Torcedores alviverdes aproveitaram o retorno da seleção brasileira ao país para exaltar sua belíssima e reformada casa – e provocar os rivais
A seleção brasileira jogou no país pela primeira vez desde a despedida melancólica da Copa do Mundo de 2014 – uma derrota por 3 a 0 para a Holanda, na decisão de terceiro e quarto lugares, dias depois do massacre alemão no Mineirão – e, sem dúvidas, deixou uma impressão melhor. Se não chegou a empolgar, a vitória deste domingo por 2 a 0 sobre o México, na arena do Palmeiras, foi animada pela agitação da torcida, sobretudo a da casa. Os palmeirenses ocuparam a maioria das arquibancadas de seu belíssimo e reformado estádio (mas com gramado ruim) e abusaram das brincadeiras e provocações. As vaias dos alviverdes desta vez tiveram como principais vítimas o técnico Dunga e, sobretudo, o volante Elias, um dos ídolos do rival Corinthians. A divertida torcida mexicana e as atrações no telão do estádio também contribuíram para o espetáculo que, em alguns momentos, fez lembrar o clima vivido nas arenas brasileiras durante a Copa, inclusive em relação aos preços: os 34.649 presentes geraram uma renda de 6,73 milhões de reais (uma média de 194 reais por entrada).
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O fato de a partida acontecer em São Paulo, cidade bastante exigente em relação ao time pentacampeão, criou certa expectativa negativa antes da partida. No entanto, de maneira geral, a torcida aprovou a volta do time ao país. No momento da escalação, Dunga e Elias foram os únicos vaiados. Mesmo depois de realizar uma grande jogada e dar a assistência para o gol de Diego Tardelli, o volante corintiano recebeu xingamentos dos torcedores palmeirenses. No momento de sua substituição, houve uma dupla ofensa: saiu o corintiano Elias, para a entrada de Casemiro, formado no São Paulo, e o estádio explodiu em vaias. Em alguns momentos, a torcida chegou a gritar “vamos ganhar, porco” e outras canções tradicionais do clube, o que gerou algumas reações da minoria não-palmeirense.
Um corajoso torcedor rival aproveitou um momento de silêncio para exclamar “Vai, Corinthians”, mas o abuso foi imediatamente repreendido pelos anfitriões. Na ausência de Neymar, o queridinho da torcida foi, disparado, o zagueiro David Luiz. Cada desarme do cabeludo foi bastante comemorado pelas arquibancadas. Aos 25 do primeiro tempo, vieram as primeiras vaias à equipe. E justamente neste momento, saiu o primeiro gol, em bela jogada de Philippe Coutinho. A partir daí, o público voltou a apoiar e foram ouvidos até gritos tímidos de exaltação a Dunga.
No duelo das arquibancadas, os brasileiros se apropriaram de três tradições nascidas – ironicamente – no México: os gritos de “olé”, a ola (momento em que os torcedores levantam os braços, de forma organizada, formando uma onda no estádio) e gritos que zombam da masculidade do goleiro rival a cada tiro de meta cobrado. Atrações no enorme telão também deram um tom de modernidade ao retorno da seleção a São Paulo. Antes do jogo, foram exibidos lances marcantes da história da seleção, com depoimentos de ídolos como Taffarel e Clodoaldo. Em seguida, a “câmera do beijo”, uma tradição dos esportes americanos, também divertiu os vários casais presentes. Na segunda etapa, o ritmo do jogo caiu bastante, mas não houve vaias, nem cobranças. Tampouco houve manifestações de carinho muito efusivas, o que não chega a ser uma surpresa em jogos de seleções. Mesmo sem o ídolo Neymar, o saldo da visita da seleção à capital paulista foi positivo às vésperas da Copa América. Existe amor (à seleção e, sobretudo, ao Palmeiras) em São Paulo.
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