Ex-atletas liderados pelo Bom Senso fazem protesto na sede da CBF; secretário apoia Del Nero
Ex-jogadores como Raí e Alex lideraram a manifestação contra os recentes escândalos envolvendo os cartolas da CBF; Documento assinado por cerca de 130 pessoas pede renúncia de Del Nero e investigação de ex-mandatários da entidade
Um protesto de ex-atletas, técnicos e artistas, liderado pelo movimento Bom Senso, parou a entrada da sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira. O grupo de manifestantes se juntou para pressionar a entidade e mostrar seu descontentamento perante os recentes escândalos de corrupção envolvendo o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e os dois ex-mandatários da entidade Ricardo Teixeira e José Maria Marin, que foi extraditado aos Estados Unidos e está sob prisão domiciliar em Nova York.
Um manifesto foi assinado pelo grupo a favor da renúncia de Del Nero e de uma reforma geral do futebol brasileiro, incluindo maior transparência no órgão máximo da modalidade. Entre as cerca de 130 pessoas que assinaram o documento, além de nomes ligados ao futebol como ex-jogadores e técnicos, estão alguns artistas como Chico Buarque, Wagner Moura, Jô Soares e Luciano Huck.
Na frente da sede da CBF se pronunciaram alguns jogadores. Raí, ex-jogador do São Paulo e da seleção brasileira, leu o manifesto que apresenta as reivindicações do movimento. O grupo pede que a Procuradoria-Geral da República investigue os três últimos presidentes da CBF – Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero – e que a entidade convoque novas eleições para a presidência da entidade.
Os signatários pedem ainda mudanças no estatuto, como o fim da cláusula que exige que um candidato tenha o apoio por escrito de pelo menos oito federações e cinco clubes. Além de Raí, os ex-jogadores Alex, Carlos Alberto Santos e Djalminha também estiveram presentes, assim como o técnico Paulo Autuori.
Walter Feldman – Após o protesto simbólico diante do prédio da CBF, os líderes do movimento e toda a imprensa foram chamados para acompanhar uma coletiva com o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.
“Está na Constituição a presunção da inocência. Não há elemento para fazer pré-julgamento do presidente Marco Polo. Temos segurança do que está sendo feito. Amanhã (quarta-feira) ele estará na CPI do Senado para se manifestar a respeito. É a primeira vez que ele terá a oportunidade de apresentar o que considera adequado. Não há motivo para renúncia ou abandono”, afirmou Feldman na entrevista coletiva.
O secretário-geral também confirmou que a CBF apresentou um recurso sobre a decisão da Justiça de revogar a assembleia marcada para esta quarta-feira que definirá o novo cargo de Vice-presidente da CBF. Feldman defendeu a escolha de Antonio Carlos Nunes Lima, como novo vice-presidente da CBF, em substituição a José Maria Marin, preso desde maio. Se for eleito, o Coronel Nunes será o vice mais velho da CBF e, assim, poderá assumir a presidência em caso de renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero, hoje licenciado para se defender de acusações de corrupção formuladas pelas autoridades americanas. A escolha seria uma manobra para impedir que Delfim Peixoto, principal opositor de Del Nero e até então o vice-presidente mais velho, assuma o cargo.
“Nunes tem um abaixo-assinado da totalidade das federações. Essa é uma manifestação do colégio eleitoral. Em geral, são os presidentes das federações que fazem a escolha. Os clubes da Série A e Série B optam pelo presidente Nunes. Se essa é a opção da maioria do colégio eleitoral, eu acompanho”, declarou o secretário.
Ainda sobre o movimento, Feldman afirmou estar aberto ao diálogo: “Não há problema em receber manifestação. Havia a expectativa de que eles fizessem a entrega de algum documento e seriam recebidos normalmente”, disse o dirigente.
(Com Estadão Conteúdo e Gazeta Press)