso dos últimos anos. Em 2018, houve apagões de luz em vários jogos; no ano seguinte, chegou até a faltar água quente nos vestiários em um treino da seleção brasileira. Com um gasto anual na casa dos 9 milhões de reais na manutenção – alto, mas longe de ser suficiente para revitalizar o estádio fundado em 1940 -, a prefeitura decidiu, na gestão do então prefeito João Doria, que ceder a administração à iniciativa privada era o melhor caminho.
Quem assumiu a tarefa foi a Allegra, consórcio formado pelas empresas Progen (Projetos Gerenciamento e Engenharia S.A.) e Savona Fundo de Investimento e Participações. Apesar de assumir um negócio que dava prejuízo e calcular um investimento de 400 milhões de reais, contando o valor já gasto para vencer o processo licitatório e o custo das reformas, a concessionária confia que pode transformar o Pacaembu em um negócio sustentável e devolver à população um complexo esportivo modernizado.
“A ideia é transformar o Pacaembu de um local de passagem para um local de permanência das pessoas”, contou Eduardo Barella, CEO da Allegra. “Se um time faz 30 jogos em casa por ano, os outros 335 dias do ano estão ociosos. Precisamos trazer vida para um lugar tão emblemático”.
Como o complexo é tombado, nenhuma estrutura dentro dele pode ser descaracterizada, e nem mesmo em caso de venda de naming rights, o nome “Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembu” pode sair da fachada em frente à Praça Charles Miller. A piscina olímpica tem que continuar sendo uma piscina, o campo deve seguir sendo um campo, e assim por diante. A única exceção é o edifício multiuso que será construído no lugar do tobogã, já que a arquibancada não fazia parte do projeto arquitetônico original e foi construída em 1970, na época de Paulo Maluf, no lugar da antiga Concha Acústica.
Esse prédio será a alteração mais radical na paisagem do Pacaembu. A expectativa da Allegra é que ele receba um fluxo de 7 500 pesosas por dia, ou 3 milhões de visitantes por ano. Integrado ao clube poliesportivo, abrigará atrações como uma esplanada de convenções e eventos, estacionamentos, um centro de medicina esportiva, hotel e galeria de arte. É ali que está a garantia maior do lucro da concessionária. “O aluguel desses espaços geram para a gente um colchão de receita recorrente. Você faz contratos longos, que dão uma estabilidade muito grande. E São Paulo é muito carente de espaços de eventos. Os existentes são obsoletos e localizados nas pontas da cidade”, explicou Barella.
Mas e o futebol? A concessionária promete que o esporte não vai ficar em segundo plano, apesar de admitir que deve encontrar dificuldades iniciais para atrair grandes partidas em uma realidade onde os principais times lucram milhões de reais a cada jogo em seus estádios. O gramado será artificial, seguindo exemplo dos campos de Athletico-PR, Palmeiras e Botafogo. A aposta mais realista, pelo menos em um primeiro momento, é em alternativas como o futebol feminino, as categorias de base e eventos como a Taça das Favelas. Mas o sonho é que o torcedor consiga viver no novo Pacaembu experiências que vão além de apenas ver o time do coração.
“Por que a gente acredita, por exemplo, que o Flamengo possa vir jogar aqui uma ou duas vezes por ano? Por que vai ter uma experiência diferente”, disse o CEO. “O torcedor vai se hospedar no hotel, vai andar por dentro do estádio e sair já na cadeira dele. Vai acabar o jogo, o patrocinador vai poder fazer uma ativação no centro de convenções, um ‘meet and greet’ com ex-jogadores. Você tem isso lá fora, quando vai em uma Copa do Mundo. É um pouco do que o americano faz na NBA, na NFL”.
Já precavido contra acusações de elitização – ele admite que se surpreendeu inicialmente com a intensidade das discussões que o tema Pacaembu desperta e com o espaço do assunto na imprensa -, o empresário também assegura ser possível manter boa parte do estádio com ingressos mais populares, apesar de lembrar que a precificação é feita sempre pelo time mandante, e não pela concessionária. Outra promessa é que nenhum acesso ou serviço que era gratuito antes da privatização passará a ser cobrado. “A gente podia cobrar, mas não dá. Tem que ser o que era antes, porque é a essência do lugar. Vamos encontrar outra forma de monetizar”.
(com Gazeta Press)
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