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Del Nero é pressionado na CPI do Futebol – mas explica pouco

Presidente licenciado da CBF teve “lapsos de memória”, negou relatórios do FBI e da Anac e irritou senadores com respostas evasivas

O presidente licenciado da CBF Marco Polo Del Nero compareceu nesta quarta-feira ao Senado para prestar esclarecimentos à CPI do Futebol, em Brasília. Indiciado pelo FBI por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção, o cartola foi pressionado por senadores, especialmente pelo presidente da comissão, o ex-jogador Romário, e voltou a jurar inocência. Del Nero disse não se lembrar de diversos fatos levantados na CPI e chegou a irritar alguns senadores ao longo da sabatina.

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“Eu não sou corrupto. E a CBF não é corrupta, não que eu saiba”, disse Del Nero, acompanhado de seu advogado, José Roberto Batochio. Del Nero voltou a dizer que se afastou da CBF para cuidar de sua defesa. “Eu pedi licença da CBF para poder me defender das acusações. Tenho que colher documentos e repassar para o meu advogado. A presunção de inocência deve ser respeitada”, afirmou Del Nero.

Um dos primeiros questionamentos de Romário foi o motivo de Del Nero ter deixado Zurique, na Suíça, em 27 de maio, logo após a prisão do ex-presidente da entidade, José Maria Marin. “Porque meus advogados aconselharam a não fazê-lo”, explicou. O presidente da CPI, então perguntou se era por medo de ser preso. “Não sei, mas meus advogados me a aconselharam a ir embora”, limitou-se a dizer.

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Del Nero se complicou ao dizer que deixou a Suíça – um dia antes da votação presidencial que elegeu Joseph Blatter para seu quinto mandato – dizendo que não teria utilidade nenhuma na reunião. “Mas então por que o senhor foi até lá?”, questionou o senador Randolfe Rodrigues, que em seguida perguntou se Marin havia conversado com a esposa de Marin na viagem à Suíça. “Não me lembro se falei com ela, não consigo me lembrar”, respondeu Del Nero, causando revolta nos senadores. “Você não se lembra de algo que ocorreu meses atrás em um dia tão importante? Desculpa, mas o senhor está subestimando nossa inteligência”, esbravejou Randolfe Rodrigues.

Romário, então, perguntou o motivo para Del Nero ter indicado o deputado federal Marcus Vinicius como presidente interino da CBF. “Porque ele gosta muito de futebol…”, iniciou Del Nero, causando nova revolta. “Então 200 milhões de pessoas poderiam ser presidente da CBF. Isso não pode ser critério para escolher um sucessor”, desabafou Randolfe Rodrigues.

Del Nero estava bastante calmo, mas elevou o tom de voz ao ser perguntado sobre transcrições do FBI que tratavam de uma reunião entre ele, José Maria Marin e o empresário J. Hawilla, dono da Traffic e um dos delatores do caso. “Eu não estava lá. É mentira, nunca estive reunido com o senhor J. Hawilla e o senhor Marin juntos”, gritou Del Nero.

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Em seguida, ele admitiu ser amigo pessoal de Marin e disse acreditar na inocência do ex-presidente. Ele, no entanto, garantiu que jamais assinou contratos no período em que Marin era o mandatário. “Não vi nada de errado. Eu não posso falar por ele, posso falar por mim. Acho que ele tem o direito de se defender. Eu nunca assinei nada. O vice é sempre vice, o vice não manda.

Em seguida, também se irritou ao negar que tenha viajado a Barbados, um paraíso fiscal, com um jatinho da CBF, conforme publicado em relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “Não tenho contas no exterior e nunca estive em Barbados, não conheço Barbados”, desabafou, causando nova indignação nos senadores. A discussão ficou mais acalorada e Del Nero voltou a sofrer de “lapsos de memória” ao ser perguntado sobre movimentações em sua conta bancária. “Desculpe, mas não consigo me lembrar de tudo.”

(da redação)

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