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O interesse eleitoral por trás da visita de Marcelinho Carioca a Bolsonaro

Ex-jogador do Corinthians está em campanha para concorrer ao cargo de vereador; de acordo com o presidente do PSL em SP, a candidatura não irá acontecer

Se a visita de Marcelinho Carioca a Jair Bolsonaro na última quarta-feira, 29, deu o que falar nas redes sociais por uma disputa meramente clubística, o ato também movimentou os bastidores da política, visando principalmente as eleições municipais em novembro próximo. Embora não admita publicamente, o ex-jogador do Corinthians tem interesse em se candidatar a vereador da cidade de São Paulo. O partido, inclusive, já estaria definido: PSL, a legenda usada pelo presidente da República na eleição de 2018. A nova jogada, contudo, pode acabar em frustração para Marcelinho.

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No site do TSE, o ex-atleta consta como filiado do PSL de São Paulo. Sua adesão à sigla inclusive ocorreu em 4 de abril, data-limite para filiação com interesse nas eleições deste ano. Com o adiamento do pleito em um mês, o prazo-limite para o registro de candidatos passou para o dia 26 de setembro. Diante dessa possibilidade, ficam mais evidentes as reais intenções do ex-camisa 7 do alvinegro paulista em pedir uma audiência com o presidente.

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Como PLACAR publicou com exclusividade, sua ida provocou a ira de alguns corintianos, entre eles o ex-jogador Casagrande. Marcelinho colocou uma camisa do Timão no presidente, que é palmeirense, e falou sobre a “MP do futebol”. Horas mais tarde, disse que foi à Brasília como “um mero cidadão brasileiro” – pela visita, ídolo alvinegro perdeu o posto de embaixador do BMG, banco que patrocina o Corinthians.

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Antes da ida do ex-jogador ao Planalto, o presidente do PSL em São Paulo, Junior Bozzella, chegou a confirmar que Marcelinho seria candidato pelo PSL. No início da noite da quinta-feira, 30, ele mudou a versão ao jornal Lance!. Segundo o político, Marcelinho teria pedido 3 milhões de reais para a verba de campanha, valor considerado o teto deste tipo de financiamento, algo que seria incompatível com o projeto.

Em entrevista a PLACAR nesta sexta-feira, 31, Bozzella afirmou que a candidatura não acontecerá por uma escolha do próprio Marcelinho. “Ele queria dinheiro para fazer a pré-campanha, o que não podemos fazer já que a verba eleitoral é só para o período da eleição. Também pediu cargos para parentes, amigos. São esses maus costumes da política. Acho que ele carrega isso por vir de um processo mais contaminado. Quando percebeu que não iríamos atender às exigências, ele mesmo desistiu de concorrer”, disse o deputado, fazendo referência ao tempo em que o ex-jogador foi filiado ao PT.

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Dentro do partido, a questão não parece estar encerrada. O deputado Felipe Francischini, líder da legenda na Câmara dos deputados, disse a PLACAR na noite desta quinta que Bozzella está equivocado e não houve nenhuma exigência dessa magnitude de Marcelinho. Francischini afirma que o ex-jogador será candidato ao cargo de vereador em São Paulo pelo PSL. Bozzella argumenta que a questão “já está superada há meses” e que a vaga já foi ocupada por um pastor da Igreja Mundial.

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“O Francischini é deputado no Paraná e não tem legitimidade para falar sobre uma questão que envolve a eleição em São Paulo. Não podemos passar por cima de uma decisão democrática tomada pelas executivas estadual e municipal, dentro de um colegiado e não de forma unilateral. O Marcelinho poderia estar no processo, mas abriu mão disso. Ele desistiu e ninguém foi atrás dele para implorar para ele voltar. Agora a vaga já está preenchida”, completou Bozzella.

Caso a candidatura seja confirmada, o ex-jogador e jornalista será candidato pelo PSL, partido pelo qual Bolsonaro venceu as eleições de 2018 – em 2019, o presidente rompeu com a sigla e hoje está sem partido. Apesar das rusgas políticas, PSL e Bolsonaro dividem a mesma base eleitoral e Marcelinho se aproximou para chamar a atenção dos adeptos do presidente e, talvez, apagar o registro de alianças passadas.

Como no futebol – ele vestiu camisas de gigantes como Flamengo, Corinthians, Santos e Vasco –, Marcelinho não é um grande exemplo de fidelidade partidária. O jogador com mais títulos na história do Corinthians (ao lado do goleiro Cássio) já concorreu a cargos pelo PSB (deputado federal em 2010 e vereador em 2012), pelo PT (deputado estadual em 2014), pelo PRB (vereador em 2016) e pelo Podemos (deputado estadual em 2018). Nunca foi eleito.

Em entrevista ao programa Pânico, em 2014, quando era candidato petista à Assembleia paulista, elogiou o trabalho do já ex-presidente Lula e disse que “foi necessário um operário virar presidente para mudar a história do país”. Também exaltou a administração de Dilma e disse que Fernando Henrique Cardoso “não mudou nada”.

O último cargo político ocupado por Marcelinho Carioca foi como secretário de esportes de Ubatuba, município no litoral de São Paulo. Ele pediu exoneração da função para concorrer como deputado estadual pelo Podemos. Para sair como vereador pelo PSL em 2020, o ex-jogador deixará o trabalho na rádio Arena Tropical, onde atua como comentarista.

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