Liga dos Campeões: Allegri supera desconfiança sem perder a calma
Treinador da Juventus sofreu alta rejeição em sua chegada ao clube, em 2014, mas conseguiu conquistar torcida com seu estilo sereno e ótimos resultados
Tudo ia bem em 2014 para a Juventus, então tricampeã italiana, até que, sem que ninguém esperasse, Antonio Conte pediu demissão. Imediatamente, a torcida alvinegra entrou em pânico pela perda do homem que comandou a volta do clube ao topo do futebol do país. E o medo virou raiva quando foi anunciado o nome do sucessor de Conte, hoje no Chelsea: Massimiliano Allegri.
Alguns meses antes, Allegri havia sido demitido pelo Milan por causa de maus resultados – embora tenha sido campeão nacional com o clube em 2011. Uma enquete feita pelo jornal “Tuttosport” em seu site teve como resultado 91% de reprovação à contratação do treinador nascido em Livorno. Allegri, no entanto, não se abalou. Com seu temperamento pacífico e paciente – muito diferente do explosivo Conte –, ele esperou a poeira baixar e deixou seu trabalho acalmar os ânimos.
Com o tempo, o jeito tranquilo de Allegri mostrou-se um grande trunfo, pois o elenco da Juventus já estava cansado da intensidade sufocante de Antonio Conte. E os resultados do ex-técnico do Milan já superaram o do antecessor, que conquistou no clube três títulos italianos. Allegri igualou essa marca, e acrescentou a ela duas Copas da Itália e duas finais da Liga dos Campeões.
Em uma entrevista ao jornal espanhol “El País”, Allegri falou sobre sua maneira relaxada de ser: “O trabalho é tão importante quanto o descanso. Quando ouço que é preciso trabalhar 24 horas por dia, eu penso: como assim? O cérebro vai fundir, a cabeça vai explodir e você não vai conseguir nada”, disse o técnico, que comentou também a rejeição inicial da torcida da Juventus à sua contratação. “Não sei por que não acreditavam em mim. Acho que pensaram que, depois de três anos com Conte, não era conveniente trocar o certo pelo duvidoso.”
Com toda essa calma, Allegri prepara a Juventus para voltar a ganhar a Liga dos Campeões da Europa, contra o Real Madrid, após 21 anos de espera. Se isso ocorrer, será o ponto mais alto da carreira de um treinador que começou a fazer sucesso em 2008, no Cagliari, e que encarou o comando de dois gigantes italianos sem nunca perder a serenidade.