De vizinho chato a Klopp e Guardiola: as frases curiosas de Abel Ferreira
Treinador também já desabafou publicamente contra a diretoria do Palmeiras, reclamou de sensacionalismo e de comparações com outros treinadores
O soar do apito do árbitro colombiano Wilmar Roldan no empate por 1 a 1 entre Palmeiras e Atlético Mineiro, que classificou a equipe paulista à segunda decisão consecutiva de Libertadores, foi como uma sirene indicando o fim de uma aula na escola para Abel Ferreira. O técnico português explodiu em direção as câmeras e precisou ser contido por integrantes da comissão técnica do Palmeiras. A explicação inusitada da motivação veio logo na entrevista coletiva, minutos depois: foi um desabafo direcionado a um “vizinho chato” do prédio em que reside e que o inferniza com críticas.
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“No final, em que apontei para a câmera, não foi para nenhum jogador ou treinador do Atlético Mineiro. Eu tenho um vizinho no meu prédio que é um chato, foi diretamente para o meu vizinho, para ele estar calado porque quem manda na minha casa, o que sabe o que acontece na minha casa sou eu e não ele”, explicou Abel, que ainda completou:
“Então, calado! Quem trabalha dentro do meu CT sou eu e meus jogadores. Defendo meus jogadores porque são os melhores. Então, para meu vizinho: ‘shiu!'”.
🤍💚 É alma e coração! A vibração enlouquecida de Abel Ferreira com a classificação do @Palmeiras à final da CONMEBOL #Libertadores! pic.twitter.com/s20LFT5EQV
— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) September 29, 2021
A resposta foi interpretada, também, como uma tacada de mestre do treinador. O tal vizinho seria uma belíssima figura de linguagem – críticos, torcedores e todos os que não acreditavam em seu trabalho. Abel, em poucas palavras, fez muitos vestirem a carapuça. O treinador ainda não foi questionado se, de fato, essa era a intenção.
Bem distante dos conhecidos clichês do futebol, PLACAR lembra de mais algumas declarações inusitadas do português que alcançou a sua segunda final de Libertadores consecutiva em menos de um ano no futebol brasileiro. Abel já foi criticado por suas escolhas, por um futebol pouco ofensivo com um elenco caro, mas jamais por obviedades ao dar entrevistas.
Quero reforços!
Depois da derrota por 3 a 1 para o Red Bull Bragantino, em 23 de junho, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, o treinador não poupou ácidas críticas à diretoria do clube pelo fato de não contar com reforços. Ele disse ter ficado sem esperanças devido a morosidade da diretoria.
“Em março, para que fique claro para todos, entreguei um relatório para direção com tudo que era preciso. Eu precisava dos jogadores, o Palmeiras precisava de jogadores para disputar Recopa Sul-Americana, para Supercopa, a final do Paulista. Eu, neste momento, não conto reforços. Há muito fiquei sem esperança de reforços. Os reforços que vamos ter vão chegar quando? Em agosto? Em agosto já passou e vai ser difícil. Esta é nossa equipe, este é nosso elenco, estes são nossos jogadores…”, lamentou.
Nem Guardiola, nem Klopp
Nem mesmo a vitória por 3 a 0 sobre o Libertad, que classificou a equipe à semifinal da última Libertadores, acalmou o treinador. Questionado sobre o fato de se aproximar de mais uma decisão, sobrou até mesmo para o espanhol Pep Guardiola, do Manchester City, e o alemão Jurgen Klopp, do Liverpool, sempre apontados como os melhores do mundo.
“Se nem Guardiola e Klopp prometem títulos, também não posso prometer. Estou muito longe da capacidade que Guardiola e Klopp têm. E mesmo eles, um ano são campeões e, no outro ano, ficam 20, 30 pontos atrás. E são os dois melhores do mundo”
De saída? Eu não disse isso
“Sinto que o português de Portugal é diferente do português do Brasil. Acabei a coletiva de imprensa contra o São Paulo dando parabéns ao clube, ao treinador e aos jogadores. Mas ninguém passou isso. Acho que meu português é diferente. Acho que tenho que começar a falar mais devagar, porque me entendem mal. A declaração era dentro de um contexto”, explicou Abel uma declaração em 30 de maio, quando afirmava estar “à espera de ser demitido”.
O preço
Emocionado após a conquista da última Libertadores, na final diante do Santos, em 30 de janeiro, no Maracanã, Abel chorou e foi sincero ao dizer as consequências de ser um técnico campeão: “Hoje, eu sou melhor técnico. Muito melhor que três meses atrás. Mas sou pior pai, pior marido, pior tio, pior irmão. Vocês não têm ideia do que a gente precisa abrir mão em busca de um sonho”, afirmou o treinador português.
Pressionado? Isso é e sensacionalismo
Depois de perder para o Flamengo, o treinador cutucou os profissionais de imprensa sobre as críticas direcionadas ao seu trabalho. “Eu sei que para nós termos cliques na minha página, no meu blog, no meu programa de televisão, tenho que ser sensacionalista, tenho que ser dramático, mas vem tudo no contexto dessa pergunta: se tinha algo que eu estava chateado com as críticas ou tinha algo contra o futebol brasileiro e eu disse que não”.