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Brasileiro, jogador mais velho da Europa quer seguir quebrando recordes

Zagueiro Hilton, de 43 anos, é titular do Montpellier e segue sem planos de aposentadoria; jogador está na 17ª temporada seguida no futebol francês

Laurent Nicollin, atual presidente do Montpellier HSC, lembra aos risos de um episódio protagonizado pelo pai, o empresário francês Louis Nicollin, antigo proprietário do clube, falecido junho em 2017. Loulou, como era conhecido, certa vez chegou bufante para uma reunião de planejamento de pré-temporada. Nem bem sentou à mesa, logo questionou os diretores Bruno Carotti e Michel Mézy: “Vocês são idiotas? Ainda não encontraram alguém para substituir o Hilton?”. A resposta veio de pronto, mas acompanhada de um largo sorriso da dupla: “o problema é que quanto mais ele fica, melhor fica, também”.

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O episódio de anos atrás resume a longevidade do zagueiro brasiliense Vitorino Hilton, desde 2011 no clube e jogador mais velho em atividade nos principais centros europeus. Aos 43 anos, ele iniciou a 17ª temporada consecutiva na Ligue 1. “Ficamos muito satisfeitos que o Hilton continue conosco antes de vendê-lo para a Nasa para que possam examinar o corpo”, brincou o presidente Laurent Nicollin, logo após anunciar a mais recente renovação de contrato com o jogador, em maio.

“As conversas para renovarmos os contratos são sempre do mesmo jeito. Duram três ou quatro minutos. Assinamos e seguimos por mais uma temporada, porque os dois lados sempre querem”, explica o jogador à PLACAR. Formado pela Chapecoense no fim da década de 90, Hilton é quase um desconhecido no Brasil. Também atuou profissionalmente pelo Paraná, mas jogou pouco no país, logo foi negociado com o Servette, da Suíça, em 2002, único time que atuou fora da França na Europa. Antes do Montpellier, passou também por Bastia, em 2004, Lens, de 2004 a 2008, e pelo Olympique de Marselha, entre 2008 e 2011.

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Hilton contra o veloz Mbappé, que tem idade para ser seu filho
Hilton persegue Mbappé: craque do PSG é 22 anos mais jovem Jean Catuffe/Getty Images

“A pergunta que todos me fazem: quando vai parar? Eu nem sei mais o que responder, sinceramente. Já faz uns três anos que era para ter encerrado a minha carreira, mas, no fim, sempre penso em mais uma temporada. Falo para a minha esposa que devo ser louco. Aguento uma semana sem fazer nada nas férias e logo recomeço tudo”, conta.

Na liga, o jogador é considerado uma máquina de acumular números. Na última temporada, jogou 32 das 33 partidas de sua equipe, todas como titular, sendo substituído em apenas uma delas, já nos minutos finais da vitória por 4 a 2 contra o Amiens, em novembro do último ano. O campeonato foi encerrado dez rodadas antes por decisão da Liga de Futebol Profissional da França (LFP), declarando o Paris Saint-Germain campeão.

Sem refrigerante nem vinho

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Nesta semana, foi eleito pela revista France Football como parte da equipe ideal da sétima rodada. O Montpellier empatou por 1 a 1 com o Monaco, em casa. O segredo, segundo conta, foi uma mudança radical nos hábitos alimentares há pouco mais de dez anos.

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“Quando cheguei aos 30, pensei que precisaria ainda de mais esforços para continuar. Tomava Coca-Cola, por exemplo, que nem água. Aqui falam muito do vinho, também, mas não acho que o álcool seja algo que combine para um atleta, ainda mais com minha idade. O corpo humano é como uma máquina e precisamos mantê-lo funcionando bem”, afirma.

Em idade, os nomes que mais se aproximam são o do goleiro japonês Eiji Kawashima, do Strasbourg, e do brasileiro Dante, do Nice, ambos de 37 anos. Na Alemanha, o mais velho a atuar nesta temporada é o também japonês Makoto Hasebe, do Eintracht Frankfurt, de 36 anos. Na Inglaterra, o goleiro argentino Willy Caballero, de 38 anos. Na Itália, o goleiro Gianluigi Buffon, da Juventus, de 42, e na Espanha o atacante colombiano Carlos Bacca, do Villarreal, de 34.

“Muitos jovens do clube me observam e sabem que chego bem cedo no treino, gosto de fazer fortalecimento muscular. Hoje, vejo vários deles na academia comigo, virei um exemplo no clube”, relata.

Hilton enfrenta hoje jogadores como Kylian Mbappé, Neymar, Mauro Icardi, mas conta que os principais duelos foram travados com o sueco Zlatan Ibrahimovic, hoje no Milan, mas com passagem marcante pelo PSG. “Além de ser grande, era malandro dentro de campo e muito habilidoso.”

Hilton contra Ibrahimovic: "Malandro e habilidoso"
Hilton contra Ibrahimovic: “Malandro e habilidoso” John Berry/Getty Images

A maior inspiração pessoal para chegar longe foi o meia Zé Roberto, que anunciou no fim de 2017 a aposentadoria dos gramados, aos 43, quando atuava pelo Palmeiras. Além de já ter igualado o recorde, também é o estrangeiro com maior número de jogos pela liga superando Benjamin Nivet, meio-campista que se aposentou na última temporada, após jogar sete anos no Troyes, atualmente na Ligue 2, a segunda divisão do país.

Hilton sustenta uma condição de ídolo no Montpellier. Logo em sua chegada, ajudou o clube na campanha do inédito título francês em 2011. A conquista foi considerada uma zebra já que o Montpellier havia voltado para a primeira divisão dois anos antes. O principal nome era o do centroavante Olivier Giroud, hoje no Chelsea.

Dentro de campo,tem como principal inspiração o ex-zagueiro paraguaio Carlos Gamarra, com passagem por Internacional, Corinthians e Palmeiras no Brasil. Ele evita planos, mas espera que a carreira de jogador não acabe ao fim desta temporada.

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