‘Mão de Deus’ e provocações: as melhores frases de Maradona
Ídolo argentino tinha uma língua tão afiada quanto sua perna esquerda; relembre declarações marcantes
Morreu nesta quarta-feira, 25, não apenas um dos melhores e mais amados jogadores de futebol de todos os tempos, mas um dos mais criativos e contundentes frasistas do esporte. Diego Armando Maradona, que não resistiu a uma parada cardíaca aos 60 anos, tinha uma língua tão afiada quanto sua perna esquerda. Provocador, debochado e passional, Dieguito colecionou desafetos e declarações marcantes.
Quase ninguém escapou da fúria de Maradona. Sobrou para Messi, João Havelange, Sampaoli, políticos americanos e até para a torcida da Itália, país onde também é reverenciado. Relembre, abaixo, algumas de suas pérolas:
“Durante 364 dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os 365 dias do ano”,
Às vésperas da semifinal da Copa do Mundo de 1990 entre Argentina e Itália, justamente no estádio do Napoli, onde era um ídolo absoluto, Maradona recorreu ao histórico preconceito sofrido pela população do sul do país – vista por boa parte dos nortistas de Milão, Roma ou Turim como sujos, ignorantes ou até mafiosos – para tentar puxar a torcida a favor dos argentinos. Não conseguiu, mas saiu vitorioso nos pênaltis.
“Filhos da p… filhos da p…”
Na mesma Copa de 1990, a torcida de Roma reagiu à provocação de Maradona na grande decisão entre Argentina e Alemanha e vaiou o hino do país sul-americano. O camisa 10 ficou revoltado e, justamente no momento em que a câmera passava por ele, xingou as mães dos italianos, dando ênfase a cada sílaba. Em campo, perdeu o jogo por 1 a 0.
“Eu era, sou e serei um viciado em drogas. A droga é um pac-man que vai comendo toda a sua família.”
Em 1996, em entrevista à revista Gente, Maradona falou sobre o seu vício em cocaína, iniciado ainda em seus primeiros anos no futebol europeu. Ele foi diversas vezes punido por doping e lutou a vida toda contra a dependência.
“Eu me equivoquei. Me equivoquei e paguei pelos meus erros. Mas a bola não se mancha.”
Emocionado, em sua despedida do futebol, vestindo a camisa do Boca em La Bombonera, em 2001, Maradona cunhou uma de suas frases mais recordadas. Anos depois, disse ter ouvido do técnico Cesar Luis Menotti que ‘la pelota no se mancha’ é a frase mais linda já dita.
“Bush é um assassino, prefiro ser amigo de Fidel.”
Em 2003, durante visita a China, Maradona aproveitou para comparar os dois líderes e reafirmar sua admiração pelo líder cubano. Em outras ocasiões, Maradona chegou a dizer que odiava tudo que era relacionado aos Estados Unidos
“Meus sonhos são dois: disputar a Copa do Mundo e ser campeão “
Esta é uma das primeiras declarações públicas de Maradona, ainda criança, na favela de Vila Fiorito, na grande Buenos Aires, onde cresceu. Cumpriria a primeira meta em 1982 e a segunda em 1986.
“Muitos dizem que marquei com a mão. Eu digo que fiz isso com a cabeça e a mão de Deus.”
Uma das várias frases de Maradona citando a “mão de Deus” com a qual marcou um dos gols da vitória sobre a Inglaterra nas quartas de final da Copa de 1986
“Na clínica, há um cara que acha que é Napoleão, outro Robinson Crusoé, e ninguém acredita que sou Maradona.”
Maradona fez piada sobre sua passagem por um clínica de reabilitação em Cuba, em 2004. Na época, auge de sua obesidade, o astro diz ter ficado “à beira da morte”
“Ele deixou a tartaruga escapar”
Outra das frases mais recordadas, repleta de ironia de Maradona, foi dirigida a Julio Grondona, então presidente da AFA, e um dos vários desafetos do craque. A analogia de deixar uma tartaruga escapar, um sinal de desatenção ou falta de inteligência, virou praticamente um ditado popular na Argentina.
“Cortaram minhas pernas”
Maradona logo depois ser cortado da Copa de 1994 ao testar positivo para efedrina. O camisa 10 sempre jurou não ter se dopado e acusou o brasileiro João Havelange, então presidente da Fifa, de ter armado a situação para prejudicar a Argentina
“Se você jogar uma bola para Sampaoli, ele a devolve com a mão”
Maradona sobre o atual técnico do Atlético Mineiro, que, segundo ele, não tinha conhecimento suficiente para dirigir a seleção argentina
“Messi é uma boa pessoa, mas não tem personalidade para ser um líder”
Em 2016, em conversa com Pelé durante evento promocional em Paris, Maradona foi traído por um microfone ligado ao comentar sobre Messi, a quem, publicamente, sempre demonstrou carinho e admiração.
“Às vezes me pergunto se o povo seguirá me amando.”
Esta foi uma das últimas declarações de Maradona, no dia de seu aniversário de 60 anos, ao diário Clarín, justamente a publicação que noticiou sua morte em primeira mão.