Jogos silenciosos e bateria de testes: a cartilha da Olimpíada de Tóquio
Organização divulgou manual de conduta com transporte público vetado, quarentena antes da viagem ao Japão e palmas em vez de gritos nos ginásios
Em meio a rumores de que os Jogos de Tóquio podem ser definitivamente cancelados por causa da pandemia do novo coronavírus, o Comitê Organizador da Olimpíada publicou nesta quarta-feira, 3, a primeira edição de um manual de conduta para que o evento ocorra de maneira segura para atletas, funcionários e torcedores.
Além de exigir uma série de testes e protocolos, como a quarentena antes da chegada ao Japão, a organização recomendou um ambiente mais “silencioso” nos estádios e ginásios, com palmas de incentivo no lugar de gritos. Adiada por um ano, a Olimpíada de Tóquio-2020 (o evento manterá seu nome e identidade visual) está marcada para começar em 23 de julho.
O primeiro “Playbook” (clique aqui para ler, em inglês), uma espécie de cartilha da Covid-19 do COI, é voltado para federações esportivas e oficiais técnicos. Ao longo dos próximos dias, novos manuais serão divulgados e nos próximos meses haverá atualizações dos documentos, com base no desenvolvimento da pandemia.
De acordo com a primeira cartilha, todos os envolvidos nos Jogos iniciarão um procedimento de segurança 14 dias antes de chegarem ao Japão. Caso não apresentem nenhum sintoma da Covid-19, deverão disponibilizar testes negativos em até 72 horas antes de embarcarem para a capital japonesa.
A vacinação não será uma condição para participar dos Jogos, mas é recomendada. Caso algum teste positivo seja detectado, o infectado deverá informar a organização e ser isolado. Além disso, todos deverão detalhar seus roteiros e testes devem ser realizados a cada quatro dias nos atletas.
Os participantes deverão redobrar a preocupação com a higiene e os esportistas terão sua estadia na Vila Olímpica limitada, sendo proibidos de socializar fora da “bolha”. Todos precisarão obrigatoriamente baixar aplicativos de smartphone que rastrearão suas localizações.
O trecho mais inusitado da cartilha informa que é recomendável “apoiar os atletas batendo palmas e não cantando ou gritando”, para evitar a geração de partículas por meio da fala.
Ainda segundo o documento, atletas e oficiais só poderão utilizar o transporte público com uma permissão oficial e devem praticar o distanciamento social. O uso da máscara será obrigatório, exceto na hora das refeições e de dormir – e de atuar, no caso dos atletas.
Os participantes também serão proibidos de visitar bares, restaurantes e pontos turísticos de Tóquio, correndo o risco de serem expulsos dos Jogos por violações graves ou repetidas das regras. “Confiamos que essas medidas são proporcionais para mitigar os riscos e impactos acima mencionados e contamos com o seu apoio para cumpri-las. O desrespeito às regras pode expô-lo a consequências que podem ter um impacto em sua participação e seu acesso aos locais dos Jogos”, diz um trecho do manual.
As medidas contidas no primeiro Playbook foram desenvolvidas em conjunto pelos Comitês Organizador, Olímpico Internacional (COI) e Paralímpico Internacional (IPC), com supervisão da Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização de outros megaeventos esportivos realizados em meio à pandemia, como os playoffs da NBA, a Liga dos Campeões e mais recentemente, o Mundial de Handebol, foram usados como parâmetro.
Apesar das especulações sobre cancelamento, o diretor executivo do COI, Christophe Dubi, disse estar confiante de que as diretrizes garantirão a segurança de todos. “Essa é nossa maior prioridade. Cada um de nós tem sua parte a desempenhar. É por isso que esses manuais foram criados – com as regras que farão de cada um de nós um ajudante seguro e ativo para os Jogos.
O Japão conseguiu controlar a pandemia melhor que seus vizinhos e contabiliza menos de 6.000 mortes. No entanto, o aumento recente de casos forçou o governo local a declarar estado de emergência em Tóquio e a entrada de mais de 15.400 atletas olímpicos e paraolímpicos e outras milhares de pessoas envolvidas no evento aumenta o temor de que o vírus se espalhe.