Publicidade
Publicidade

LeBron James mexe no vespeiro entre NBA e China (e se dá mal)

Astro do Los Angeles Lakers criticou tuíte de dirigente que iniciou crise diplomática. Depois, recorreu ao próprio Twitter para esclarecer suas declarações

A NBA segue em crise diplomática (e financeira) com a China e o conflito ganhou um badalado reforço na última segunda-feira 14. LeBron James, o maior astro da liga americana de basquete, que costuma ser uma voz importante na defesa das minorias – e é um assíduo crítico do presidente Donald Trump –, resolveu mexer no vespeiro. Como quase todos os envolvidos, depois teve de voltar ao tema para “esclarecer” alguns pontos.

Publicidade

Primeiro, LeBron criticou o diretor executivo do Houston Rockets, Daryl Morey, autor do tuíte sobre os protestos em Hong Kong que desencadeou toda a crise. “Lute pela liberdade, apoie Hong Kong”, escreveu Morey, no último dia 4, na rede social, em apoio aos protestos contra o governo chinês. A repercussão foi imediata e o dirigente apagou a postagem horas depois. Tarde demais.

“Não quero entrar numa discussão verbal com Daryl Morey, mas acredito que ele não tinha conhecimento suficiente sobre a situação em questão ou estava mal informado”, declarou James antes da partida de pré-temporada de seu time, o Los Angeles Lakers, contra o Golden State Warriors, no Staples Center.

Publicidade

“Muitas pessoas poderiam ter sido prejudicadas não só financeiramente, mas também física, emocional e espiritualmente, então é preciso ter cuidado com o que tuitamos, dizemos e fazemos”, continuou o jogador de 34 anos. “Sim, temos liberdade de expressão, mas também pode haver muitos aspectos negativos por causa disso.”

James, que em tantos momentos se apresentou como um defensor da liberdade de expressão, foi acusado de hipocrisia e de estar apenas tentando sustentar os milionários laços econômicos entre a liga e o país – estima-se que 800 milhões de chineses acompanharam a NBA em 2018, audiência maior que a dos Estados Unidos. Horas depois, LeBron recorreu ao Twitter para se explicar melhor.

“Deixem-me esclarecer esta confusão. Não creio que tenha havido consideração para as consequências e ramificações do tuíte. Não discuto o conteúdo. Outras pessoas podem falar sobre isso. Minha equipe e eu acabamos de passar por uma semana difícil. As pessoas precisam compreender as consequências que um tuíte ou uma declarações podem ter nos outros. E acredito que ninguém parou para pensar o que aconteceria. Ele poderia ter esperado uma semana”, escreveu.

Publicidade

Continua após a publicidade

LeBron James e os Lakers estiveram na última semana na China para disputar dois jogos de exibição contra o Brooklyn Nets, em meio à comoção provocada pelo tuíte de Morey. A região autônoma chinesa é palco de manifestações cada vez mais violentas desde junho entre as forças de repressão e cidadãos, que exigem menor controle do governo de Pequim.

O governo e outras vozes influentes na China expressaram seu repúdio ao tuíte de Morey, visto como uma intromissão em um assunto que diz respeito à soberania do país. O comissário da NBA, Adam Silver, se negou a pedir desculpas pelo ocorrido, o que agravou a crise.

“A NBA não se permite regulamentar o que os jogadores, funcionários e donos das equipes dizem ou deixam de dizer sobre esses temas”, declarou Silver. Em relação ao possível cancelamento da exibição de jogos da NBA no lucrativo mercado chinês, o comissário afirmou: “É uma pena, mas se essas são as consequências de aderirmos a nossos valores, sentimos que é de vital importância seguir com eles.”

Oficialmente, porém, a liga teve postura diferente. Em um comunicado em inglês, a liga afirmou que “admitimos que as opiniões expressadas pelo gerente-geral do Rockets, Daryl Morey, ofenderam profundamente muitos de nossos amigos e torcedores na China, o que é lamentável”.

A versão em chinês emitida pela NBA foi além. “Estamos extremamente decepcionados com os comentários inadequados feitos pelo gerente-geral do Rockets, Daryl Morey. Temos grande respeito pela história e pela cultura da China e esperamos que o esporte e a NBA possam ser usados como uma força unificadora para transpor abismos culturais e unir as pessoas”.

A postura da liga foi criticada tanto por líderes republicanos quanto democratas, que defenderam que interesses econômicos não podem se sobrepor à defesa da constituição e da liberdade de expressão no país.

Yao Ming , ex-jogador de basquete
Yao Ming , ex-jogador de basquete Jeff Gross/Getty Images

Morey, por sua vez, deletou sua postagem e pediu desculpas. “Não era minha intenção que meu tuíte causasse qualquer ofensa aos torcedores do Rockets e aos meus amigos na China”, afirmou. “Estava meramente expressando um pensamento, baseado em uma interpretação, de um evento complicado”, disse, acrescentando que desde então ouviu e levou em conta outras perspectivas.

Os Rockets são muito populares na China, em especial porque contrataram em 2002 o jogador chinês Yao Ming, que se tornou um astro e ajudou a criar seguidores da NBA no país.

A mensagem levou a marca de roupas esportivas Li-Ning e o patrocinador Centro de Cartões de Crédito do Banco de Desenvolvimento Xangai Pudong (SPD Bank) a suspenderem seu trabalho com os Rockets, e os jogos do time foram tirados da grade da emissora estatal chinesa.

(com AFP)

Continua após a publicidade

Publicidade