Pan-2015: Isaquias Queiroz ganha seu segundo ouro na canoagem
Atleta de 21 anos foi o mais rápido na categoria 200 metros C1 nesta terça-feira
O canoísta Isaquias Queiroz conquistou nesta terça-feira sua segunda medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. Depois de vencer a prova de velocidade de 1.000 metros C1 na segunda, o atleta de 21 anos superou os adversários e também a chuva que caiu sobre o canal de Welland e foi o mais rápido também na prova curta, de 200 metros C1. Uma das promessas do Brasil para a Olimpíada de 2016, Isaquias terminou a prova com o tempo de 39s991. A prata ficou com o canadense Jason McCoombs, que marcou 41s333, e o cubano Arnold Rodríguez foi o terceiro, com 41s459.
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Além dos dois ouros nas categorias individuais, Isaquias conquistou também uma medalha de prata em Toronto, na categoria C2 1.000 metros, ao lado de Erlon Silva, na segunda-feira. O atleta baiano é considerado um fenômeno da canoagem: é bicampeão mundial (2013 e 2014) na categoria C1 500 (que não é olímpica) e foi medalha de bronze no Mundial de Duisburgo (Alemanha), em 2013, na prova de 1.000 metros, que será disputada na Rio-2016. Após a competição no Canadá, Isaquias mira o Mundial, em Milão (Itália), entre 19 e 23 de agosto.
Em reportagem especial, VEJA apresentou 11 promessas olímpicas, que devem brilhar nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem. Leia o perfil de Isaquias abaixo ou clique aqui para ler todos os textos.
O Neymar de Ubaitaba
Isaquias Queiroz, 21 anos – Canoagem de velocidade
“A constituição física desses índios (…) é robusta e sua fisionomia muito mais simpática do que a dos sabujás e dos cariris. São bons remadores e nadadores.” A descrição dos brasileiros encontrados entre 1817 e 1820 no sul da Bahia está na Viagem pelo Brasil, de Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix, naturalistas alemães que vieram descobrir por que nesta terra em se plantando tudo dá. Corte para o século XXI e vamos encontrar Isaquias Queiroz, medalha de ouro na prova de velocidade de 500 metros no campeonato mundial de canoagem de Duisburgo, cidade banhada pelo Ruhr. Ele é o índio brasileiro que mostra aos alemães de hoje o que é ficar de joelhos, enfiar os remos na água e zarpar.
Natural de Ubaitaba, na Bahia, lugar de gente robusta, o menino sem um rim (perdido numa queda da mangueira onde buscava uma cobra) começou a remar no Rio das Contas, onde se descobriram dezenas de outros Isaquias bons de canoa. Mas nenhum foi tão longe quanto o Sem Rim, como o apelidaram jocosamente. A glória não lhe subiu à cabeça, ou quase não subiu. Isaquias, de pele e cabeleira agredidas por água e sol, coleciona cortes de cabelo e cremes hidratantes. “Já fiz até escova progressiva. Tenho de me cuidar, senão a namorada me larga”, brinca. Recentemente, Isaquias fez um corte à Neymar. Em tempo, para não restar dúvida: a palavra Ubaitaba, que dá nome à terra natal de Isaquias, é a fusão de três vocábulos indígenas: ubá, canoa pequena; y, rio; e taba, aldeia