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Papa Francisco escreve carta de apoio a Zanardi: ‘Sua história é exemplo’

Ídolo do esporte italiano segue internado em estado grave. Médico disse que resgate rápido foi fundamental: “Só duraria mais uns 10 minutos”

O italiano Alessandro Zanardi, ex-piloto de Fórmula 1 e Fórmula Indy e campeão paralímpico de ciclismo, permanece internado em estado grave na UTI do hospital Santa Maria alle Scotte, em Siena, na Itália. Nesta quarta-feira, 24, ele recebeu uma mensagem de apoio especial, escrita pelo papa Francisco. Há cinco dias, Zanardi teve de passar por uma cirurgia cerebral após chocar-se com um caminhão quando disputava uma prova de bicicletas adaptadas, na cidade de Pienza, na região da Toscana. Desde então, permanece entubado e respirando artificialmente.

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“Caro Alessandro, a sua história é um exemplo de como recomeçar depois de uma parada repentina. Através do esporte você ensinou a viver a vida como protagonista, fazendo da deficiência uma lição de humanidade”, escreveu o papa Francisco, em trecho de carta publicada pelo jornal italiano La Gazzetta dello Sport.

“Obrigado por dar força a quem a perdeu. Neste momento doloroso estou próximo a você, rezo por você e sua família. Que o Senhor o abençoe e que Nossa Senhora o proteja”, completou o papa Francisco. Zanardi, de 53 anos, se tornou uma grande referência de superação após sofrer um grave acidente automobilístico, que o obrigou a amputar as duas pernas, em 2001. Desde então, passou a se dedicar ao ciclismo paralímpico e quatro medalhas de ouro e duas de prata.

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Atendimento rápido salvou Zanardi

O ídolo do esporte italiano passou por uma microcirurgia e segue em estado grave, porém, estável. Robusto Biagioni, um médico que participou do resgate emergencial, concedeu entrevista nesta quarta-feira e disse que a rapidez do atendimento impediu o pior. “O operador de resgate alpino foi muito útil. Pousamos em um campo e tivemos de atravessar um bosque pequeno, mas de mata fechada. Ele nos guiou abrindo caminho até chegar no lugar correto. Era muito grave, lamentavelmente. Naquelas condições, só duraria mais uns 10 minutos”, contou, ao jornal Corriere dello Sport. 

O médico deu detalhes sobre a gravidade dos ferimentos. “Meu colega o encontrou já em estado de coma, com momentos de agitação. Ele movia os braços de forma errática, gritava. O rosto estava destroçado, com muitas fraturas. Só que o que mais preocupou no momento foi perceber que era uma ferida muito grave, que começava no olho direito e passava pelo rosto inteiro. Também tinha outros ferimentos na cabeça.”

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Em boletim médico divulgado nesta terça-feira, 23, o hospital informou que a condição neurológica do atleta continua inalterada. “Alex Zanardi permanecerá sedado por 10 a 15 dias. Não sabemos quanto do coma é devido às drogas e quanto às suas condições neurológicas, de estabilidade nos parâmetros cardio-respiratórios e metabólicos. O quadro neurológico permanece inalterado em sua gravidade. O paciente permanece sedado, entubado e ventilado mecanicamente. Quaisquer reduções na sedo-analgesia, para a avaliação do estado neurológico, serão consideradas a partir da próxima semana. O prognóstico permanece confidencial”, informou o boletim assinado pelo neurocirurgião Giuseppe Oliveri.

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Um dia antes, o médico afirmou, em entrevista ao diário La Gazzetta dello Sport, que a lesão sofrida por Zanardi foi “menos grave” que a de Michael Schumacher, cujo estado de saúde é mantido em segredo pela família desde o gravíssimo acidente sofrido pelo maior campeão da Fórmula 1, em uma pista de esqui, em novembro de 2013, nos Alpes Franceses. Oliveri explicou que, ao contrário do alemão, Zanardi não sofreu uma lesão axonal difusa, no qual o cérebro se move em várias direções e se choca contra a parede intracraniana com violência, causando danos em todo o córtex cerebral.

“O dano axonal parece ter sido evitado, mas é muito cedo para um resultado conclusivo. O cérebro é um órgão móvel dentro de uma caixa rígida. Esse trauma também pode danificar áreas distantes do local do impacto (…) Por enquanto, o fato de o paciente estar estável é a primeira boa notícia. O máximo que podemos fazer agora é esperar”, afirmou o médico, que disse não haver relação entre o acidente recente e a o que amputou as pernas de Zanardi, em 2001. “Isso não influencia, mas o fato de ele ser atleta e, portanto, gozar de excelentes condições, leva ao otimismo.”

A mãe de Zanardi, Anna, de 84 anos, e o filho do ex-piloto, Nicollò, estiveram presentes no hospital, assim como dezenas de fãs que enviaram mensagens de apoio. Zanardi, de 53 anos, competia em uma das etapas do Objetivo Tricolor, um campeonato de atletas paralímpicos em bicicletas de mão, bicicletas ou cadeiras de rodas olímpicas. Segundo Mario Valentini, técnico da seleção italiana da modalidade, o acidente aconteceu em uma descida, quando Zanardi perdeu o controle, capotou e invadiu a pista oposta. Horas antes do acidente, a BMW havia anunciado o retorno do atleta biamputado às pistas, para a etapa de de Monza do Campeonato Italiano de GT.

O italiano estreou na Fórmula 1 em 1991, sem grande sucesso por Jordan, Minardi e Lotus. Se tornaria uma estrela do automobilismo nos Estados Unidos, ao conquistar os títulos da Indy em 1997 e 1998 pela Ganassi, antes de retornar à F1 para uma passagem apagada pela Williams.

Em 2001, de volta à Indy, Zanardi sofreu um chocante acidente que mudou sua vida na etapa da Alemanha, em Lausitzring: após rodar e bater no muro, ficou parado no meio da pista e foi atingido em cheio pelo carro do canandense Alex Tagliani. Suas duas pernas tiveram de ser amputadas acima do joelho. 

O italiano, então, iniciou uma belíssima história de superação, tornando-se uma estrela do ciclismo paralímpico, com diversos títulos de maratonas importantes como Nova York, Veneza e Roma, além de quatro medalhas de ouro e duas de prata em Jogos Paralímpicos, em Londres-2012 e Rio-2016.

O atleta italiano Alex Zanardi durante a final do ciclismo paralímpico de estrada masculina, categoria H5, no Pontal - 14/09/2016
O atleta italiano Alex Zanardi durante a final do ciclismo paralímpico de estrada masculina, categoria H5, no Pontal – 14/09/2016 Jason Cairnduff/Reuters
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