Condenado por seis crimes, Marin pede novo julgamento nos EUA
Preso em Nova York, ex-presidente da CBF segue jurando inocência à Justiça americana e diz que promotores não apresentaram fatos concretos
José Maria Marin pediu a anulação do seu julgamento nos Estados Unidos e que um novo processo seja instaurado. Em dezembro, o ex-presidente da CBF foi condenado por seis crimes por uma corte de Nova York e, desde então, aguarda sua sentença em uma prisão americana. Agora, ele insiste à Justiça americana que deve ser inocentado ou que, pelo menos, um novo processo seja realizado.
O argumento do brasileiro é de que os promotores que apresentaram a acusação não mostraram provas concretas de que ele teria de fato recebido dinheiro em troca de contratos com empresas de televisão e marketing.
Marin era acusado de sete crimes: conspiração para recebimento de dinheiro ilícito, conspiração para fraude relativa à Copa Libertadores, conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Libertadores, conspiração para fraude relativa à Copa do Brasil, conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa do Brasil, conspiração para fraude relativa à Copa América e conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa América.
A Justiça dos EUA aio acusa formalmente de ter recebido 6,5 milhões de dólares (aproximadamente 20,8 milhões de reais, na cotação atual) em propinas, desde que assumiu o cargo em 2012. Na decisão de dezembro, o jurado considerou Marin culpado em seis das sete acusações – foi absolvido apenas da acusação de lavagem de dinheiro da Copa do Brasil.
Para convencer o júri, os promotores levaram à corte diferentes testemunhas. Todas indicaram como teriam recebido do brasileiro pedidos específicos por propinas. Os mesmos empresários ainda apontaram como o então vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também fazia parte do esquema, chegando a solicitar até mesmo um aumento no valor cobrado da propina. Foram essas informações que levaram a Fifa a o afastar do futebol de forma temporária, enquanto o caso é investigado.
Mas, para os advogados de Marin, não existe prova de que um pagamento tenha sido retribuído com os contratos. Portanto, a relação criminosa não seria estabelecida.
Outro argumento usado por Marin se refere ao uso de provas. De acordo com seus advogados, documentos do empresário Kleber Leite apontando como um dos supostos responsáveis pelas propinas, teriam sido usados de forma ilegal. Nos dias seguintes à prisões de dirigentes da Fifa, em maio de 2015, a Polícia Federal realizou uma operação nos escritório de Leite, no Rio. Poucos meses depois, uma juíza decidiu que o Brasil não poderia cooperar com a Justiça americana, em sentença que passou a ser questionada pela Procuradoria-Geral da República.
Marin, de 85 anos, aguarda o dia 4 de abril para saber sua sentença definitiva. Enquanto isso, está em uma prisão do Brooklyn. Ele não foi o único a pedir a anulação de seu julgamento. Os advogados de Juan Napout, ex-presidente da Conmebol, também apresentaram o mesmo pedido, depois que seu cliente foi também condenado no mesmo processo que envolvia o brasileiro.
No caso de Napout, seu argumento principal é de que a principal testemunha do caso – o empresário argentino Alejandro Burzaco – mentiu. Durante as audiências, entre novembro e dezembro, o executivo indicou que esteve em outubro de 2014 no Paraguai, justamente para negociar a suposta propina com Napout e Del Nero.
Para tentar provar isso, os advogados apresentaram documentos do voo e da imigração citados pelo executivo. Mas, na ficha das autoridades aeroportuárias, Burzaco não apareceria como um dos viajantes em um avião que, de fato, levava vários cartolas argentinos para Assunção. Ele aparece apenas em uma declaração da imigração paraguaia, apontando sua entrada no país uma só vez em 2014. Mas apenas no mês de dezembro.
A juíza do caso, Pamela Chen, já havia alertado em dezembro que não iria considerar as teses de um novo julgamento com base nos argumentos de Napout. Mas se ficar provado que Burzaco mentiu, seu testemunho seria anulado e o processo poderia ganhar novos contornos. O executivo, porém, perderia todos os benefícios que negociou em uma delação premiada com a Justiça norte-americana.