Filipe Toledo: o caçula do surfe quer o título
Com 20 anos, o mais jovem do WCT ameaça veteranos como Kelly Slater
“Eu vim para recuperar a amarela (cor da roupa que apenas o líder do ranking usa)“. É assim, com foco e determinação, que Filipe Toledo fala sobre a única etapa brasileira no Circuito Mundial de Surfe, no Rio de Janeiro, até dia 22. Depois da vitória na abertura da temporada, em Gold Coast, o garoto nascido em Ubatuba conquistou um quinto lugar em Bells Beach e um 13º em Margaret River, todos na perna australiana do campeonato. E é diante de uma torcida enlouquecida na Barra da Tijuca que ele pretende sair do terceiro lugar no ranking rumo ao topo. Nesta segunda-feira, enquanto treinava no Postinho, fãs entravam no mar para fazer selfie com Filipe. “No ano passado eu já não conseguia andar, era muita gente. Dava as minhas pranchas para o meu pai, esperava um tempo e sair de capuz, escondido. Esse ano vai ser pior, com assédio maior.”
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Quem acompanha a carreira de Filipe, não se surpreende com os bons resultados. Apesar de sempre ter chamado atenção por seu estilo de surfe – com muitas manobras aéreas -, no último ano ele amadureceu e conquistou resultados expressivos. Desde que mudou para a Califórnia, em junho de 2014, faturou três etapas da divisão de acesso, o WQS, foi o campeão do WQS de 2014 e ganhou sua primeira etapa no WCT logo no início do ano. O pai, Ricardo, ex-surfista profissional, garante que a mudança foi positiva. “Fomos para ficar na Califórnia. A patrocinadora principal do Filipe é de lá e a logística nos EUA é mais fácil, conseguimos ir para o mundo inteiro partindo de lá.”
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Além disso, Filipe está abrindo mão de muita coisa para chegar no seu limite. “Nem passei as férias em Ubatuba neste ano, uma espécie de pré-temporada, para trabalharmos o físico.” E o esforço tem dado resultado. Kelly Slater, onze vezes campeão mundial, já revelou que Filipe provavelmente será o surfista ser batido pelos que querem chegar ao topo. “É muito gratificante ver o que os tops da ‘velha geração’ falam sobre mim e sobre os outros brasileiros.”
O começo de temporada foi o melhor para os brasileiros nos últimos anos, com duas vitórias em três etapas. “Esse ano vai ser legal, com uma briga boa entre os brasileiros pelo título. Seria incrível chegar em Pipeline, última etapa do tour, com dois brasileiros disputando o título.” Os estrangeiros olham para os brasileiros com respeito e admiração pela união dos surfistas, que se consideram uma família. Mas também sabem da força dos surfistas nacionais. “A World Surf League é formada por australiano e americanos, e os nossos atletas, com um grupo forte, apresentando um surfe mais maduro e competitivo, estão impondo respeito dentro da água”, disse Ricardo.