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Cristiano narra façanha do Sheriff no Bernabéu: ‘Ainda não caiu a ficha’

Do caminho ao vestiário até o apito final, lateral brasileiro conta a PLACAR como foi superar o Real Madrid na Champions atuando por um clube moldavo

No roteiro da ainda breve Liga dos Campeões 2021/22, o mítico estádio Santiago Bernabéu foi palco de uma das maiores zebras da história da competição. O Sheriff Tiraspol, clube da Moldávia – ou melhor, da Transnístria, região independentista do país do leste europeu – e caçula da competição, chocou o mundo ao bater o Real Madrid, o maior campeão do torneio, com 13 títulos, por 2 a 1, na última terça-feira, 28 de setembro, na capital espanhola. No elenco dos moldavos, está o lateral-esquerdo brasileiro Cristiano Leite, líder de assistências do torneio (3 passes para gol, incluindo um em Madri). A PLACAR, o atleta de 28 anos, nascido em Niterói (RJ) e com passagem pelo Volta Redonda, contou em detalhes como foi a noite mais inacreditável de sua vida, da chegada ao Bernabéu até o apito final. Confira:

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“A história desse jogo começou quando os grupos da Champions League foram sorteados. Eu lembro que quando o Real Madrid caiu no nosso grupo, todos comemoram. E quando eu falo isso, muita gente não acredita, mas é verdade que queríamos um gigante logo de cara. Era nossa chance de mostrar nosso futebol para o mundo todo. E aí, desde aquele dia, nossa conversa foi baseada em cima disso, que era nossa hora de surpreender, mas para isso a gente não podia mudar, era preciso continuar fazendo o que sabemos.

A fase de grupo da Liga dos Campeões começou, nós vencemos o Shakhtar Donetsk em casa, nossa cabeça estava toda naquele jogo. Mas depois tivemos que mudar o foco para o Real. E lembro muito bem que quando chegamos ao Bernabéu para o treinamento, deu aquele friozinho na barriga, sabe? Quem gosta de futebol e vive disso sabe do que eu estou falando. É uma mistura de arrepio com motivação. E aí comecei a pensar no jogo e em tudo que passei para chegar até ali. Minha cabeça explodia de sentimentos, era uma mistura.

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Treinamos e fomos ao hotel, algo que já estamos acostumados. Mas na hora de dormir foi muito difícil, confesso. A barriga ficava toda gelada. Fiquei tentando antever cada jogada, cada situação que poderia acontecer na partida. Cara, a gente está acostumado a ligar a televisão para ver os jogos da Champions e assistir ao Real jogar, mas no dia seguinte nós que estaríamos enfrentando eles, é muito especial. Para conseguir pegar no sono, eu tive que tentar pensar em outras coisas para relaxar e colocar um filme, se não eu não ia conseguir, não.

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Cristiano marcou Hazard durante o jogo contra o Real Madrid

Enfim, consegui descansar. E o dia do jogo é algo completamente diferente. Eu estava tão concentrado no meu trabalho, que parece que saiu tudo meio que no automático. Mas uma coisa preciso dizer: o Bernabéu tem uma atmosfera fantástica, fiquei encantado com cada detalhe, da saída do ônibus ao vestiário, e depois dentro do campo. Sentia uma sensação boa demais ao reparar em qualquer coisinha. Espero ter a chance de voltar lá e também conhecer outros estádios com esse peso.

Por outro lado, o foco era tão grande em executar tudo que algumas coisas passaram até naturalmente. Mas ao entrar em campo e ouvir o hino da Champions naquele lugar, eu só sentia orgulho, é algo muito mágico, creio que é possível sentir só vivendo mesmo, eu imaginava algo completamente diferente, mas é muito mais emocionante. Só que quando o juiz apitou, acabou tudo. Eu só pensava em cumprir a parte tática e executar os movimentos, para fazermos nosso melhor. E tudo começou muito cedo, né? No início, o meu passe já entrou para o Yaxshiboyev e ele fez o gol. Naquela hora, eu era pura felicidade, afinal estava mostrando para o mundo todo o que conseguimos com muito trabalho no Sheriff. Graças a Deus estou conseguindo isso, ainda mais em jogos daquela magnitude.

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Não foi nada fácil. Confio muito no nosso sistema defensivo, mas quando você olha do outro lado jogadores como Hazard, Benzema e Vinicius Júnior você fica preocupado, os caras jogam demais. Foi difícil demais marcar cada um, eles são ótimos, então o nível de concentração teve que ser lá no alto, não podíamos errar. Pra você ter noção, eu ainda não tinha nem olhado para as arquibancadas e reparado na torcida, isso só aconteceu quando o Thill acertou aquele chute lindo e nós fizemos o 2 a 1. Aí olhei tudo em volta, eles estavam calados e o barulho era nosso, o nosso grito. Vou lembrar disso para sempre. Olhei para o relógio e vi que faltava muito pouco tempo. Naquela hora eu pensei: nós vamos conseguir – e o resto foi história!

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Cristiano em ação pelo Sheriff

Pra ser sincero, ainda não caiu a ficha. As pessoas falam comigo, me parabenizam e eu penso: caramba, realmente conseguimos, vencemos o Real Madrid dentro do Santiago Bernabéu. Acho que só vou assimilar tudo lá pro dia 19, que é quando a gente vai se preparar para enfrentar a Inter de Milão. Mas queremos seguir com a história sendo escrita e estamos batalhando para isso.”

(Depoimento dado a Guilherme Azevedo)

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