Índice PLACAR/Itaú BBA: os motivos por trás do drama do Cruzeiro
Pela análise feita pelo economista César Grafietti, consultor do banco e co-criador da metodologia do ranking, a situação financeira do lanterna é grave
O ano de 2019 foi o pior da história quase centenária do Cruzeiro – o clube mineiro completará 100 anos em janeiro de 2021. A presente crise institucional e financeira culminou no rebaixamento da equipe para a Série B pela primeira vez. A situação de calamidade em que se encontra a Raposa, com investigações do Ministério Público e da Polícia Federal sobre a atuação das últimas administrações, reflete-se no recém-lançado Índice PLACAR/Itaú BBA de Gestão Esportiva, publicado na edição que está nas melhores bancas de todo país.
A iniciativa de PLACAR, elaborada em parceria com o economista César Grafietti, cria uma nova métrica para aferir a qualidade do trabalho dos principais cartolas no país. A pontuação do Cruzeiro (-11) foi, ao lado de Corinthians e São Paulo, a mais baixa entre os 20 clubes analisados. A Raposa ficou na lanterna pois levou em consideração o desempenho dos clubes empatados no Ranking Placar, que faz a soma histórica dos títulos dos times brasileiros
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Grafietti explica o que levou a este cenário desolador. “Se pegarmos a evolução da nota do Cruzeiro de acordo com os balanços dos últimos dez anos, o valor é sempre negativo. Há tempos que o clube não consegue ser sustentável em termos de geração de caixa: gasta mais do que arrecada, faz dívidas e tem poucas variáveis em que consegue um retorno positivo. Às vezes é a bilheteria, outras é a venda de atletas. Mas, em linhas gerais, é um clube que se acostumou a viver no limite”, afirma o consultor do Itaú BBA. Para entender estas variáveis e como funcionam as notas do Índice, clique aqui.
Para o especialista em finanças do clube, a solução seria fechar as portas e recomeçar. Grafietti explica que isso significa que o Cruzeiro precisa mudar de perfil, porque o modelo atual é insustentável. “O clube precisa olhar o exemplo do Flamengo, e trabalhar dentro das suas realidades para poder reduzir dívidas. E não se trata de uma exclusividade dos mineiros, é uma realidade bastante comum no futebol brasileiro”, reflete.
Com dívida total na casa dos 630 milhões de reais, de acordo com o último balanço, o Cruzeiro ainda terá o desafio de tentar o retorno à elite do futebol brasileiro sem contar com um grande trunfo dos últimos clubes de tradição que foram rebaixados: o orçamento muitas vezes maior do que o dos adversários. Para piorar a crise esportiva, A Raposa vai começar a disputa da Série B “devendo” seis pontos na tabela – a Fifa puniu o clube por não ter feito o pagamento do empréstimo do volante Denilson ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes.
“O impacto do rebaixamento já seria grande em condições normais. Se imaginar que a receita de TV já foi adiantada, piora. Por conta da pandemia, não deve ter bilheteria agora, um ponto importante para geração de receita. Normalmente quando um grande cai, ele chega num nível de receita muito maior que o dos demais e sobra na competição. O Cruzeiro chega à segunda divisão em um nível muito parecido com o dos adversários. Estará em pé de igualdade, sem os benefícios de time grande, com torcida no estádio etc. Mesmo que volte à Série A, será obrigado a manter o padrão financeiro mais modesto”, analisa Grafietti.
A edição de junho de PLACAR, com o ranking completo do Índice, está nas bancas desde a última sexta-feira 19 e também está disponível no app para iOS e Android. A novidade visa ajudar na interpretação dos balanços dos principais times do Brasil. Todas as sextas-feiras, PLACAR irá divulgar os resultados e a análise de cada um dos times. O Cruzeiro foi apenas o segundo clube avaliado. O primeiro foi o líder Flamengo.