Catar-2022: Fifa volta atrás e decide publicar relatório
A entidade informou que publicará o levantamento feito pelo americano Michael Garcia sobre os escândalos envolvendo compra de votos
Dois dias depois da demissão do investigador Michael Garcia, a Fifa anunciou nesta sexta-feira que publicará o relatório sobre os casos de corrupção na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 feito pelo americano. A entidade informou que o documento de 350 páginas será divulgado, mas ainda não estabeleceu um prazo para a publicação. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que ele próprio havia solicitado a publicação do relatório ao Comitê de Ética independente da Fifa. “Fico feliz por eles terem concordado em divulgá-lo”, afirmou o dirigente. Há dois meses, a Fifa havia negado os pedidos de Garcia, que exigia que o seu trabalho fosse publicado na íntegra.
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Em setembro, Garcia entregou um relatório detalhado, que continha provas contra dirigentes do Catar. Seu trabalho foi analisado pelo juiz alemão Hans Joaquim Eckert, contratado pela Fifa para julgar o caso supostamente de forma independente. Eckert elaborou um relatório reduzido, que evitou apontar culpados por atos de corrupção. No documento, o juiz admitiu casos pontuais de irregularidades, incluindo o pagamento de propina, mas considerou que estes episódios não deveriam colocar em xeque os processos de escolha das duas Copas.
Garcia respondeu dizendo que o relatório reduzido por Eckert era “incompleto e errôneo” e entrou com recurso contra a decisão do juiz – prontamente negado pela Fifa. Insatisfeito, o advogado americano pediu demissão do cargo na quarta-feira, causando mal-estar na entidade e ampliando as suspeitas sobre as investigações promovidas pela Fifa. “Nenhum comitê independente, investigador ou painel de árbitros pode mudar a cultura de uma organização. Por dois anos, desde 2012, senti que o Comitê de Ética da Fifa estava fazendo progressos. Mas, nos últimos meses, isso mudou” atacou Garcia.
(Com Estadão Conteúdo)