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De esquecido a artilheiro: Arthur Cabral tem mais gols que Haaland e Lewa

Autor de 19 gols em 15 jogos pelo Basel na temporada, brasileiro superou passagem apagada pelo Palmeiras, em 2019, para se consolidar no futebol europeu

Aos 23 anos, o atacante Arthur Cabral virou um nome repetido quase à exaustão na Europa. Foram dezenove vezes só nesta temporada por narradores locais, número de gols que fez em apenas 15 partidas disputadas pelo Basel, da Suíça, desde 22 de julho de 2021. Ninguém balançou mais as redes do que ele até aqui. Nem Erling Haaland, Robert Lewandowski, Cristiano Ronaldo, Lionel Messi ou qualquer outro atacante de renome do continente.

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São constantes, também, as vezes em que Cabral tem o nome associado para uma possível transferência. Fiorentina, Bayer Leverkusen, Hertha Berlin e outros tantos engrossaram a lista de pretendentes na última janela. A especulação mais recente envolveu o Milan.

“Nunca estipulei ou trabalhei com uma meta de gols. Me preocupo com o próximo jogo somente. Hoje, a minha meta é conseguir manter esses números até o final da temporada. Se conseguir fazer mais, ótimo, mas não sei quantos. Desejo fazer a melhor temporada da minha carreira, superar a de 2018, no Ceará, quando fiz 24 gols”, disse, em entrevista a PLACAR.

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A melhor temporada da vida de Arthur Cabral até aqui rendeu ao jogador uma transferência para o Palmeiras. Em novembro de 2018, o clube paulista anunciou que havia chegado a um acordo de 5 milhões de reais por 50% dos seus direitos econômicos.

Arthur comemora o único gol pelo Palmeiras, diante do Novorizontino -
Arthur comemora o único gol pelo Palmeiras, diante do Novorizontino –

Ele se apresentou ao Palmeiras em 3 de janeiro de 2019 como o principal destaque do Ceará, mas com credenciais ainda insuficientes para o técnico Luiz Felipe Scolari desbancar nomes como Miguel Borja, Deyverson, Willian e o recém-chegado Ricardo Goulart.

Perdeu de vez espaço de vez no clube com as contratações de Henrique Dourado e Luiz Adriano, em agosto do mesmo ano. Com apenas seis partidas e um gol marcado em oito meses, acabou emprestado ao Basel sem chamar atenção.

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“Hoje sou um jogador muito mais maduro e pronto, que evoluiu muito taticamente e, principalmente, tecnicamente. Pesou muito aqui a questão física, também. Aprendi a me movimentar melhor, ter mais inteligência sem a bola. Acredito que sou hoje dez, vinte vezes melhor do que nas temporadas passadas”, conta.

Em solo suíço, a trajetória foi às avessas. Arthur Cabral precisou de menos do que uma temporada completa para convencer os suíços a exercerem a opção de compra definitiva. O contrato de empréstimo previa o pagamento de 4,5 milhões de euros (25 milhões de reais à época) caso o jogador atingisse a marca de 12 gols. Foram 18 em 39 jogos, média de 0,46.

Na segunda, melhorou ainda mais os números pelo clube marcando 20 gols em 36 jogos, média 0,55. Cabral, agora, se apresenta como novo camisa 10 do clube suíço, além de 19 gols em 15 jogos disputados, média de 1,26 por partida – 11 na liga suíça e oito na Conference League.

“O futebol suíço é de alta intensidade, com muita força física. Essa parte tem me ajudado, meu estilo de jogo funciona na liga. Minha adaptação também foi muito rápida. Por mais que hoje tenha números assombrosos, não é todo jogador que consegue se adaptar. O clima é difícil, cheguei a treinar com 13 graus negativos”, explica.

“Precisei me adaptar até fisicamente aqui. Hoje corro entre 1,5 km a 2 km a mais do que no Brasil. Me cobram muito para dar profundidade a equipe. Há uma enorme diferença da linha defensiva daqui e de lá. A do Brasil fica plantada quase na própria área, enquanto a daqui sobe até o meio de campo, por isso é tão importante”, completa.

A marca do jogador, nascido em Campina Grande, na Paraíba, deixa nomes de peso para trás como o polonês Lewandowski, do Bayern de Munique – autor de 14 gols em 11 jogos, média de 1,27 -, e o norueguês Haaland, do Borussia Dortmund – que fez 16 em 11 partidas, média de 1,45. O levantamento contabiliza jogos por clube e seleção.

“Minha grande referência sempre foi o Ronaldo Fenômeno. Quando comecei a entender o que era futebol ele era o cara, o camisa 9 do Brasil, sempre o admirei muito. Aliás, vejo vídeos até hoje e é curioso porque também vejo o próprio Haaland e o Lukaku, por exemplo. Eles fazem o que gosto”, conta.

O jogador conta que superou, além do frio, o preconceito com atletas brasileiros. “Não sofri nada relacionado a racismo por aqui, mas havia muito preconceito com brasileiro na Europa, de olhar com desconfiança pela fama de sempre fazerem o que querem. E as coisas não são assim, não foram assim comigo”.

Arthur Cabral é especulado por diversos clubes europeus -
Arthur Cabral é especulado por diversos clubes europeus –

Apesar das marcas individuais, a equipe ainda não alcançou resultados mais significativos desde a sua chegada. Terminou a última temporada da Super League, a primeira divisão do Campeonato Suíço, como segundo colocado atrás do Young Boys, campeão das últimas quatro edições.

“Quando cheguei ao clube falei que queria sair daqui como um grande jogador, assim como no Ceará, mas também com um grande título. Por enquanto, foram duas temporadas sem conseguir. Esse ano, creio que podemos ser campeões da Liga e até da Conference League, temos um time mais pronto. Depois disso, penso em seguir minha vida na Europa, jogar em ligas maiores”, explica.

Mesmo com convocações para seleções de base, Arthur ainda não foi chamado para a seleção principal. Na última convocação, o técnico Tite optou por sete atacantes: Antony (Ajax), Gabigol (Flamengo), Gabriel Jesus (Manchester City), Matheus Cunha (Atlético de Madrid), Neymar (Paris Saint-Germain), Raphinha (Leeds) e Vinícius Júnior (Real Madrid).

“Na hora que saiu a lista estava treinando, não criei muita expectativa. Acredito que isso será consequência. Se não é o momento ainda para mim, tudo bem”, ameniza.

Com títulos e gols, Arthur Cabral agora quer ir além. Se continuar quebrando recordes será inevitável o salto para uma grande liga – ele diz não ter nenhuma preferência por Inglaterra, Espanha, Alemanha ou qualquer outra grande liga. A multa rescisória é de 12 milhões de euros (75 milhões de reais).

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