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FBI suspeita que Catar depositou propina a Ricardo Teixeira em Mônaco

Valor desviado seria referente à realização de um amistoso entre Brasil e Argentina, em Doha, como compra de voto para sede da Copa de 2022

O FBI identificou em suas últimas investigações depósitos vindos de empresas do Golfo Pérsico nas contas do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em Mônaco. A descoberta foi considerada pelo órgão que vem combatendo a corrupção no futebol mundial como mais um indício de que o dirigente brasileiro recebeu dinheiro por votar pelo Catar para sediar a Copa de 2022.

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Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a empresa que organizava os amistosos da seleção brasileira entre 2006 e 2012, a Kentaro, foi alvo de uma ação da Justiça suíça. Os empresários foram questionados sobre a realização de um amistoso entre Brasil e Argentina no Catar, em novembro de 2010.

A Kentaro não está sendo processada, mas existe a suspeita de que o jogo tenha sido usado pelos empresários do Catar e pelos organizadores da campanha de 2022 como forma de pagamento da propina, tanto a Teixeira como ao então presidente da Associação Argentina de Futebol, Julio Grondona, morto no ano passado. Alguns dias depois, ambos votariam pelo Catar para sediar a Copa.

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Agora, uma conta foi identificada em nome de Teixeira em Mônaco e já estaria bloqueada. Ao levantar os depósitos feitos na conta, os investigadores americanos e suíços descobriram diversas transferências vindas de contas do Golfo Pérsico. Numa investigação interna, a Fifa disse que não encontrou indícios de que o jogo foi usado para o pagamento de propinas, mas as investigações da Justiça da Suíça e dos Estados Unidos apontam que as empresas que fizeram os pagamentos são as mesmas que hoje estão construindo as arenas que receberão a Copa em 2022.

Suspeita – Essa não é a primeira vez que a conta de Ricardo Teixeira em Mônaco é mencionada. Durante a Copa de 2014, um site francês dedicado ao jornalismo investigativo, Mediapart, revelou uma gravação em que banqueiros falam sobre Teixeira e sua conta com 30 milhões de euros no Principado. O banco usado seria o Pache, uma filial do grupo Credit Mutuel. O caso estaria sendo investigado pelas autoridades de Mônaco por lavagem de dinheiro, num processo conduzido pelo juiz Pierre Kuentz.

Em gravações realizadas pela Justiça e obtidas pelo site francês, o diretor do banco, Jürg Schmid falou sobre o caso de Teixeira. “Nós devemos provavelmente aceitar clientes que outros bancos certamente não aceitariam. Eu tenho um, o grande brasileiro. Eu sei muito bem que nenhum outro banco de Mônaco queria abrir uma conta dele. Agora, ninguém o quer porque se trata verdadeiramente de uma fria. Mas nós fizemos tudo, já que temos a declaração de imposto e a declaração dos tribunais que dizem que ele não foi condenado”, declarou.

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O banqueiro chegou a dar explicações sobre a origem do dinheiro. “Sabemos que ele recebeu dinheiro em troca de favores, mas não são políticos. Decidimos juntos que nós o receberíamos porque ele nos traz 30 milhões e isso não é pouco”, declarou Schmid. Teixeira teria passado por Mônaco em janeiro, fevereiro, abril e maio de 2014, sempre ficando pelo menos dois ou três dias. O cartola se hospedava no luxuoso hotel Metropole, que fica a poucos metros do banco.

(Com Estadão Conteúdo)

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