Orçamento da Olimpíada sobe a 7 bilhões de reais, diz comitê Rio 2016
Valor é 1,4 bilhão de reais mais alto do que o previsto na época da candidatura
O orçamento da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, foi reajustado em 1,4 bilhão de reais. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o Comitê Organizador Rio 2016 declarou que a previsão de despesas subiu para 7 bilhões de reais – quando a candidatura foi lançada, em 2008, a estimativa inicial era de 5,6 bilhões de reais. É uma elevação de 25% frente ao valor inicial, mas houve mudanças na composição da arrecadação prevista.
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Segundo Sidney Levy, diretor-geral do Rio 2016, as despesas vão aumentar devido à evolução dos salários acima da inflação e a despesas maiores do que o esperado com tecnologia e segurança. Apesar de prometer transparência na divulgação do orçamento, ele não detalhou quais serviços e produtos encareceram especificamente, nem cotações de fornecedores. Também serviu de justificativa a inclusão de quatro novos esportes: golfe e rugby nos Jogos Olimpícos, paracanoagem e paratriatlo nos Paraolímpicos.
Mas os 5,6 bilhões de reais previstos inicialmente embutiam um aporte de 1,4 bilhão de reais no Comitê Organizador, dividido igualmente por prefeitura, governo estadual e governo federal. Só que esse subsídio não existe mais na nova estimativa, de 7 bilhões de reais. Se comparado o orçamento olímpico sem recursos públicos, de 4,3 bilhões de reais em 2008, a nova previsão de gastos é 63% superior. Ou seja, cresceu quase o dobro da inflação medida pelo IPCA de janeiro de 2009 a dezembro de 2013, que foi de 32%.
“Em comum acordo com o governo, não vamos receber aporte dos cofres públicos. Todas as despesas que o governo for executar estarão incluídas na matriz das responsabilidades”, afirmou Levy.
Ele negou que essa desistência de receber recursos públicos, no orçamento olímpico, tenha relação com os protestos da população contra gastos excessivos em eventos esportivos. “Já tinhamos essa ideia antes das manifestações populares”, afirmou o diretor-geral da Rio 2016.
O detalhamento das despesas ainda não está claro. Nenhum diretor do Comitê Organizador quis explicar aos jornalistas se obrigações do Comitê Organizador foram transferidas ao poder público, apesar das insistentes perguntas sobre os motivos que fizeram a entidade abrir mão do subsídio de 1,4 bilhão de reais previsto na candidatura. Alegaram que isso seria divulgado na semana que vem.
“Essa pergunta não é justa”, disse Levy aos repórteres.
Para exemplificar as despesas que serão de responsabilidade do Comitê, Leonardo Gryner, diretor de operações, afirmou que serão adquiridas 4 mil refeições para as instalações do evento. Para dar tempo, os pratos terão de começar a ser preparados a três meses do início da disputa. Também foram mencionados gastos com serviços médicos e limpeza, sob responsabilidade do Comitê Organizador. Mas a remuneração dos funcionários da Rio 2016 também deve ter um peso expressivo. Sem especificar o custo da folha de pagamento, Levy afirmou que esse desembolso representará de 15% a 20% dos 7 bilhões de reais do orçamento e está dentro da média de comitês de outras olimpíadas.
Até o momento, só foram gastos 10% dos 7 bilhões de reais previstos no orçamento olímpico. Cerca de 50% dos gastos serão cobertos pelas receitas com patrocínios firmados pelo Comitê Organizador, uma arrecadação idealizada em 3,5 bilhões de reais; dos quais 1,8 bilhão de reais já estão assinados, 800 milhões de reais estão em negociação e 900 milhões de reais aguardam captação. O Comitê Olímpico Internacional (COI) também vai contribuir, com cerca de 1,47 bilhão de reais, garantiu Levy.
Além dessas despesas operacionais, feitas diretamente pelo Comitê Organizador, há ainda o orçamento não olímpico, com obras de infraestrutura bancadas pelo poder público. Na época da candidatura, há seis anos, esse valor foi calculado em 23,2 bilhões de reais. Uma previsão mais atualizada deve ser divulgada na próxima semana, em documento chamado de matriz de responsabilidades.
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