Espanha pede prisão de Teixeira e aguarda colaboração do Brasil
Ex-presidente da CBF é acusado de corrupção por Espanha e Estados Unidos, mas permanece no Brasil e não pode ser extraditado
Procuradores federais brasileiros e espanhóis começaram a trocar informações sobre as suspeitas de corrupção que pesam contra Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, por suposto desvio milionário da receita de jogos da seleção brasileira. Informalmente e por meios confidenciais, a cúpula da Procuradoria Geral da República já foi alertada pela Espanha de que a Justiça de Madri emitiu uma ordem internacional de prisão contra Teixeira. Os espanhóis esperam contar com a colaboração do Brasil no caso.
Por enquanto, a cooperação entre os dois países está ocorrendo de maneira informal. De acordo com pessoas próximas ao caso, investigadores brasileiros já fizeram os primeiros contatos com os espanhóis, mas os procuradores de ambos os lados estão estudando formas de tornar oficial o procedimento, a troca de dados e uma ordem de busca.
Em Brasília, há dúvidas se os dados colhidos pela Justiça na Espanha também poderiam ser usados em um inquérito no Brasil contra Teixeira. Mesmo se fosse detido no território nacional à pedido de Madri, Teixeira não poderia ser extraditado pois isso feriria as leis nacionais. Mas poderia responder a um processo ou pelo menos ser questionado – neste caso, suas respostas seriam enviadas aos juízes na Espanha.
Na Espanha, Teixeira é acusado de formar uma “organização criminosa” com Sandro Rosell, seu antigo aliado e ex-presidente do Barcelona, e com isso lavar dinheiro em comissões ilícitas de amistosos da seleção brasileira. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira.
Nesta semana, a imprensa espanhola revelou que a Justiça em Madri emitiu uma ordem internacional de busca e captura contra o ex-presidente da CBF. Nesta terça-feira, fontes próximas ao caso confirmaram que a ordem de fato está emitida, mas ainda não entrou no sistema da Interpol e nem chegou oficialmente em documentos até Brasília. A medida partiu da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional.
Presidente da CBF entre 1989 e 2012, Teixeira também é investigado pela Justiça dos Estados Unidos por participação no escândalo da Fifa. Recentemente, em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-dirigente disse que não deixaria o Brasil, segundo ele “o lugar mais seguro do mundo”, e que “tudo o que me acusam no exterior, não é crime no Brasil.”
(com Estadão Conteúdo)