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Nova investigação aponta participação de Putin em escândalo de doping

Presidente russo teria negociado com Lamine Diack, então presidente da federação internacional, para encobrir casos de doping no atletismo

Uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) apontou envolvimento do presidente russo Vladimir Putin no escândalo de doping no atletismo do país. Segundo o documento de 89 páginas, que será divulgado na íntegra nesta quinta-feira, Putin sabia dos casos de doping e fechou acordos diretamente com a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) sobre quais atletas deveriam competir nos eventos internacionais.

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Escrito por Dick Pound, o chefe da comissão, o novo documento denuncia a “corrupção enraizada na IAAF” e destaca que os casos não foram apenas isolados. No informe, os investigadores revelam uma relação bem próxima entre o ex-presidente da entidade, o senegalês Lamine Diack, e Vladimir Putin. No final do ano passado, a Wada suspendeu preventivamente o atletismo russo de todas as competições – o que pode se estender para a Olimpíada do Rio de Janeiro, caso a punição seja mantida.

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Num dos trechos do informe, os investigadores mostram como Diack se reuniu com um dos advogados da entidade, Huw Roberts, que lhe contou que nove atletas russos haviam sido pegos nos testes de doping. O advogado teria questionado sobre como deveria lidar com o caso e Diack apenas explicou que “estava em uma posição difícil e que apenas poderia ser resolvida por Putin, com quem ele construiu uma amizade”. Nenhum dos nove atletas competiu no Mundial de Atletismo de 2013, mas os casos de doping não foram investigados.

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Em janeiro de 2014, o advogado pediu sua demissão, depois de ficar claro que ele não teria controle sobre os casos de doping envolvendo os russos. Diack havia escolhido outro advogado para lidar com os casos russos, Habib Cisse, seu advogado pessoal e sem qualquer experiência em casos de doping. Hoje, Cisse está sob investigação na França por corrupção.

Segundo os investigadores, o caso dos nove atletas russos foi resolvido em 2012, num hotel de Moscou. No encontro estavam Cisse, um dos filhos de Diack, um conselheiro de uma TV local e o chefe da Federação de Atletismo da Rússia, Valentin Balakhnichev.

No encontro, o pagamento da TV russa para a IAAF passou de 6 milhões de dólares para 25 milhões, sem motivos aparentes. Agora, Pound quer que o acordo seja investigado. O informe completo será revelado às 12h (horário brasileiro).

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Denúncias – No início de novembro, a Wada publicou um informe de 323 páginas descrevendo uma verdadeira indústria montada em Moscou para garantir medalhas com a ajuda do doping e o envolvimento direto do governo russo. Em 2012, em Londres, os russos ficaram em segundo lugar no atletismo, superados apenas pelos americanos, e o informe descreveu a atitude de Moscou como uma “sabotagem” contra os Jogos.

Rapidamente, o governo russo reagiu, alegando que tudo não passava de um “complô” internacional contra Moscou. Vladimir Uiba, chefe da Agência Federal Biomédica, acusou a Wada de fazer parte de uma campanha do Ocidente contra seu país. “São investigações com motivos políticos que entram na mesma categoria que as sanções contra a Rússia”, disse à agência Interfax.

Em 13 de novembro, a Iaaf julgou insuficiente as respostas dadas pelos russos diante das acusações de um programa generalizado de doping e optou por suspender a Federação Russa e seus atletas de todas as competições internacionais. O presidente da Iaaf, o inglês Sebastian Coe, disse no comunicado em seu site que o episódio foi “um vergonhoso alerta” e que novos casos de “trapaça, em qualquer nível, não serão tolerados.” A decisão foi tomada em reunião extraordinária do conselho da Iaaf. Foram 22 votos a favor da suspensão, um voto contra e uma abstenção (o membro russo do conselho não teve direito a voto).

(com Estadão Conteúdo)

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