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Na Inglaterra, novela mais longeva do mundo debate homofobia no futebol

No ar há 60 anos, ‘Coronation Street’ retrata atualmente a história de um jogador de futebol que sofre para assumir sua orientação sexual

A homofobia no futebol não é um tema novo, mas está cada vez mais em pauta. No Brasil, campanhas de apoio à comunidade LGBT e punições aos torcedores que insistem em manifestar seu preconceito nos estádios têm se tornado comuns, ainda que o problema esteja longe de ser erradicado. Na Inglaterra, o assunto vem sendo debatido na novela mais longeva do mundo: Coronation Street, no ar há desde 1960 pelo canal ITV. O protagonista é o jogador fictício James Bailey, protagonizado pelo ator Nathan Graham.

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Coronation Street é uma novela que já atravessou quase seis décadas no ar e, apesar do nome (rua da coroação, em inglês) e de historicamente ter membros da realeza como parte de sua fiel audiência, nada tem a ver com a monarquia britânica. Trata do dia a dia da classe trabalhadora na cidade fictícia de Weatherfield, e, de tempos em tempos, apresenta novas temáticas. Na atual trama, um jogador de futebol tem de lidar com boatos sobre sua sexualidade e as dificuldades de lidar com isso num vestiário machista.

O ator Nathan Graham espera que a história possa expandir o debate e encorajar atletas gays a se posicionarem. “Espero que alguém que esteja assistindo possa pensar: OK, eu posso fazer isso. Talvez eu possa ser o primeiro jogador a assumir”, afirmou Nathan em entrevista à BBC. Atualmente, assim como no Brasil, não há nenhum caso de atleta assumidamente gay na elite do futebol inglês.

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Para compor o papel, Nathan, que não é gay, diz ter conversado com Keegan Hirst, atleta de rúgbi que revelou sua homossexualidade em 2015. “Percebei que esse ainda é um grande problema. Se não fosse, creio que haveria jogadores de futebol abertamente gays no mundo”.

O último caso de jogador – o primeiro entre atletas do futebol – que se assumiu gay quando ainda jogava na Inglaterra foi o de Justin Fashanu, há 30 anos. O atacante com passagens por diversos clubes, como Nottingham Forest e Manchester City, cometeu suicídio em 1998, oito anos após revelar publicamente a sua orientação. Na época, ele respondia a uma acusação de agressão sexual contra um jovem de 17 anos.

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Em fevereiro passado, o ex-atacante passou a fazer parte do hall da fama do Museu Nacional do Futebol, sediado na cidade de Manchester United, por seus feitos dentro de campo e pela representatividade em ter sido o primeiro jogador de futebol a assumir a homossexualidade ainda em 1990.

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“O mundo avançou bastante desde então, mas ainda não avançou o suficiente nesta área, há um estigma”, afirmou Nathan. A BBC também ouviu Craig Bratt, que é gay e trabalha na equipe de imprensa do clube Exeter City, da terceira divisão inglesa. Ele relatou o quanto o meio do futebol ainda é homofóbico, mas disse acreditar que o cenário de mudança está sendo preparado.

“Não tenho certeza de que alguém seja forte o suficiente ou tenha confiança para ser o primeiro jogador (abertamente gay da atualidade). Quem puxar a fila primeiro terá muita atenção, pedido de entrevistas. Acho que quando tivermos um segundo, terceiro, quarto, quinto, será normal. Aí ninguém realmente se importaria com histórias sobre jogadores gays.”

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