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Nas Cataratas do Niágara, atletas brasileiros curtem o visual e o anonimato

Sem as credenciais penduradas no pescoço, o time feminino de futebol e os cavaleiros do hipismo escapam do assédio em Toronto e se refrescam com o spray natural do cartão-postal canadense

A vista é espetacular, o som empolgante. A água é azul, muito azul. Azul assim só nas praias mais exóticas do Caribe. Para sacramentar, a brisa, de tão refrescante, chega a embaçar os óculos dos visitantes que passam horas debaixo do sol a pino de verão. Essa combinação, que suscita tudo aquilo de mais cafona em termos de adjetivo, atrai todos os anos 12 milhões de visitantes. Basta! Trata-se das Cataratas do rio Níagara, encrustadas na fronteira entre Canadá e Estados Unidos.

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Apesar da distância considerável de Toronto (algo como 130 quilômetros), não é raro que os visitantes da capital da província de Ontario encarem a estrada para comprovar a olhos vivos toda a propaganda do cartão-postal. Neste mês de Julho, é evidente que muitos dos membros das delegações espalhadas pelas instalações dos Jogos Pan-Americanos irão aproveitar qualquer brecha existente no calendário de provas e compromissos para visitar o destino queridinho dos canadenses.

Nesta segunda-feira, foi o caso da equipe brasileira de adestramento no hipismo, medalhista de bronze no último domingo, e da seleção feminina de futebol se embasbacarem com a fúria das quedas d’água de Niágara. Mais do que uma selfie ou se refrescar do calor com ajuda do spray natural e incessante, os atletas aproveitam o momento para desligar a chave da competição e curtir a vida como quase anônimos. Por isso, quase todos fazem questão de circular pelo mirante das Cataratas sem credenciais ou medalhas no pescoço. Ali, são apenas outros das dezenas de milhares de turistas que se acotovelam por um espacinho de visão irrestrita.

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“É um momento merecido de descanso”, diz Marco Aurélio Cunha, diretor de futebol feminino da Confederação Brasileira de Futebol, que acompanhava a visita das meninas a cidade de Niagara Falls. “Mas fiz questão de vir um dia antes para ter certeza de que era tranquilo.” A equipe treinou pela manha e, no período da tarde, deixou a concentração para fazer o passeio. De fato, as jogadoras brasileiras puderam caminhar tranquilamente pelo mirante, parando apenas para fazer as próprias fotos e selfies – nem o próprio Marco Aurélio resistiu a tentação e fez um autorretrato com a queda Horseshoe (Ferradura, em inglês), a maior das três cachoeiras com 57 metros de altura.

Caminhando mais a frente, entre anônimos de todas as etnias e sotaques, uma conversa em português atraiu a atenção dos ouvidos. Era a equipe brasileira de hipismo e alguns familiares admirando a vista e o jato d’água. João Victor Oliva, filho da ex-jogadora de basquete Hortência Marcari, poderia até ser confundido com o cantor Justin Bieber – que, aliás, é canadense – não fosse a camiseta sem mangas com a estampa do Time Brasil. Perguntado se ele já havia avisado a mãe sobre o passeio, ou pedido dicas de como aproveitar a folga, ele revelou uma bronca. “Ela viu uma foto minha jogando sinuca, mas aqui é um passeio família.”

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