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Mourinho ‘reencontra’ Corinthians, 13 anos após sufoco no Pacaembu

Em 2006, treinador foi ver time de Carlitos Tevez diante do River Plate, mas confusão com torcida o obrigou a se “refugiar” no vestiário corintiano

José Mourinho será uma das “atrações” da partida entre Corinthians e Racing nesta quinta-feira, 14. Desempregado desde que deixou o Manchester United em dezembro do ano passado, o treinador português comentará a partida válida pela primeira fase da Copa Sul-Americana, na RedeTV!, como contratado da empresa DAZN, responsável pela transmissão. Mourinho, que tem o hábito de passar férias no Brasil, já acompanhou, in loco, uma partida do Corinthians há mais de uma década. E não guarda boas lembranças.

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Em 4 de maio de 2006, o então treinador do Chelsea, com o título inglês já garantido, veio ao Pacaembu acompanhar a partida de volta das oitavas de final da Libertadores, entre Corinthians e River Plate. Seu objetivo era analisar possíveis reforços para a equipe inglesa, com atenção especial para Carlitos Tevez. Na época, o Corinthians era administrado pela MSI, um grupo de investidores britânicos e russos, que mantinha ligações com o Chelsea.

O jogo nem sequer durou 90 minutos. Com o Corinthians perdendo por 3 a 1, com um gol contra de Coelho e dois de um jovem Gonzalo Higuaín, a torcida tentou invadir o gramado, entrou em confronto com a polícia e o árbitro encerrou o jogo, com atletas correndo rumo aos vestiários. Diante do caos instalado no Pacaembu, Mourinho teve de se “refugiar” no vestiário do Corinthians durante algumas horas, até que o policiamento garantisse sua segurança.

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A história pouco conhecida foi contada em detalhes na biografia de Javier Mascherano, Jefe (Chefe, em espanhol), lançada em 2015 e não publicada no Brasil. O consagrado volante argentino, que atuou pelo Corinthians entre 2005 e 2006, estava suspenso da partida contra o ex-clube, por ter sido expulso na derrota por 3 a 2 no jogo de ida.

Biografia 'Jefe' de Javier Mascherano
‘Biografia ‘Jefe’ de Javier Mascherano Editora Planeta/Reprodução

“Mou olhava desconcertado. Os policiais fizeram um mapeamento visual e se foram. O rumor era que procuravam o magnata russo Boris Berezovsky, que supostamente andava pelo país – apesar do pedido de captura internacional emitido por Suíça e Inglaterra – porque queria comprar a Varig (…) Mas o que poderia estar fazendo Berezovsky no Pacaembu? E Mourinho, acompanhado esta noite pelo empresário israelense Pinhas Zahavi? Havia um fio que ligava estes três sobrenomes, tão estranhos na vida do Timão? Havia. Mourinho era o treinador do Chelsea, propriedade do russo Roman Abramovich, então sócio de Berezovsky; e Zahavi também tinha negócios com o homem procurado pela polícia. (…) A noite de quinta-feira 4 de maio se fez madrugada de sexta 5. Era 1h20 da manhã quando os jogadores do Corinthians puderam deixar o vestiário local do Pacaembu, onde também havia se refugiado um atribulado Mourinho. Com o estádio já às escuras, a desolação pela batalha campal estava marcada nos alambrados.”, escreveram Andrés Eliceche e Alfredo Ves Losada, autores da biografia.

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‘Amendoins e bananas’

No vestiário corintiano, Mourinho reencontrou o meia Carlos Alberto, com quem conquistara a Liga dos Campeões pelo Porto dois anos antes. Ao longo de sua carreira, o consagrado treinador manteve o hábito de vir à América do Sul “recrutar” atletas baratos. Em uma longa entrevista concedida à BBC, justamente em 2006, Mourinho deixou escapar uma declaração inusitada ao relembrar o período em que trabalhou no modesto União de Leiria, no segundo semestre de 2001.

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Ele vinha de uma decepção no Benfica e queria fazer sucesso imediato para chamar novamente a atenção de clubes grandes. “Aí fui ao Brasil para encontrar jogadores por amendoins e bananas, sem dinheiro”, brincou Mourinho em papo com o ex-jogador Gary Lineker (confira no vídeo abaixo)Então um completo anônimo, Mourinho foi ao Maracanã assistir a um Flamengo e Volta Redonda e se encantou pelo atacante Maciel, do time da “Cidade do Aço”. Por uns trocados, conseguiu levar o jogador a Portugal.

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Fez o mesmo com o atacante Jaques, que atuava no Sport Recife – talvez tenha nascido aí a paixão de Mourinho por Pernambuco, onde ele e sua família costumam passar férias. No Leiria, já estavam outros jogadores brasileiros, como o zagueiro Éder Gaúcho (ex-Grêmio) e o atacante Derlei (vindo do Madureira). Os planos de Mourinho deram muito certo: ainda no meio da temporada, com seu surpreendente Leiria em terceiro na liga, recebeu o convite do Porto.

Nesta quinta-feira, Mourinho não vai à Itaquera. Comentará o jogo pela RedeTV! direto de sua casa, em Lisboa. Mas possivelmente se lembrará dos apuros que passou em um jogo do Corinthians diante de um argentino.

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