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Na seleção, Dorival vive ‘déjà vu’ como bombeiro e salvador da pátria

Em junho de 2023, à PLACAR, técnico fazia autocrítica sobre as trocas frequentes de trabalho: “não é saudável para ninguém”; relembre a entrevista

Por Da redação |
Dorival tem 30 jogos e 16 vitórias na segunda passagem pelo Tricolor - Rubens Chiri/São Paulo FC

Dorival tem 30 jogos e 16 vitórias na segunda passagem pelo Tricolor - Rubens Chiri/São Paulo FC

Dorival Júnior trocou de trabalho e agora é o novo técnico da seleção brasileira. A confirmação veio neste domingo, 7, com uma nota oficial do São Paulo informando seu desligamento. Aos 61 anos, o treinador que já comandou mais de 20 equipes pelo país tem uma missão que não é novidade em sua carreira: ser bombeiro e acabar com o caos que consome o ambiente da CBF – ao menos dentro de campo.

À parte os episódios polêmicos de bastidores que cercam a política da CBF, a seleção brasileira não vai bem dentro de campo. Logo após o retorno de Ednaldo Rodrigues ao cargo máximo da entidade e a demissão de Fernando Diniz por telefone, o nome de Dorival já entrou no radar.

Nas Eliminatórias Sul-Americanas, o Brasil é apenas 6º colocado, com sete pontos, atrás de Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Equador. São oito pontos de distância da líder albiceleste. Outro desafio é a Copa América, que acontecerá em junho, nos Estados Unidos.

Em entrevista exclusiva à PLACAR, na edição de junho de 2023, Dorival Júnior comentou sobre a troca de trabalhos ao longo de sua carreira, quase sempre como bombeiro e salvador da pátria: “Eu nunca falei um ‘não’ para outro clube, a não ser em momentos que tive necessidade porque não poderia de maneira nenhuma atendê-los. Nunca falei não”.

Ao todo, foram 21 equipes comandadas e, em sete oportunidades, o treinador aceitou treinar equipes que lutavam contra o rebaixamento na elite do futebol nacional.

Ainda durante o bate-papo, concluiu: “isso não é saudável para ninguém”. Por isso, após a demissão no Athletico-PR, em 2020, ficou um ano e meio sem trabalhar, até retornar à beira do campo como técnico do Ceará.

“Eu sempre fiz ao contrário. Durante 12 anos na minha carreira eu saí de um clube em um dia e no outro já estava empregado. Por isso comecei a espaçar mais esses trabalhos. São momentos importantes que você busca um reequilíbrio para que aí, sim, possa chegar atuando em um clube independente do momento, da situação e das necessidades que tenham”.

“Só para vocês terem uma ideia: eu saí em um dia do Figueirense e acertei no dia seguinte com o Fortaleza, saí do Fortaleza e acertei com o Sport em 2006, depois no dia seguinte estava fazendo contrato com o São Caetano, do São Caetano para Belo Horizonte, saí do Cruzeiro para o Coritiba, do Coritiba com o Vasco e isso sucessivamente. Como vinham acontecendo resultados, conquistas, você acha que aquilo é certo, que aquilo é o correto, e nem sempre. Às vezes você não esqueceu de um clube e está no dia seguinte vestindo a camisa de um outro. Lógico que se eu pudesse voltar lá trás talvez eu tivesse tomado uma outra posição. Quando saí do Santos em 2010 eu pego o Atlético-MG que estava em uma zona de rebaixamento há vinte e poucas rodadas, brigando sem perspectivas”.

E muitas vezes sendo um bombeiro –
“Exatamente, foram sete oportunidades (em times que brigavam para não cair). Então eu nunca visualizei isso: ‘olha, isso é bom ou ruim para a sua carreira’. Sempre pensei no clube, nos profissionais que ali estavam, compreender e considerar as situações. Poderia ter sido muito ruim, em termos, para a minha carreira até porque saía de um Santos campeão da Copa do Brasil, Paulista, o melhor time do Brasil, pegando um outro clube em momento desconfortável. O Santos brigava pela terceira colocação naquele instante do Campeonato Brasileiro”.

“Não é um erro, está no íntimo de um profissional querer trabalhar a todo o momento… talvez fizesse diferente, mas sempre enfrentei esse tipo de situação e nunca me preocupei, sempre confiei muito no meu trabalho”.

“E olha, pegar sete equipes grandes do futebol brasileiro na zona de rebaixamento, e cada uma com características que mudam muito de um clube para outro, para mim foram desafios muito grandes. E desafios que me fizeram crescer muito profissionalmente, mas muito. Então, por isso que hoje para mim não existam mais novidades no futebol, um fato que me surpreenda, uma situação inusitada. Eu acredito que já tenha vivenciado de tudo. Mudam os endereços, mudam os anos, mas acredito que, talvez, não tenha mais nenhuma novidade para que eu possa conviver. Algum tipo de situação que eu não tenha passado”.

Confira todos os clubes que Dorival Júnior já treinou na carreira:

Ferroviária
Figueirense
Fortaleza
Criciúma
Juventude
Sport
Avaí
São Caetano
Cruzeiro
Coritiba
Vasco (2x)
Santos
Atlético Mineiro
Internacional
Flamengo (2x)
Fluminense
Palmeiras
Santos (2x)
São Paulo (2x)
Athletico Paranaense
Ceará

Dorival posa para a PLACAR pouco antes do título da Copa do Brasil – Alexandre Battibugli/Placar
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