Publicidade
Publicidade

Dunga chega na retranca: ‘Assumo culpa e estou pronto para receber críticas’

Treinador disse que vai mudar sua relação com a imprensa, que sempre foi tumultuada

Ao reassumir o cargo de técnico da seleção brasileira nesta terça-feira, Dunga quis evitar de cara novos desgastes com a imprensa, fato comum durante sua passagem entre 2006 e 2010. O treinador pediu desculpas aos jornalistas e prometeu uma relação mais aberta. “Uma pessoa dificilmente muda no que diz respeito à ética, ao caráter e ao trabalho, mas sei que tenho de melhorar muito no contato com os jornalistas. Fiz uma reflexão nos últimos anos e assumo minha culpa. Estou pronto para receber críticas e sugestões, em favor da seleção. Tudo o que for bom para a seleção, estaremos abertos para trocar ideias e obter o resultado.”

Publicidade

Leia também:

CBF confirma retorno de Dunga e Gallo para a seleção olímpica

As apostas de Dunga, nem sempre vencedoras, na seleção

CBF quer usar Dunga como escudo para dirigentes

Gilmar Rinaldi é o novo coordenador geral da CBF

Dunga, no entanto, discordou de um repórter que perguntou se sua missão seria resgatar a beleza do jogo da seleção pentacampeã. “O que é o futebol arte? Uma boa defesa do goleiro, uma interceptação do zagueiro também é futebol arte. O que não podemos é querer que exista um Pelé a cada dia, achar que será como no passado. Um ídolo não se cria de uma hora para a outra. Temos talento, mas temos de aliá-lo ao comprometimento, ao equilíbrio emocional, organização.”

O treinador ainda comentou sobre as pesquisas nesta semana que apontaram enorme rejeição a seu retorno. “Respeito as enquetes, mas na minha viagem de São Paulo ao Rio encontrei pessoas que me apoiam, não sinto essa rejeição no supermercado, nos aeroportos por onde passo. Mas é como numa eleição, nem sempre ganha o favorito nas pesquisas e tenho de buscar força nesses que me dão suporte e tenho de conquistar o restante que não me apoia.”

Publicidade

Principais trechos da entrevista:

Trabalho – O torcedor está machucado, mas vamos reconquistar o carinho do público através de resultados. O torcedor e a imprensa já me conhecem, não vou vender um sonho, a realidade é que precisamos de muito trabalho. Não podemos achar que somos os melhores, já fomos os melhores, mas temos de ser humildes e reconhecer que outras seleções trabalharam muito para chegar onde estão.

Era Dunga (2006-2010)

Jogos: 60

Vitórias: 42; Empates: 12; Derrotas: 6

Jogadores que mais atuaram:

Gilberto Silva: 54 partidas; Robinho: 53; Maicon: 51

Artilheiros:

Luiz Fabiano: 22 gols; Robinho: 21; Kaká: 14

Continua após a publicidade

Estreia:

Noruega 1 x 1 Brasil, Oslo, 16/8/2006 (amistoso)

Despedida:

Brasil 1 x 2 Holanda, Port Elizabeth, 2/7/2010 (quartas da Copa de 2010)

Principais vitórias:

Brasil 3 x 0 Argentina, Londres, 3/9/2006 (amistoso)

Brasil 6 x 1 Chile, Puerto La Cruz, 7/7/2007 (Copa América)

Brasil 3 x 0 Argentina, Maracaibo, 15/7/2007 (Copa América)

Brasil 6 x 2 Portugal, Brasília, 19/11/2008 (amistoso)

Uruguai 0 x 4 Brasil, Montevidéu, 6/6/2009 (Eliminatórias)

Brasil 3 x 0 Itália, Pretória, 21/6/2009 (Copa das Confederações)

Argentina 1 x 3 Brasil – Rosário, 5/9/2009 (Eliminatórias)

Retranca – O futebol muda a cada instante, a cada dia. Todos falam de futebol ofensivo e acham que basta colocar quatro atacantes na frente, mas o que se viu na Copa foram atacantes que marcam. Se em 2010 tivéssemos essa atitude, iriam dizer que era um futebol defensivo. Agora, em 2014, dizem que isso é ser ofensivo. O importante é chegar no ataque com vários homens, com movimentação. Vimos craques participando o jogo todo, como Robben e Müller. Vimos até o goleiro Neuer jogando como líbero, com os pés, isso não acontecia antes. Temos de seguir por este caminho.

Alemanha – Parece que o mundo descobriu a Alemanha só agora. Eles sempre foram organizados, sempre tiveram centros de treinamento, deram apoio às categorias de base. O que aconteceu é que a Alemanha encontrou uma geração de jogadores ótimos, conseguiu encaixar as peças, teve tempo, e não obteve resultados nos primeiros campeonatos. A Alemanha foi vencedora com amplo merecimento.

Publicidade

Concorrentes – Vimos seleções sul-americanas crescerem, justamente nesta mescla entre jovens talentos e jogadores experientes. O futebol mudou, antes só brasileiros e argentinos iam para a Europa, mas hoje vemos jogadores de vários países se destacando. A Eliminatória será muito difícil.

Retrospecto – A camisa brasileira e a argentina são respeitadas e sempre serão. Mas os adversários nos respeitam tanto que querem sempre ganhar de nós, porque vencer o Brasil é notícia no mundo todo. Não podemos achar que vamos ganhar um jogo pelo peso da camisa, na véspera.

Resultados – Fui chamado novamente graças aos números. Falamos muito em injustiça no futebol, mas isso não existe, tanto que estou aqui de volta. Temos de ter ética, respeito e transparência sempre, mas isso não quer dizer que não cometeremos erros. E temos de reconhecer nossos erros para não cometê-los novamente.

Mercado – Tive muitas ofertas, mas o que adianta dizer que tive dez propostas e não aceitei nenhuma? Vão dizer que estou querendo me valorizar. Por isso, fico quieto. Neste período em que fiquei fora do futebol, assisti a jogos, fiz viagens, mas principalmente conversei com muitas pessoas. Durante a Copa, conversei muito com Bakero, Boban, Gullit, Arrigo Sacchi, Mozer. Falamos muito sobre futebol. E não adianta me vangloriar, dizer que fiz curso, isso serve pouco. O técnico tem de saber tirar o melhor de cada jogador. É como um professor, não adiante saber muito, se não souber passar nada aos alunos.

Continua após a publicidade

Publicidade