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Do inferno ao céu: como Vitor Pereira espantou a crise no Corinthians

Time é o atual líder do Brasileirão e de seu grupo na Libertadores, e garantiu vaga às oitavas da Copa do Brasil com novidade no esquema que agradou

Vitor Pereira parecia viver um completo calvário em 5 de abril. Recém-chegado ao Brasil, o técnico português nem bem havia completado um mês a frente do Corinthians e o saldo era dos piores: modestos 47,6% de aproveitamento, com somente duas vitórias em sete jogos disputados. Para piorar o cenário, acabou eliminado para o São Paulo nas semifinais do Paulista e estreado com derrota na Libertadores. Hoje, o time sob seu comando está vivo nas três competições que disputa, é líder do Brasileirão e do grupo E na Libertadores e vem mostrando interessantes variações táticas.

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Na noite da última quarta-feira,11, o Corinthians garantiu vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil com triunfo por 2 a 0 diante da Portuguesa-RJ em Itaquera e chegou ao quinto jogo consecutivo sem perder. No jogo, o treinador lusitano manteve seu sistema de rodízio (poupou referências como Renato Augusto e Willian) e adotou um novo e surpreendente esquema com três zagueiros (Robson Bambu, João Victor e Fábio Santos improvisado), com Gustavo Mosquito na ala direita e Lucas Piton na esquerda. O time compreendeu bem o modelo e venceu com tranquilidade.

“Mudo o sistema, mas há um fio condutor. Algumas dinâmicas não mudam. Não estou pedindo mudanças nos princípios. O que estou pedindo é que eles façam diferentes funções. Não é diferente de uma estrutura para outra. São princípios comuns com variações dos sistemas”, afirmou o técnico na entrevista coletiva após o jogo. 

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O atual bom momento do time se reflete também nos outros campeonatos que disputa: é líder do Brasileirão, com 12 pontos em cinco rodadas, e também de seu grupo na Libertadores. Em um mês, Pereira passou de pressionado a uma quase unanimidade entre os torcedores.

O substituto do criticado Sylvinho fez seu estreia há pouco mais de dois meses, na derrota para o São Paulo ainda na primeira fase do Paulista. Mesmo com a goleada na rodada seguinte para a Ponte Preta, o início de trabalho do treinador português foi de grande oscilação e ainda não passava a confiança almejada pela torcida que via com expectativa a chegada do treinador com passagens por Porto e Fenerbahce.

No intervalo de uma semana, o Corinthians de Vitor Pereira foi eliminado nas semifinais do Paulista após derrota por 2 a 1 contra o São Paulo e na sequência estreou com derrota por 2 a 0 para o Always Ready na Libertadores, tendo feito uma atuação modesta. “Temos que ser mais agressivos, reagir, temos que passar uma imagem diferente da que passamos”, apontou o técnico em entrevista coletiva após a derrota para o time boliviano.

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Vítor Pereira orienta os jogadores do Corinthians -
Vítor Pereira orienta os jogadores do Corinthians –

“O que mais me incomoda nesse jogo foi a forma que sofremos os dois gols e, depois, a forma como reagimos ao segundo gol. Temos que manter o equilíbrio. O que me deixa desgostoso é a nossa incapacidade de reagir emocionalmente e taticamente”, completou Vitor. Para piorar, o clube teve de lidar com a pressão de torcedores organizados e até mesmo uma ameaça de morte ao ídolo Cássio.

A mudança de chave veio na estreia do time no Brasileirão, fora de casa, diante do Botafogo. Desde então, foram 7 vitórias, em 10 jogos – além de 2 empates e 1 derrota. Um aproveitamento consistente de 76,6%. Incluindo vitórias importantes na Libertadores diante do Boca Juniors e Deportivo Cali, ambos na Neo Química Arena.

Corinthians enfrenta o Deportivo Cali pela Libertadores -
Pereira tem 76% de aproveitamento nos últimos dez jogos

Pelo Brasileiro, o Corinthians já realizou cinco partidas e saiu sem sofrer gols em três delas, nos jogos contra Fortaleza, Bragantino e Avaí.

Outro ponto importante na passagem de Pereira é o rodízio do elenco para os jogos. O treinador tem adotado o revezamento dos atletas titulares na sequência de jogos, para evitar, segundo ele, a sobrecarga física nos jogos das três competições que o time disputa.

Isso quer dizer: o Corinthians, no momento, não tem um time titular definido, mas sim um esquema que se adapta aos diferentes estilos de Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. O meia Giuliano, que teve boa sequência interrompida, disse compreender a filosofia, após marcar um gol no triunfo diante da Portuguesa.

“Isso faz com que a gente se fortaleça como grupo, e está refletindo na competição. Todos têm que entender que fazemos parte de um grupo onde o coletivo tem que prevalecer. São muitos jogos. Não tem como ter uma equipe titular, entre aspas, em vários jogos seguidos. Tem que ter essa mescla, e todos têm que estar preparados para quando vier a oportunidade”, disse Giuliano. 

Exemplo disso é o artilheiro do time em 2022, Roger Guedes, autor de 7 gols. O atacante pouco atuou os 90 minutos com o time na Libertadores, mas vem sendo utilizado no Brasileirão e foi titular no jogo contra o Bragantino. Guedes chegou a se queixar da falta de minutos, mas ouviu recados claros do técnico de que o coletivo é a prioridade.

Não é segredo que Vitor Pereira aposta em um esquema tático flexível, que usualmente se adapta ao time que enfrenta. É a ‘estrutura transformer’ como ele mesmo já apelidou sua proposta no passado. O jogo diante da Lusa carioca dá pistas de que o esquema com três zagueiros pode se tornar mais comum.

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