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Chelsea e Manchester City já preparam saída e Superliga pode ser cancelada

Fúria de torcedores e incômodo de atletas, treinadores e até políticos locais levaram clubes ingleses a abandonar projeto; reunião deve ocorrer nesta noite

A Superliga Europeia, torneio criado por 12 das equipes mais ricas do continente, com o objetivo de substituir a Liga dos Campeões da Uefa, parece cada vez mais perto de naufragar. A novidade bombástica, anunciada no último domingo, 18, causou enorme rejeição, sobretudo na Inglaterra. Diante de uma série de protestos, incluindo dos próprios torcedores dos clubes envolvidos e de líderes políticos como o primeiro-ministro Boris Johnson e o Príncipe William, ao menos dois clubes britânicos já decidiram deixar o projeto: o Chelsea e o Manchester City.

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A decisão dos clubes azuis de Londres e Manchester de abandonar a Superliga foi noticiada nesta terça-feira, 20, por veículos britânicos como o Telegraph e o The Athletic, pouco depois de o estádio do Chelsea, Stamford Bridge, ser alvo de um grande protesto. O ex-goleiro Petr Chech, ídolo do clube e atual dirigente, teve de acalmar os fãs, durante o tumulto em plena pandemia do novo coronavírus.

A saída da Superliga foi confirmada oficialmente pelo Manchester City em um breve comunicado horas depois. Mais cedo, o técnico do time, Pep Guardiola, deixou claro o desconforto com a situação e chegou a dizer que um campeonato fechado “não é esporte”. Diversos jornais europeus já noticiam que outros clubes, como Barcelona e Atlético de Madri, também manifestaram o desejo de se retirar do posto de membros fixos. Uma reunião é esperada para esta noite e pode selar o fim, em menos de dois dias, da Superliga.

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Os fundadores da Superliga, que é chefiada por Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, são: o próprio clube espanhol, maior campeão europeu, os vizinhos Atlético de Madrid e Barcelona, os ingleses Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham e os italianos Inter de Milão, Juventus e Milan. Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Paris Saint-Germain seriam os outros fundadores, mas anunciaram estar contra o acordo – segundo Pérez, não foram convidados.

Os planos começaram a ruir, sobretudo, devido à reação dos ingleses. Os estádios de Manchester United e Liverpool, clubes historicamente ligados às classes trabalhadoras, foram os primeiros alvos de protestos. A notícia também incomodou e surpreendeu os atletas. Nesta terça-feira, o meia Jordan Henderson, capitão do Liverpool, convocou os capitães das outras equipes da Premier League para tratar do assunto em uma reunião de emergência.

Já no fim da tarde, Henderson, jogador da seleção inglesa e uma figura bastante respeitada no meio, postou em suas redes sociais o que parece ser uma resposta conjunta dos atletas diante da polêmica. “Não gostamos disso e não queremos que aconteça. Essa é nossa posição coletiva. Nosso comprometimento com este clube e com esta torcida é absoluto e incondicional”, escreveu o jogador.

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A reunião dos atletas ganhou grande relevância, pois inclui representantes dos seis clubes que fazem parte da Superliga e também aqueles possivelmente prejudicados com a realização do torneio, que pode “implodir” a Liga dos Campeões.

Ainda segundo a reportagem, no último domingo, 18, atletas estrelas do Manchester United e seu treinador, Ole Gunnar Solskjaer, ficaram extremamente incomodados ao ter de responder sobre a confusão da qual nem sequer tinham conhecimento, após a partida contra o Bunrley (o anúncio da Superliga ocorreu durante a partida). Liderados pelo capitão Maguire, o grupo chegou a convocar uma reunião de emergência com o vice-presidente executivo, Ed Woodward, para tratar do tema. Horas depois, o clube anunciou que o dirigente, desgastado diante da polêmica, deixará o cargo ao final da temporada.

Críticas de Klopp e Guardiola 

Somou-se à confusão as declarações de Jürgen Klopp, técnico do Liverpool, que manteve a mesma postura de anos atrás e se disse contrário a posição dos chefes, em entrevista na última segunda-feira, 19. “Minha opinião não mudou. Soube disso ontem, eu estava tentando preparar o time para um jogo difícil. Recebemos algumas informações, não muitas, a maioria dos jornais. Os torcedores não estão felizes com isso, eu posso entender. Não posso dizer muito mais porque não estivemos envolvidos no processo, eu e os jogadores não sabíamos. Teremos que esperar para ver o que vai acontecer”, iniciou.

“Tenho 53 anos. Desde que estou no futebol profissional a Liga dos Campeões também está. Meu objetivo sempre foi treinar uma equipe na Champions, Não tenho problemas com ela, gosto do aspecto competitivo do futebol. Gosto que o West Ham possa jogar a Liga dos Campeões. Não quero que isso aconteça esse ano, pois competimos pela vaga com eles, mas gosto de saber que eles têm chance. O que posso dizer? Não é fácil”, completou Klopp.

O técnico Pep Guardiola, do Manchester City, também se posicionou contrário ao formato com 15 equipes fixas. “Para mim, não se trata de esporte quando não existe a relação entre esforço e sucesso. Não é esporte, quando o sucesso está garantido, quando está tudo bem se você perde”, afirmou o treinador catalão, que ainda deixou claro o seu desconforto. “Não somos as pessoas certas para responder. Os presidentes podem falar de forma mais clara sobre como vai ser. É desconfortável para nós, pois não temos todas as informações.”

Faixas são colocadas do lado de fora de Anfield, estádio do Liverpool, por torcedores em protesto contra sua decisão de ser incluído entre os clubes que tentam formar uma nova Superliga -
Faixas são colocadas do lado de fora de Anfield, estádio do Liverpool, por torcedores em protesto contra sua decisão de ser incluído entre os clubes que tentam formar uma nova Superliga Peter Byrne/Getty Images

 

 

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