Museu Pelé completa um ano com prejuízo de R$ 290 mil
Com acervo de 2.545 peças, exposição recebeu cerca de 80.000 visitantes
O Museu Pelé, espaço reservado à história do maior jogador de futebol de todos os tempos, em Santos, no litoral sul de São Paulo, completou um ano de inauguração nesta segunda-feira – acumulando um prejuízo de 290.000 reais. A abertura do local aconteceu às pressas, durante a Copa do Mundo, com investimento de 50 milhões de reais (65% de patrocinadores e o restante dos governos federal, estadual e municipal) e obras aceleradas nos últimos dois meses antes da inauguração.
Segundo o próprio Pelé, o local recebeu um grande número de visitantes durante a Copa, mas a frequência caiu nos últimos meses. “Mas vai melhorar na Olimpíada”, apostou o ex-jogador de 74 anos. “Recebemos 1.700 pessoas por dia na época da Copa. Estava sempre cheio. Após o Mundial e a crise financeira, a expectativa foi revista e o número atual está dentro do crescimento planejado, que é de 120.000 pessoas no primeiro ano. A frequência em dias mais fracos é de 100 pessoas. Desde a inauguração, já recebemos 80.000 visitantes”, afirma José Eduardo Moura, diretor do museu.
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Segundo Moura, o objetivo do projeto não é obter retorno financeiro do investimento, mas sociocultural. Estudantes da rede pública não pagam entrada. Funcionários públicos, alunos de escolas particulares, idosos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes pagam meia. A entrada custa 18 reais – o Museu do Futebol, em São Paulo, cobra 6 reais e inclui uma visitação ao Estádio do Pacaembu.
O projeto do Museu Pelé foi desenvolvido com apoio da Lei Rouanet (8.313/1991). Entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, foram contabilizadas despesas de 456.782,52 reais e receita de 166.424,00 reais com a bilheteria, totalizando um prejuízo de 290.358,52 reais. Atualmente, a diferença é totalmente bancada pela organização AMA Brasil. A captação de 11 milhões de reais, por meio da Lei Rouanet, já foi aprovada, mas a fase ainda é de prospecção. Segundo José Eduardo Moura há uma dificuldade agravada pela crise econômica em obter os patrocínios necessários para dar início a projetos.
Exposição – Com um acervo de 2.545 peças, que serão apresentadas aos poucos em mostras temporárias, o museu ocupa o Casarão do Valongo, imóvel de aproximadamente 4.200m² na região central da cidade, próximo às docas do porto. O prédio de estilo neoclássico erguido em 1865, onde funcionaram Prefeitura de Santos e Câmara Municipal, foi praticamente reconstruído. Fechado desde 1939, sobreviveu a dois incêndios e suas ruínas simbolizavam a degradação e a decadência da área, agora revitalizada.
A visita começa em uma área chamada Linha do Tempo, que exibe momentos desde o nascimento em Três Corações (MG), passando pela mudança para Bauru (SP) e o começo no futebol, até a cerimônia de entrega da Bola de Ouro em janeiro de 2014, na Suíça. Objetos como o rádio que seu Dondinho, o pai de Pelé, usava para escutar jogos da Copa de 1950, a caixa de engraxate que o pequeno Edson carregava ainda criança, além de muitas camisas, chuteiras, medalhas e fotos, com destaque especial para o troféu de Atleta do Século do jornal francês L’Équipe estão expostos no Museu Pelé.
Três exposições temporárias estão em cartaz atualmente. A maior delas, batizada de “Quatro Copas e Um Rei”, ocupa vários andares. São dezenas de peças, como uma réplica da Taça Jules Rimet, 13 filmes e muitas fotos sobre as Copas de 1958, 1962, 1966 e 1970. No espaço interativo, os amantes do futebol podem assistir a um documentário em um auditório com 100 lugares, bater pênaltis contra um goleiro digital e participar de um jogo de perguntas e respostas sobre a carreira do Rei.
(com Estadão Conteúdo)