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‘Na liga, todos ganham’, diz vice-presidente da NBA para a América Latina

Arnon de Mello explica o sucesso do campeonato de basquete entre os jovens e diz o que é preciso fazer para que o futebol brasileiro siga linha semelhante


LIDERANÇA - Engajado: “Colocamos o lema Black Lives Matter nas quadras” -
LIDERANÇA – Engajado: “Colocamos o lema Black Lives Matter nas quadras” – Markos Fortes/Divulgação

A que se deve o sucesso da NBA entre os jovens? Nosso foco está no digital. A série do Michael Jordan na Netflix (The Last Dance) ajudou, fizemos parcerias com a Marvel e com o Gaules, um famoso streamer brasileiro de games na Twitch. Houve uma quebra de paradigma. Antes dizíamos ao torcedor: “Venha nos encontrar em nossa casa”. Hoje é: “Queremos ir até você”.

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Qual a posição do Brasil nesse mercado? Estamos sempre entre os líderes de seguidores nas redes sociais. Temos doze lojas, somos o segundo país com mais inscritos no app NBA League Pass. Em 2016, tínhamos 21 milhões de fãs no Brasil. Agora são 44 milhões.

Ao contrário de outras ligas, que evitam politizar o esporte, a NBA se destaca nesse sentido. Nossos jogadores sempre foram muito engajados com as causas sociais. A NBA entende o papel que tem dentro da sociedade e não se esconde. Os jogadores são sócios da liga e participam das decisões. Colocamos o lema Black Lives Matter na quadra, os nomes das vítimas de violência policial nas camisas, ajoelhamos no hino. Isso dá orgulho.

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Neste momento, o futebol brasileiro volta a discutir a criação de uma liga independente da CBF. Pode dar certo? Tenho certeza que é o único caminho para a redenção do futebol no Brasil. Digo isso com conhecimento de causa. O fator primordial para que a proposta saia do papel é a união dos clubes. O futebol precisa ser uma plataforma de entretenimento e conteúdo.

Mas é possível acreditar em união? Atualmente, as cotas de TV sustentam o futebol, mas esse modelo está fadado ao fracasso. É preciso encontrar caminhos. O que vale 100 em um ano pode valer 200 no outro. Numa liga, há direitos coletivos e igualitários, mas também os individuais, como patrocínios. Uns sempre vão ganhar mais que outros, mas como liga todos lucrarão.

Quem deveria ser o CEO da liga? Ele não deve estar associado a um clube, o que tira a credibilidade. É preciso olhar para fora e trazer uma pessoa do mercado, alguém ligado a direitos de mídia e que tenha visão de futuro.

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Um clube brasileiro pode se tornar uma marca global? Claro, vários poderiam, mas isso passa por fortalecer o campeonato. Clubes como Chelsea e Manchester United se tornaram gigantes na Ásia porque a Premier League cresceu. Já disse isso à CBF várias vezes. É absurdo a entidade não ter um escritório no exterior. A NBA possui treze.

Publicado em VEJA de 14 de julho de 2021, edição nº 2746

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