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Lipnitskaia sofre queda e termina primeiro dia da patinação em quinto

Sensação da disputa por equipes, a jovem patinadora russa cometeu um erro em um salto. A brasileira Isadora Williams, muito nervosa, também teve falhas em sua apresentação e ficou em último lugar

Era a apresentação mais esperada. Quando a jovem de 15 anos Julia Lipnitskaia entrou no rinque do palácio de patinação Iceberg, a plateia explodiu em alegria, gritando o nome de sua mais nova queridinha do esporte. A apresentação curta, a primeira das duas programações que as atletas realizam para decidir a campeã olímpica, foi ensaiada durante uma semana, na clausura em Moscou, e ia bem até o terceiro salto. Após uma complicada sequência de passos de dança, Julia decolou. Na aterrissagem, suas pernas não a seguraram. A queda fez a atleta ficar de joelhos no gelo, uma falta grave para os juízes. Ao final, nem os giros em velocidade absurda – sua marca registrada – salvaram a apresentação. Sua pontuação, 65.23, a colocou apenas na quinta colocação (nove pontos atrás das três primeiras da noite).

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Em sua rotina, Julia desenha um coração no gelo e o entrega para o público. Mas foi a plateia que, com o coração partido, tentou consolar a patinadora, jogando dezenas de ramalhetes de flores mesmo depois do desfecho inesperado. Mas não foi suficiente. A insatisfação estava estampada no olhar de Julia, que parecia repassar mentalmente os momentos que haviam acabado de acontecer. Ela recebeu a nota e passou batido pela área reservada às entrevistas. Depois de muito insistirem, parou diante do microfone cabisbaixa, começou a tirar as luvas cor de pele de uma das mãos, refletindo sobre sua apresentação. Após alguns segundos em silêncio, achou que era melhor seguir o zigue-zague da zona mista sem conversar com ninguém. Mais à frente, novamente instada a falar, murmurou algumas palavras. “Ensaiei essa sequência em Moscou, tudo tinha dado certo. Mas acabei me cansando após a sequência de passos, não senti minhas pernas e por isso cometi esse erro.” E fez uma promessa que não sabe se poderá cumprir. “Eu ainda vou lutar por uma medalha. Minha pontuação não foi tão baixa.” A competição continua nesta quinta para as 24 melhores colocadas na primeira apresentação.

Àquela altura, ela achava que estava ainda na terceira posição, mas a russa foi ultrapassada pela italiana Carolina Kostner (74.12) e por sua compatriota Adelina Sotnikova (74.64) – as duas ficaram atrás da líder da competição, a sul-coreana Yu-Na Kim (74.92), por décimos de ponto. A técnica de Julia, Eteri Tutberidze, tratou de consolar sua pequena notável e defendê-la das perguntas após a falha na apresentação desta quarta. “Ela simplesmente cometeu um erro. Acontece”, disse Elena, entre uma navalhada e outra com os olhos. “Honestamente, eu não sinto que preciso explicar para vocês qual foi o erro ou por que ele aconteceu. Todos viram com os próprios olhos. Um salto em falso não define sua carreira. Ela é uma atleta, não uma criança.”

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Pressão – Outras atletas também sentiram o peso da prova olímpica. A japonesa Mao Asada, uma das favoritas para essa competição, se desequilibrou duas vezes. E teve nota ainda pior que a de Julia: 55.51 pontos. A brasileira Isadora Williams, a primeira atleta do país a participar da patinação artística nos Jogos de Inverno, ficou atrás das demais 29 patinadoras na pontuação final. Apesar da torcida local, empolgada com uma brasileira na disputa, Isadora estava visivelmente nervosa. Isso a prejudicou logo nos seus dois primeiros saltos e abaixou muito a sua nota final, 40.37. Com o resultado, a jovem de 18 anos, nascida nos Estados Unidos mas que escolheu a pátria de sua mãe, não se classificou. “A plateia me incentivando me deixou ainda mais nervosa. Mas só tenho de agradecer pelo apoio que me deram”, disse Isadora, lutando para segurar o choro na frente dos jornalistas.

Choro que veio logo em seguida, nos braços da mãe, a mineira Alexa Williams, que viu o nervosismo da filha de longe: “Eu pude ver pelo telão que ela chacoalhava as mãos para baixo, com força. Esse é um movimento que ela aprendeu na yoga, justamente para relaxar.” Mesmo com o resultado abaixo do que esperavam, mãe e filha repetem o discurso sobre a importância da primeira participação brasileira na patinação: “Espero que o sonho da Isadora não termine aqui. Que ela inspire muitas pessoas a virem para a patinação. Meninos e meninas. Que a gente fortaleça os futuros atletas do gelo do Brasil”, disse Alexa, a mãe coruja.

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