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‘La décima’, enfim: Real faz milagre e reconquista a Europa

Com um empate nos acréscimos da segunda etapa, o time de Cristiano Ronaldo vira na prorrogação e goleia por 4 a 1. E o Real é dez vezes campeão da Europa

Com a vantagem moral de ter conseguido igualar o jogo de forma quase milagrosa, o Real voltou totalmente mudado para a prorrogação. Bale, Marcelo e Cristiano Ronaldo transformaram um jogo quase perdido em goleada

“Procura-se um rival digno para um dérbi decente.” A provocação da torcida do Real Madrid, estampada numa faixa exibida no Estádio Santiago Bernabéu há pouco mais de três anos, em tempos de vacas magras para a equipe vermelha e branca, doeu profundamente nos fanáticos seguidores da agremiação mais modesta, menos badalada e mais sofrida entre os dois grandes da capital espanhola – mas nada que se compare ao que sentiram os torcedores do Atlético de Madri neste sábado, no Estádio da Luz, em Lisboa, na final da Liga dos Campeões, ao presenciar uma conquista histórica de seu vizinho rico e poderoso, de novo campeão da Europa. O Atlético, que vive um período de renascimento sob o comando do técnico Diego Simeone (há uma semana, sagrou-se campeão espanhol), abriu o placar ainda no primeiro tempo e mostrou muita valentia para segurar o clube que reúne em seu ataque os dois jogadores mais caros da história. Poucos seriam capazes de imaginar, entretanto, que a partida terminaria com uma improvável goleada do Real, que ficou a poucos instantes de ser vice, por 4 a 1.

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Aos 48 minutos do segundo tempo, quando Simeone já regia uma torcida eufórica e a festa do elenco do Atlético estava para começar, um gol de Sérgio Ramos, num lance eletrizante, levou a final para a prorrogação – e aí, o clube nove vezes campeão da Europa enfim mostrou o seu poder de fogo. Na segunda etapa do tempo extra, um gol de cabeça de Gareth Bale garantiu a virada e a conquista de “la décima”, fazendo a incomparável coleção de troféus continentais do Real chegar a uma dezena de taças. Com o Atlético já entregue, o brasileiro Marcelo ampliou: 3 a 1. No minuto final, houve tempo para mais uma marca histórica: Cristiano Ronaldo anotou de pênalti e chegou a dezessete gols marcados na competição, uma recorde quase inacreditável para uma competição tão difícil. O clube mais poderoso venceu mais uma vez, mas os torcedores do Atlético podem levar de volta a Madri um consolo: o rival derrotado pelo Real neste sábado foi mais que digno, e o clássico no Estádio da Luz, um duelo duríssimo e emocionante, conforme pediam, em tom de deboche, os torcedores no Bernabéu antes deste ressurgimento do Atlético.

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Falha do capitão – A decisão começou com muito equilíbrio, já que as equipes se conhecem muito bem. O Atlético sofreu seu primeiro revés logo aos nove minutos, quando Diego Costa, que partiu para o sacrifício mesmo estando contundido, não conseguiu continuar e pediu substituição (ele deu lugar a Adrián). Com maior tempo de posse de bola, o Real passou a controlar as ações, tentando perfurar o bloqueio defensivo do rival. Com Cristiano Ronaldo marcado de forma implacável, porém, o time branco não conseguia criar oportunidades de gol. O zagueiro Miranda, talvez o melhor jogador da partida na primeira etapa, não deu espaços para o português, assim como o capitão Gabi, que perseguia o craque do Real por todas as partes do campo. Numa das raríssimas chances em que teve espaço para agredir o oponente, num contra-ataque puxado por Di María, Raúl Garcia cometeu falta violenta e impediu que o argentino cruzasse para Bale e Ronaldo, que estavam livres na área. O cartão amarelo ficou barato para o meia do Atlético.

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Pouco depois, aos 32 minutos, Bale fez ótima jogada individual, mas Miranda atrapalhou seu arremate, que foi para fora. O Atlético, que só conseguia levar perigo nas jogadas de bola parada, resistia bravamente, mas sem ameaçar de verdade o adversário. A história do jogo começou a mudar quando uma bola despretensiosa escorada de cabeça por Juanfran encontrou o zagueiro uruguaio Godín na área, aos 36 minutos. Ele subiu mais que Khedira e encobriu o goleiro Iker Casillas, que saiu muito mal do gol. O capitão do Real, remanescente solitário do último título europeu do clube, ainda tentou tirar a bola da meta, mas ela já havia ultrapassado as traves. Godín já havia marcado o gol que deu o título espanhol à equipe, há uma semana. Em vantagem no placar, o Atlético cresceu de forma espantosa no jogo, aproveitando o abatimento do Real e incendiando sua torcida, que fazia um ruído ensurdecedor atrás da meta defendida por Courtois. O primeiro tempo terminou com os torcedores do Real, ocupando o setor oposto do estádio, em completo silêncio.

Pressão total – Agora atacando de frente para seus barulhentos seguidores, o Atlético iniciou o segundo tempo na mesma toada, sem deixar se intimidar. Pouco inspirado, o time de Cristiano não levava perigo ao inimigo. Aos 7 minutos, numa ótima arrancada de Di María, Miranda fez falta na entrada da área. Na cobrança, Ronaldo cobrou com muito efeito, mas Courtouis espalmou. Em seguida, o português tentou de cabeça, para fora. O Real se animou. A equipe de Simeone, entretanto, não deixou a maré virar: logo voltou a se lançar ao ataque, novamente com cruzamentos e lances de bola parada, quase sempre com perigo. Aos 14 minutos, Marcelo, lateral titular da seleção brasileira, entrou no lugar de Coentrão, enquanto Isco substituiu Khedira. Lançado de vez ao ataque, o Real perdeu sua melhor chance aos 17, quando Cristiano subiu quase sozinho mas desviou de cabeça para fora. Para reforçar ainda mais sua marcação, Simeone colocou Sosa no lugar de Raúl Garcia.

Com o Atlético cada vez mais limitado a se defender, o Real aumentou a pressão, sem grande criatividade mas na base da força e da velocidade. Bale teve mais uma boa chance aos 30 minutos, na entrada da área, mas chutou para fora. O jogo mal saía da metade de campo defendida pelo Atlético, mas o Real tinha um adversário corajoso em seu caminho. Bale, contratado no início da temporada por quase 100 milhões de euros, jogou fora uma terceira chance de gol aos 33, pouco antes de Benzema dar lugar ao jovem Morata. O brasileiro Filipe Luís saiu para a entrada de Alderweireld, pouco antes de o Atlético se safar por pouco de mais uma bola cruzada com extremo perigo sobre a área. Os minutos finais foram de tensão extrema, com o Real arriscando tudo e o Atlético mostrando um notável espírito de luta para manter o resultado. Só garra e coragem, porém, não foram o bastante: nos últimos instantes da partida, aos 48 minutos, Sérgio Ramos completou o escanteio batido por Modric e empatou, fazendo a torcida branca explodir.

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Recorde e festa – Com a vantagem moral de ter conseguido igualar o jogo de forma quase milagrosa, o Real voltou totalmente mudado para a prorrogação. A forte pressão no ataque continuava, mas agora ela era exercida por um time muito mais confiante. O Atlético parecia não ter mais forças para ameaçar o rival – e seus jogadores começavam a perder a força e também a cabeça (o capitão Gabi levou cartão amarelo ao fazer falta duríssima em Marcelo). �Sem muito repertório, o Atlético insistia no que melhor sabe fazer: cruzar bolas sobre a área e cavar escanteios e faltas para trombar com a zaga adversária. Na segunda metade da prorrogação, veio o golpe de misericórdia. Depois de uma bola roubada por Cristiano Ronaldo na defesa, Dí María conseguiu mais uma de suas arrancadas, e desta vez não houve quem conseguisse pará-lo. Ele chutou, a bola foi desviada por Courtois e sobrou para Bale, que completou de cabeça e sacramentou a histórica conquista. O gol de Marcelo, nos instantes finais, foi um prêmio à ótima atuação do brasileiro – e a penúltima explosão de alegria antes da festa do título. Havia tempo para mais uma, com o pênalti marcado por Cristiano Ronaldo, que tirou a camisa e posou para as fotos exibindo os músculos.

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Realeza – Depois de uma semana de muitas incertezas em relação às escalações dos finalistas, ambos os times tiveram de amargar desfalques importantes em função de problemas físicos. No Real, Cristiano Ronaldo foi confirmado, assim como Benzema. O zagueiro Pepe, porém, não se recuperou totalmente e deu lugar ao francês Varane. Outra dúvida estava na vaga do volante Xabi Alonso, suspenso. O jovem Ilarramendi era o mais cotado, mas o técnico Carlo Ancelotti preferiu o alemão Khedira, um atleta mais experiente e seguro, apesar de quase não ter jogado em 2014, em decorrência de uma grave lesão�. O Atlético também perdeu uma peça essencial: o turco Arda Turan não ficou sequer no banco, dando a vaga a Raúl Garcia. O sergipano naturalizado espanhol Diego Costa, que insistiu em tentar jogar a final, não suportou as dores e durou apenas nove minutos em campo, dando lugar a Adrián López e forçando o técnico Diego Simeone a queimar uma substituição logo de cara.

Além das duas torcidas – cerca de 17.000 torcedores de cada lado, com o restante dos cerca de 60.000 bilhetes vendidos ao público local e entregues a patrocinadores e convidados -, o rei Juan Carlos e a rainha Sofia estavam na tribuna de honra, junto com o chefe de governo da Espanha, Mariano Rajoy, de ministros de Estado e da prefeita de Madri, Ana Botella. O espaço reservado às autoridades estava tão concorrido que até o embaixador da Espanha em Portugal ficou sem convite. Dezenas de milhares de espanhóis cruzaram a fronteira nos últimos dias, e apenas uma pequena parte conseguiu acompanhar a decisão no estádio. Telões montados em duas praças da cidade (a D.� Pedro IV para a torcida do Real e a Marquês do Pombal para seguidores do Atlético) exibiram a partida. Antes da partida, o gramado do Estádio da Luz foi palco de uma bela cerimônia organizada pela Uefa, com várias referências ao tema visual da decisão, as grandes navegações de Portugal. De fato, foi uma noite para explorar o desconhecido, com o Atlético chegando mais perto do que nunca de conquistar a Europa. O Real, porém, mostrou que ainda manda na capital da Espanha e no velho continente.

https://youtube.com/watch?v=9MGu5sPHEJI%3Frel%3D0

2013: Bayern

Depois de perder duas decisões em três anos – uma delas, em seu próprio estádio -, o Bayern não deixou passar a terceira oportunidade de levantar a taça. Em um clássico alemão, a equipe de Munique derrotou o Borussia por 2 a 1 no Estádio de Wembley.

2012: Chelsea

A equipe londrina surpreendeu e conquistou seu primeiro título contra o Bayern de Munique, na casa do adversário, a Allianz Arena. Didier Drogba foi o grande destaque da final, que foi decidida nos pênaltis depois de empate por 1 a 1 no tempo normal.

2011: Barcelona

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Com Messi inspirado e com Pep Guardiola como técnico, o Barça foi campeão no Estádio de Wembley, em Londres, fazendo 3 a 1 no Manchester United. O jogo é considerado uma das melhores da fase de ouro da equipe catalã sob o comando de Guardiola.

2010: Internazionale

O argentino Milito foi o destaque na vitória da equipe italiana sobre o Bayern, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri – fez os dois gols na vitória por 2 a 0 e deu à Inter de Milão um título que não conquistava desde a década de 1960. Mourinho era o técnico.

2009: Barcelona

Eto’o e Messi marcaram os gols da vitória catalã no Estádio Olímpico de Roma, contra o Manchester United de sir Alex Ferguson e da dupla de ataque formada por Rooney e Cristiano Ronaldo. Foi o terceiro título do torneio continental para o Barça.

2008: Manchester United

Na final entre os ingleses, a equipe de Alex Ferguson levou a melhor sobre o Chelsea, no Estádio Luzhniki, em Moscou. No tempo normal, Cristiano Ronaldo abriu o placar e Lampard empatou. Na cobrança de pênaltis, Anelka perdeu e o United comemorou.

https://youtube.com/watch?v=e5iNzdPlAj4

2007: Milan

Com grandes atuações de Kaká e Inzaghi, a equipe italiana se vingou da derrota para o Liverpool na final de 2005. A decisão disputada no Estádio Olímpico de Atenas foi totalmente dominada pelo Milan, que conquistou seu sétimo título da Liga dos Campeões.

2006: Barcelona

Com Ronaldinho Gaúcho em grande fase, o Barça era favorito contra o Arsenal no Stade de France, em Paris. Os ingleses saíram na frente com Campbell, mas os catalães viraram com gols de Eto’o e do brasileiro Belletti. Foi o bicampeonato do Barcelona.

2005: Liverpool

Uma das maiores surpresas da história do torneio – não pela vitória da equipe inglesa, clube tradicional na competição, mas sim pela recuperação histórica. O Milan vencia por 3 a 0 no intervalo em Istambul. O Liverpool buscou o empate e venceu nos pênaltis.

2004: Porto

Carlos Alberto e Deco estavam entre os destaques da jovem equipe do Porto treinada por um então desconhecido, José Mourinho. Do outro lado estava outra zebra, o Monaco. A final, disputada em Gelsenkirchen, terminou com vitória dos portugueses, 3 a 0.

https://youtube.com/watch?v=9y7zKOKJGzk

2003: Milan

A final entre dois italianos no estádio Old Trafford, em Manchester, foi marcada pelo enorme equilíbrio. Milan e Juventus ficaram no 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Na disputa por pênaltis, Dida defendeu três cobranças e Shevchenko selou a vitória do Milan.

https://youtube.com/watch?v=OLh6lGlXC3A%3Frel%3D0

2000: Real Madrid x Valencia

https://youtube.com/watch?v=jjYPOj2hros%3Frel%3D0

2003: Milan x Juventus

https://youtube.com/watch?v=jGJ62A2_CTQ%3Frel%3D0

2008: Manchester United x Chelsea

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